coluna da sônia

Diário de Bordo – Estados Unidos  – 2º e 3º dias

Carmel by the sea virou local de veraneio de famosos desde que teve como prefeito o ator Clint Eastwood na década de 80.

Por um probleminha técnico, a primeira coluna sobre minha primeira (e provavelmente última) viagem aos Estados Unidos saiu com um dia de atraso. Então, decidi juntar em uma só o segundo e o terceiro dias, para que os interessados, se é que há algum por aí, possam acompanhá-la melhor.

Terça-feira, carregamos a caminhonete do meu filho Bruno com nossas tralhas, incluindo um cooler cheio de latas de água de coco e de chás, e partimos em direção ao calor, pois em São Francisco, apesar de ser verão, venta tanto que passo o dia todo colocando e tirando o casaco.

As estradas, por aqui, são super bem mantidas, e chama nossa atenção como os americanos dirigem bem. Aliás, parece que, para a maioria deles, burlar a lei e mesmo as pequenas infrações que são tomadas como algo natural, no Brasil, estão totalmente fora de cogitação. Até agora não vi um policial na rua.

A confiança no cidadão é tanta que circulas por lojas imensas, em que só há atendimento nos caixas, e ninguém está te observando, como ocorre no Brasil, sobretudo se o cliente tem perfil julgado suspeito pelos seguranças. Aliás, também não vi, até agora, nenhuma loja com seguranças.

Passamos, na estrada, pelo Vale do Silício, que se estende por vários municípios e abriga as sedes de empresas de alta tecnologia, como a Google e a Facebook, e por vários shoppings regionais a céu aberto, com lojas imensas, em geral de empresas multinacionais. Em alguns deles, paramos para comer ou beber algo ou para ir ao banheiro (cujo uso é livre e gratuito por força de lei) ou para fazer alguma comprinha.

Como anticonsumista que sou, até agora só comprei um sapato confortável e, no mesmo dia, deixei outro para trás, como costumo fazer em todas as minhas viagens, para não carregar muito peso. Mas os Estados Unidos são, realmente, o paraíso para quem gosta de comprar. A variedade e a qualidade dos produtos de supermercado é algo impressionante, embora não sejam baratos. O que sim vale a pena comprar por aqui são equipamentos eletrônicos e roupas.  

Nesse dia, o nosso principal destino era Carmel by the sea, que virou local de veraneio de “chiques e famosos” desde que teve como prefeito o ator Clint Eastwood na década de 80. A praia não pode ser mais linda, e as lojas são de um bom gosto incrível. Encontramos, por lá, entre outras, uma que só vende cachimbos. Definitivamente, há muita gente endinheirada neste país.

Dali, seguimos para Big Sur, uma praia deserta, que fica ao pé de um despenhadeiro. Mas, até então, nada do tal calor que buscávamos e que só encontraríamos no dia seguinte.

Acabamos a noite em um hotel de Fresno, onde ao sair, um pequeno adesivo afixado a uma parede chamou minha atenção. Havia, ali, um alerta sobre o alto risco de contaminação química registrado na cidade. Se o adesivo estivesse na fachada do hotel, juro que teria batido pé para irmos dormir em outra parte.

Fui, então, ao Google, para saber o que ocorria naquele local. E soube. Fresno está localizada no centro do Vale de San Joaquin, cercada por fazendas de produção agrícola em grande escala, e o lençol freático está contaminado por pesticidas e outros químicos, pois a regulação e o controle de seu uso são muito frouxos devido ao lobby de políticos da região. Pois é, com tanta coisa legal que o Brasil podia copiar dos Estados Unidos, foi copiar justamente a Bancada Ruralista.

No dia seguinte, seguimos para o Yosemite Nacional Park, o que pretendíamos fazer no sábado, mas mudamos de ideia quando um amigo americano nos comentou que isso não seria legal, pela quantidade de visitantes que há por lá nos fins de semana.

Localizado na Serra Nevada, com área de 3 081 quilômetros quadrados, o Parque recebe a visita de cerca de três milhões de visitantes por ano. O deslumbrante Vale de Yosemite, desfiladeiros de granito, cascatas, arroios, bosques de sequoias gigantes e a incrível biodiversidade da região fizeram que a Unesco o declarasse Patrimônio Mundial da Humanidade em 1984.

No caminho, vimos o que restou de 3.750 hectares de bosques consumidos por um incêndio, em 2017 e, quanto mais nos aproximávamos da entrada do Parque, mais carros havia na estrada. E, lá dentro, por incrível que pareça, pegamos um baita congestionamento e tivemos muita dificuldade para encontrar um lugar para estacionar.

Depois de momentos lindos junto à natureza e de termos passado horas sem acesso à Internet, uma notícia ruim.  Minhas filhas ligaram para os tios, em Quito, para saberem como estava seu pai, pois uma cirurgia teoricamente simples, que faria mais adiante, teve de ser antecipada. E, ao saberem que haviam ocorrido algumas complicações, decidiram antecipar sua volta ao Equador para a mesma noite.

Assim, em um clima de muita tristeza, nos despedimos das “Pitucas” e ficamos, minha amiga Tuca e eu, com Bruno, meu filho, em um hotel simpático, localizado a uma quadra do mar, aqui em Alameda Beach, na Baía de San Francisco, onde estaremos até segunda, quando nós duas partiremos para Chicago.

 

: Carmel by the sea, local de veraneio de “chiques e famosos”

 

Big Sur, praia deserta ao pé de um despenhadeiro

 

Yosemite Nacional Park, local de grandes desfiladeiros

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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