entrevista

Dimas: não me alio ao diabo, nem peço bênção a quem está no poder

Dimas Costa, vereador de Gravataí

Se o artigo Bordignons, oposição a Dimas trouxe entrevista-bomba da vereadora Rosane Bordignon (PDT), a resposta de Dimas Costa (PSD) é um acelerador de partículas. 

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Seguinte: – Como recebeste as críticas?

Dimas – Surpreso. A vereadora é responsável pelo que diz e deve ter lá seus motivos, o que não me cabe analisar. Eu sei a responsabilidade do cargo que os eleitores me delegaram pela segunda vez. Não vou entrar em chacrinhas e baixarias pela internet. Fui eleito em 2012 com 1.726 votos, na reeleição em 2016 fui o segundo mais votado, o que mais cresceu, com 2.880 votos. Minha companheira, Anna Beatriz, foi reeleita conselheira tutelar com a maior votação do Rio Grande do Sul e, concorrendo a deputado estadual em 2018, fiz 20 mil votos, 18 mil deles em Gravataí, quando figurões da política apostavam que não faria 5 mil. Vejo como reconhecimento a meu trabalho e à dedicação ao serviço público. Não durmo até o meio dia ou limito minha atuação a aparecer nas sessões de terça e quinta e receber um bom salário. Sou daqueles políticos que acordam cedo, andam por todos os bairros e vilas da cidade e respondem instantaneamente aos eleitores nas redes sociais. De domingo a domingo.

 

Seguinte: – A vereadora fala que andas em “más companhias” e cita políticos relacionados à investigação de corrupção no contrato bilionário do Grupo de Apoio à Medicina Preventiva e à Saúde Pública (Gamp) com a Prefeitura de Canoas. Fala até de irmã sua empregada na empresa terceirizada que administrava a saúde no município vizinho.

Dimas – Não tenho nenhuma relação com o Gamp e nunca indiquei ninguém para cargo, nem no Gamp, nem nos governos estadual ou federal, nem em gabinete de deputado ou na prefeitura. Os envolvidos que respondam à justiça. Não há nenhum apoiador meu investigado. O que garanto é que nenhum condenado andou do meu lado durante a campanha, ou frequentou minha casa. Se alguém souber de alguém envolvido em corrupção, e que seja das minhas relações, me avise, me prove, porque me afasto na hora.

 

Seguinte: – A vereadora cita Márcio Souza, marido de Joice Dornelles, denunciada pelo Ministério Público; Alexandre Bittencourt, o Xaxá, secretário que pediu demissão após a revelação de que a esposa ocupava direção no Gamp e também o advogado Cláudio Ávila, hoje inimigo dos Bordignons, mas vice de Daniel em 2016, como integrantes de teu núcleo político.

Dimas – É fake news. O Xaxá é membro da executiva do PTB e apoiou Dirceu do Busato. O Márcio é presidente estadual do PV e apoiou os candidatos do partido dele. O Cláudio é um amigo, advogado de Gravataí ao qual agradeço o apoio como faço a todos que votaram em mim.

 

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Seguinte: – Rosane disse que tua campanha tinha muito dinheiro e que até sobrou para outdoors.

Dimas – Tenho uma vida simples, correta. Procuro dar o exemplo em meus mandatos, não usando diárias, não votando em aumentos de salários de políticos ou criação de cargos. Nunca fui investigado por corrupção ou condenado. Para campanha, tirei R$ 35 mil em empréstimo pessoal. Meu contracheque tem descontado R$ 2,3 mil todo mês. Vou até postar no Facebook, para aqueles que cuidam da vida dos outros printarem. Minha prestação de contas da eleição foi aprovada, não sou investigado pela Justiça Eleitoral, Polícia Federal ou qualquer outro órgão. Pago eu mesmo as minhas contas pessoais, todas as doações que recebi estão lá registradas no site do TSE para quem quiser ver. Não mordo empresários. Outdoors botei do meu bolso. Foi um agradecimento a quem confiou em mim.

 

Seguinte: – A vereadora avaliou que os 18 mil votos que fizeste em Gravataí não são teus, são “voláteis”. E que, se ela tivesse concorrido, não farias tal votação.

Dimas – Sou um democrata. Se há uma coisa que respeito é a urna. Ainda não inventaram um medidor de votos, mas cada eleitor que digitou o ‘confirma’ viu na urna a minha foto e o meu nome, Dimas Costa. Nunca enganei ninguém. O voto que tenho é o meu, e só. Não sou dono de votos. A cada eleição o eleitor avalia o trabalho do político. Voto a cabresto é coisa do tempo dos coronéis. Não fugi da eleição e agradeço pela confiança das pessoas que me fizeram o candidato mais votado na cidade.

 

Seguinte: – Rosane também te ligou a Jair Bolsonaro.

Dimas – Recebi votos de eleitores de diferentes ideologias, que apostaram num candidato da cidade. Se for candidato a prefeito em 2020, e for eleito, vou bater na porta do presidente Jair Bolsonaro e do governador Eduardo Leite. É preciso pensar mais em Gravataí do que em brigas partidárias. Para mim, se é certo é certo, se é errado é errado. Não tenho uma moral em um dia e outra no outro. No mais, as pessoas não vivem um GreNal diário em suas vidas, ou melhor, não querem viver, porque não faz bem. Então, se a política se reduz a um GreNal, algo está muito errado.

 

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Seguinte: – Uma entrevista-bomba como a de Rosane parece comprometer qualquer movimento de unidade da oposição para as eleições de 2020.

Dimas – Converso com todos e, mesmo com diferenças, tenho uma relação ética com políticos de diferentes partidos. Debato bastante na Câmara de Vereadores, que me parece o fórum mais adequado. Sou um cara feliz, que aprendeu a respeitar até quem não se dá o respeito. Sobre 2020, estou me preparando, me formei em gestão pública e em março inicio uma pós-gradução em gestão de pessoas. Mas não sei se serei candidato a prefeito. Entendo que ninguém pode ser candidato de si mesmo, pensar na política como carreira, poder pelo poder, obsessão ou vingança. Serei candidato se as pessoas identificarem em mim alguém preparado para mudar o que está aí. Não serei engolido pela velha política do toma-lá-dá-cá, do loteamento do governo entre partidos, do oferecimento de secretarias, de cargos, da divisão de orçamentos entre facções políticas.

 

Seguinte: – A projeção de cenário que fiz no artigo Bordignon e Dimas como Lula e Ciro em 2020, pelo menos nas redes sociais, não pegou bem com teus eleitores. Ainda há chance? Fizeste uma postagem em teu perfil no Facebook falando em fake news e outros ataques que seriam feitos contra ti pelo sucesso na eleição de 2018 e por despontar como possível candidato a prefeito.

Dimas – É só andar pelas ruas, ou acompanhar as redes sociais. É fácil saber o que o povo quer. Aliança eu quero com o povo de Gravataí. A certeza que dou é que, se for candidato, serei candidato pela oposição. Faço uma oposição responsável, que vota a favor do que é bom, ou parecia bom, como as autorizações para financiamentos que nunca vieram. E voto contra o que acho ruim, como a CPI do Ipag, por exemplo. É um tema que preocupa hoje e o futuro da cidade, que foi tratado como uma CPI chapa branca, que não ouviu os verdadeiros responsáveis pela dívida milionária com o instituto de previdência e deixou como vilões as vítimas, que são os funcionários públicos. Não faço conchavo ou pacto de preservação com o governo. Quando as pessoas começaram a citar meu nome como candidato a prefeito, eu sabia que viraria alvo. A velha política é capaz de qualquer coisa, até se unir para combater uma nova idéia.

 

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Seguinte: – Rosane disse que no passado eras uma aposta dos Bordignons, mas que és um menino apressado, que não respeita a fila da política.

Dimas – Tenho 37 anos. Temos um governador eleito com 33. Que bom uma política com mais jovens, mais mulheres, mais negros, não? Sou um defensor das liberdades. A Rosane disputou uma campanha à prefeitura e sabe como é ruim enfrentar fake news. Tenho preconceito com outras coisas, como corrupção ou enganadores do povo.

 

Seguinte: – Dimas fica no PSD?

Dimas – O PSD é meu partido.

 

Seguinte: – Para encerrar, Rosane disse esperar que você não “venda a alma para o diabo” porque “o diabo vem buscar”. O que ela quis insinuar?

Dimas – Não entendi. O que sei é que não me alio ao diabo, nem peço bênção a quem está no poder.

 

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