opinião

Dimas pode deixar Câmara; o que está por trás

Dimas com o filho Lorenzo, no Big da 74

Dimas Costa decide até o fim do mês se pede licença por tempo indeterminado da Câmara de Vereadores. Reeleito como segundo mais votado, com 2.880 votos, aquele que no Rio Grande do Sul fez 20 mil votos para Assembleia Legislativa e foi o candidato a deputado mais votado de Gravataí com 18 mil votos, recebeu uma proposta de abrir uma franquia de uma multinacional.

– Não quero depender só da política para viver – confirmou ao Seguinte:, na noite desta terça, quando após a sessão da Câmara fazia compras no Big da 74 com o filho Lorenzo.

Caso peça licença, Dimas abrirá mão dos R$ 9,5 mil de salário que recebem os vereadores todos os meses. Assumirá em seu lugar o advogado Régis Fonseca, hoje procurador-geral do município de Glorinha.

Aos fãs de Dimas, que devem estar se perguntando se aquele que é um dos vereadores mais populares da cidade vai sair da política, ele esclarece:

– Continuarei fazendo política, atendendo a todos, respondendo mensagens sempre o mais rápido que posso, visitando as pessoas. E também vou me dedicar a estruturar o partido para as eleições de 2020 e integrar a executiva estadual.

Dimas segue candidatíssimo a prefeito. O gravataiense de 37 anos é a grande aposta do PSD para conquistar a Prefeitura da quarta economia do Rio Grande do Sul.

– Sou pré-candidato com apoio da direção estadual e nacional – garante, relatando reunião que teve nesta segunda-feira com o deputado federal Danrlei de Deus onde o projeto “2020élogoali” foi lançado internamente no partido que, com a saída do senador Lasier Martins e, possivelmente, do ex-vice-governador José Cairoli, ficará sob o controle do ídolo gremista.

Comento.

Ao que me parece, a licença de Dimas não será uma despedida da política, e nem um até logo. O vereador vai se mexer nos bastidores enquanto prepara seu futuro, familiar, financeiro e partidário para enfrentar a eleição de 2020.

Explico.

Dimas trocará uma reeleição tranquila à Câmara, e o salário de vereador, pela incerteza de uma vitória. Sua companheira, Anna Beatriz da Silva, encerra neste ano seu segundo e último mandato como conselheira tutelar. O casal tem um filho de 2 anos, o bissexto Lorenzo, de 29 de fevereiro. Se ficarem sem mandato em 2021, Dimas e Anna não querem depender de favores políticos ou indicações para cargos em governos ou parlamentos.

E Dimas será um Dom Quixote na eleição. Os moinhos de vento que se erguem à sua frente são nada mais, nada menos que o prefeito Marco Alba e o ex-prefeito Daniel Bordignon, dos nacionalmente estruturados MDB e PDT, cujos grupos políticos alternam-se na Prefeitura de Gravataí há mais de 20 anos no tradicional GreNal da Aldeia. Se daqui a dois anos os dois políticos não estarão em campo, não há dúvida que serão o Felipão de seus times.

Dimas diz que vai se dedicar a montar o PSD, o que é uma imposição para quem se coloca como candidato à Prefeitura. A partir da próxima eleição, não há coligações na disputa pela Câmara. Assumir o comando do partido em Gravataí, participar da direção estadual ao lado de Danrlei e ter o aval da direção nacional também garantem recursos do fundo partidário para a eleição onde seguirão proibidas doações de empresas.

Outra leitura é que, abrindo espaço para Régis, Dimas também está fazendo política de boa vizinhança pensando em alianças mais do que necessárias para a eleição. Em cidade sem TV, é preciso gente fazendo campanha nas ruas. Boa parte dessas pessoas são candidatos a vereadores pelo partido e por siglas aliadas, seus familiares e apoiadores. Régis tem como reduto o Centro, e nas próximas eleições poderia estar junto a Dimas, que tem mais inserção nos bairros e na periferia.

A aproximação com o advogado, que é muito próximo a Levi Melo (outro cotado para concorrer à Prefeitura em 2020) e é sondado pelo partido Novo, empurra Dimas, um ex-petista na Gravataí onde Jair Bolsonaro fez sete em cada dez votos, ainda mais para o centro e em fuga da Guerra Ideológica Nacional – os avatares de muitos eleitores do vereador no Facebook são inclusive identificados com o ‘mito’.

Certo é que Dimas, que é um dos fenômenos das redes sociais da aldeia, e nunca foi ‘político Copa do Mundo’, assim que este artigo for postado e viralizar no Grande Tribunal das Redes Sociais, precisará de habilidade para explicar a licença aos eleitores, que podem se sentir órfãos daquele que atende o próprio celular, não deixa WhatsApp sem resposta e é o mais marcado pelos internautas em denúncias e cobranças de serviços postadas nos grupos das redes sociais de Gravataí.

Ao fim, Dimas também vai poder medir suas relações políticas. Vigaristas e oportunistas, certamente se afastarão – o que, em alguns casos, não é perda, é ganho. Mas, inegável que, se muitos vão aprovar o fato dele migrar para a iniciativa privada, porque hoje aos políticos resta apenas a presunção de culpa, outros provavelmente se sentirão abandonados.

A esperança é última que morre, ou que mata.

 

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