O novo presidente da Câmara de Gravataí Alex Peixe (PRD) confirmou ao Seguinte: que apresenta na sessão desta quinta-feira projeto que prevê o pagamento do vale-alimentação para servidores do legislativo.
– É um diretor de todo trabalhador. Proporcionalmente, Gravataí tem a Câmara mais enxuta do Rio Grande do Sul, sem vale-combustível, vale isso ou vale aquilo. Vamos funcionar em três turnos, então o vale é necessário – disse o vereador, que já tem maioria para aprovar.
É ‘pauta-bomba’, principalmente porque pode pressionar um efeito ‘vale em cascata’ também para funcionários da Prefeitura. E em um ano eleitoral, no qual o prefeito Luiz Zaffalon (PSDB) é candidato à reeleição e experimenta um momento de calmaria com o funcionalismo após o pagamento do piso do magistério; leia em Principal vitória política de Zaffa em 2023 já está no contracheque do funcionalismo de Gravataí.
Coisa que o próprio Peixe alertou, há dois meses.
Quando o pagamento do benefício foi anunciado pelo ex-presidente Alison Silva (MDB), em 11 de novembro, Peixe, então líder do governo Luiz Zaffalon (PSDB) na Câmara, se manifestou contrário.
Como primeiro-secretário da mesa-diretora, negou-se a assinar o projeto, o que regimentalmente impediu a execução.
Reportei a polêmica em O risco do vale-alimentação para Câmara de Vereadores se tornar ‘vale em cascata’ em Gravataí; A coerência do líder do governo.
Por que apontei coerência do vereador?
Porque na época Zaffa tentava desarmar a pauta-bomba do piso do magistério, que considerava “impagável” justamente pelo “efeito cascata”.
– A fonte de recursos é a mesma, a Prefeitura. Se não dá para pagar o ‘piso em cascata’, como propor vale-alimentação somente para os servidores da Câmara? Sou contra – disse Peixe, à época, para o Seguinte:.
Havia, principalmente no governo, o receio da exigência de paridade por funcionários da Prefeitura, também reivindicando o vale.
Se o cálculo era de que o vale-alimentação de R$ 25/dia custaria cerca de R$ 600 mil/ano para os servidores da Câmara, a extensão para os funcionários da Prefeitura chegaria a R$ 30 milhões anuais.
Escrevi:
“(…)
Resta aí a coerência de Peixe.
Estranho seria apoiar um benefício para servidores da Câmara, ao menos enquanto o governo se esforça para demonstrar para a sociedade que é mais correta a opção por manter outros investimentos e não destinar R$ 60 milhões para o ‘piso em cascata’ dos professores.
Se a intenção de Alison, que é a favor do ‘piso em cascata’, foi criar constrangimento político para Zaffa, seu adversário figadal e de seu padrinho e candidato a prefeito Marco Alba (MDB), a aprovação de um benefício somente para servidores da Câmara pode ter efeito contrário, atraindo também para os vereadores a ira do magistério e demais servidores da Prefeitura.
Da sociedade, que deve começar a sentir uma greve dos professores a partir de terça-feira, nem se fala. ‘Aumento’ para a Câmara, mesmo que não seja para políticos, invariavelmente é mal visto.
(…)”.
O que mudou? Peixe explicou 15 de janeiro, e reportei em Novo presidente tem entre prioridades pagar vale-alimentação na Câmara de Gravataí; O Peixe de ontem, o de hoje e a ‘grita em cascata’.
– Construímos um acordo para pagamentos do piso. O ambiente político é outro. Agora acredito ser possível negociar o vale apenas para servidores da Câmara – avalia, citando o acordo construído pelo prefeito e o sindicato dos professores que debelou a greve em menos de 48h e reduziu o impacto financeiro do ‘piso em cascata’ de R$ 60 milhões para menos de R$ 6 milhões anuais; leia em Principal vitória política de Zaffa em 2023 já está no contracheque do funcionalismo de Gravataí.
Ao fim, é verdade o que o ‘Peixe de hoje’ alega, assim como era verdade o que alertava o ‘Peixe de ontem’.
O pagamento do vale representa zero após a vírgula no orçamento da Câmara, mas inevitavelmente deve desencadear a cobrança de igualdade pelos funcionários da Prefeitura.
Fato é que, no ano eleitoral, é ‘pauta-bomba’.
Para além da ‘grita em cascata’ dos servidores não beneficiados, é crítica certa no Grande Tribunal das Redes Sociais. Como concluí no artigo citado acima, “qualquer ‘aumento’ para a Câmara, mesmo que não seja para políticos, invariavelmente é mal visto”.
É 3,2,1…