RAFAEL MARTINELLI

É bom ou ruim? Bordignon posta vídeo com apoio de Lula; O extremo da democracia

Print do vídeo em que Lula apoio candidatura de Bordignon

O ex-prefeito Daniel Bordignon (PT) postou vídeo de apoio à sua candidatura à Prefeitura de Gravataí gravado por Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

“Estamos colocando o Brasil na direção de um futuro melhor para todos. Trazendo de volta programas como Farmácia Popular e o Mais Médicos. Criando Empregos, cuidando das pessoas. A gente que ninguém governa sozinho. Precisamos estar juntos, trabalhando para melhorar a sua vida e da sua família. Agora é hora de votar em quem vai nos ajudar a colocar a sua cidade no rumo certo. Em Gravataí vote Daniel Bordignon”, diz o presidente da República, em depoimento padronizado de apoio a candidaturas associadas ao lulismo nas eleições municipais.

A postagem, que você assiste clicando aqui, guarda sua estratégia: aconteceu logo após o prefeito Luiz Zaffalon (PSDB) postar vídeo com apoio de Jair Bolsonaro (PL) à sua reeleição; leia em É bom ou ruim? Zaffa posta vídeo com apoio de Bolsonaro; O capeta de estrela no peito.

Assim como me referi a Bolsonaro no artigo acima, vale o mesmo para Lula. Como o Seguinte: não fez nenhuma pesquisa eleitoral, não tenho a medida sobre a influência negativa ou positiva do presidente no voto gravataiense.

Escrevi sobre Bolsonaro, ontem:

“Golpista, cúmplice de parte das 700 mil mortes na pandemia (mais de mil em Gravataí), reputo o inelegível até 2023 é. Ainda assim fez quase 6 a cada 10 votos na eleição de 2022”.

E acrescentei:

“Ao menos nas redes sociais, não pegou bem o adversário Marco Alba (MDB) trazer a Gravataí o número 1 do Rio Grande do Sul no governo Bolsonaro, Onyx Lorenzoni (PT); leia em Marco Alba trouxe bolsonarismo para o palanque com Onyx em Gravataí”.

– Ah, então agora você vai criticar o Lula? Vai ser imparcial? – algum leitor pode estar se perguntando.

Não. Não faço jornalismo ‘nem-nem’, buscando falsas equivalências para garantir o falacioso habeas corpus da isenção. Nada mais injusto do que tratar de forma igual os desiguais, é um comportamento profissional e humano que aprendi com o jornalista Roberto Gomes de Gomes. Golpista, Lula nunca foi.

Devo, sim, à luz da ‘ideologia dos números’, elogiar o governo Lula, que paga um rombo de R$ 255 bilhões deixado por Bolsonaro na tentativa frustrada de reeleição; persegue o déficit zero com o arcabouço fiscal; mantém a inflação sob controle; tem o menor desemprego da série histórica, além de uma economia que, contrariando os $ábios do mercado financeiro, cresceu 3% em 2023, e, nos primeiros três meses de 2024, cresceu 0,8% na comparação com os últimos meses de 2023, o que mostra que o Brasil cresce mais do que EUA e Europa.

O resto é fumaça de rede antissocial.

São os fatos, aqueles chatos que atrapalham argumentos: Bolsonaro está em um extremo que não encontra Lula em outro, diametralmente. É uma fake news, ou fake opinion, que só ajuda a ocultar os riscos do extremismo.

Há, em um dos pólos, uma extrema-direita, representada por Bolsonaro, com suas ações, inações e um conjunto de crimes e valores. Outro pólo teria que ser uma extrema-esquerda, que inexiste no debate político nacional.

Tal a política econômica liberal e a miríade de partidos na frente ampla que derrotou o golpismo em 2022, que até o poderoso chefão do PT, José Dirceu, já avaliou o governo Lula como “centro-direita”, corrigindo-se depois e dizendo ser de “centro-esquerda”.

Associo-me ao conceito do jornalista Reinaldo Azevedo, de que o polo oposto à extrema direita é… a democracia!

“Ao se colocar numa das pontas um reacionário que sabota a democracia e o Estado de direito — e, como consequência, está inelegível — e, na outra, um democrata inequívoco, o que se quer é igualar os ‘dois polos’, como se o inimigo dos fascistoides fosse apenas o petista. Não! Seus opostos não contingentes são o próprio regime democrático e as instituições. Se Lula for um polo, dados o amplo arco de alianças com o qual governa e os valores que orientam as suas escolhas, então que se diga: a democracia, nessa perspectiva, virou um dos ‘extremos’. Por esse caminho, o ‘polo’ oposto será necessariamente um serviçal do neofascismo”, escreveu.

Ao fim, não tenho como oferecer ao leitor evidências científicas sobre a influência do apoio de Lula para a eleição de Bordignon. Sobre biografias, sim.

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