opinião

É chato churrasco na Câmara em horário de expediente

Câmara de Vereadores de Gravataí

É tão chato quanto tratar de um assunto desses na véspera de Natal. 

Na mesma semana em que servidores pisavam forte no piso barulhento da Câmara de Gravataí, pelo presidente ter assinado ordem de serviço determinando o cumprimento da jornada de trabalho entre às 13h e 19h, Clebes Mendes (MDB) promoveu uma festa de despedida de sua gestão, com churrasco e trago para alguns vereadores, ao meio dia, no estacionamento do legislativo, em horário de expediente.

Foi na última sexta, início do recesso parlamentar, as ‘férias dos vereadores’.

Como em política a coincidência nunca foi eleita, não seria surpresa o perfil fake que me alertou para o convescote ser um funcionário descontente com as mudanças, já que recebi a mensagem logo após publicar o artigo A ligação do Clebes para o Bolsonaro, com uma análise positiva da gestão de Clebes.

A revolta maior com a ordem de serviço estaria entre os funcionários concursados que trabalham nos gabinetes, em cargos criados após um termo de ajuste de conduta firmado entre a Câmara e o Ministério Público, para reduzir a proporção maior de CCs em relação a servidores efetivos.

Acontece que muitos trabalham pela manhã e já tinham programações diferentes à tarde. Para ficar em exemplos fictícios, mas que permitem ao leitor entender: um advogado, por exemplo, poderia trabalhar das 8h às 14h, e cuidar de seu escritório e participar de audiências pelo resto do dia. Ou ir para a academia, afinal, cada um cuida da sua vida depois de cumprir regulamente sua jornada de trabalho.

A medida de Clebes – que tem como inegável qualidade fazer com que os servidores exerçam suas funções no horário em que a Câmara está aberta ao público – deve provocar ainda mais rotatividade nestes cargos, que, como já referi em artigos anteriores, é um monstrengo que o MP criou e os vereadores aceitaram.

Minha sugestão sempre foi criar uma estrutura de técnicos para assessorar comissões permanentes, onde a constitucionalidade dos projetos é analisada. A opção do MP foi instalar um concursado em cada gabinete.

Aí, na legislatura que for, se o vereador não confiar no servidor como confia em seus CCs, coloca o concursado numa – figura de linguagem – ‘salinha do castigo’. Mais: se o parlamentar não tiver trabalho no gabinete, ou não repassá-lo ao funcionário, o cafezinho é a solução.

Há muitos servidores qualificadíssimos e de bom currículo, como há também entre os CCs, sempre os vilões do serviço público. Mas o ‘monstrengo administrativo’ criado quando a Câmara fraquejou para o MP não garante retorno em serviços para a população.

Pelo que constato, muitos passam no concurso, assumem o cargo e já estudam para outros concursos com salários acima dos R$ 3 mil. Outros se sentem subaproveitados e também esvaziam as gavetas.

Tanto que a rotatividade, e o gasto com indenizações e garantias trabalhistas, não é muito diferente da que ocorre com os CCs, se livre nomeação pelos vereadores.

Ao fim, se a ideia de Clebes era que o legislativo desse um bom exemplo ampliando o atendimento ao público, esse churrasco em horário de expediente é dos Grandes Lances dos Piores Momentos. Qualquer funcionário está no direito de, ao cruzar com o agora ex-presidente, ou com vereadores que participaram da festa, fulminar:

– Eu Sei O Que Vocês Fizeram Neste Verão.

 

ATUALIZAÇÃO:

Rosane Bordignon (PDT), Wagner Padilha (PSB) e Dilamar Soares (PSD) enviaram mensagens informando que não participaram do churrasco. Este espaço está aberto para outros vereadores pelo WhatsApp 996475170. Seguirei atualizando.

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