opinião

É grave um vereador de Gravataí detido; explicar seria bom

Vereador Alex Peixe (PDT) teria impedido o acesso dos guardas municipais à Abservale

O vereador Alex Medeiros (PDT), o Peixe, foi detido nesta segunda ao tentar impedir reintegração de posse em associação da Morada do Vale na rua Alfredo Letti, seu reduto eleitoral.

O Seguinte: deu a notícia com exclusividade, em reportagem de Eduardo Torres, minutos após o parlamentar ser detido em operação da Guarda Municipal,

Li e achei grave. Grave não, gravíssimo. Um representante do povo foi preso. Um eleito pelo voto popular, apesar tantos hoje considerarem parlamentares pouco diferentes da bolsa da qual o presidente Jair Bolsonaro se livrou na cirurgia de hoje.

Peixe, para quem não o conhece, é vereador em segundo mandato, herdeiro político do pai, Carlinhos Medeiros, que exerceu quatro mandatos. Não interessa quantos votos fez, já que na proporcionalidade das votações que formam as bancadas do legislativo, o professor de história representa, em seus confirmas ganhos nas urnas, 100% dos votos da cidade – como representam também cada um dos 21 vereadores eleitos (caso o leitor não entenda, lance no Google como se calcula a proporcionalidade nas câmaras de vereadores, para constatar que o legislativo é o poder onde os representantes são os ‘mais democraticamente’ eleitos).

Como vivemos em tempos onde se fala em cabo e soldado para fechar o Supremo, se prende advogada em sala de audiência e deputado diz que não volta ao país por medo de ameaças, fui buscar mais informações, para opinar sobre os fatos, aqueles chatos que atrapalham argumentos pré-concebidos.

Já adianto: não vou conseguir tratar do assunto como deveria. Uma  personagem não atendeu o celular. O principal, Peixe. O que me permite especular os motivos, até como provocação para, quem sabe, num próximo artigo, aproximar o leitor da verdade, ou permitir o balanço das versões.

Na reportagem do Seguinte: o secretário de Segurança, coronel Flávio Lopes, relatou que não houve necessidade do uso da força na ação. Peixe, e o tenente da reserva da Brigada Militar, Edson Gouterres, que estava com ele, não precisaram ser contidos ou algemados. Acompanharam os guardas municipais até a Delegacia de Pronto Atendimento da Polícia Civil.

 

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O procurador-geral de Gravataí Jean Torman explicou que desde o ano passado a prefeitura notifica a Associação Beneficente dos Servidores da Brigada Militar do Vale do Gravataí (Abservale) para que saia a área pública. Os ocupantes tentaram garantir a posse na justiça, mas não tiveram sucesso. A prefeitura decidiu garantir a propriedade do terreno.

– Há seis meses tentamos uma saída negociada, mas não foi possível. Na sexta-feira notificamos a associação e hoje cumprimos a reintegração. A área era ocupada irregularmente há quase uma década. A prefeitura tem projetos para criar acessos de ruas ali, além de serviços para a comunidade numa área que até então tinha uso privado, mas é pública – explica o procurador, que também é secretário da Saúde, sobre o terreno de cerca de 5 mil metros.

Esperemos a versão de Peixe. Para quem desconfiar que é pegação de pé, fui o único a defender o vereador quando atacado no Grande Tribunal das Redes Sociais por ter advogado conhecido dele "defendendo bandido" – como se isso fosse um crime, e não uma garantia do estado democrático de direito. Mas algo tem que estar muito errado quando um vereador é detido. Se o político se contentou em jogar para a torcida e apostou em caçar-cliques nas redes sociais, ou, para ser mais direto, quis ser detido, a coisa fica pior ainda, porque aí se naturaliza uma medida gravíssima, se brinca com coisa séria no pior momento possível.

Aguardemos.

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