O ex-prefeito Marco Alba foi eleito presidente do MDB de Gravataí. Nos últimos seis meses, em meio às tensões pela necessidade de mudar para um apartamento no centro após a tentativa de invasão de sua casa na véspera da eleição, se dedicou a organizar a prestação de contas do partido junto à justiça eleitoral, colocou o olho do dono na sua empresa de transportes Transbazal e cuidou da saúde: após check-up, dieta e cinco dias de academia por semana, apresentou na convenção de sábado um novo shape de 78 quilos. Shape de candidato. Que confirmou ao Seguinte: será, em 2026, ao lado da esposa deputada estadual, Patrícia Alba.
– A partir de agora volto a me dedicar ao mundo político – disse aquele que é conhecido como ‘pelé da política’ na região, mas que, como já analisei, errou o pênalti na última eleição, ficando em segundo lugar.
Conforme Marco, o casal apresentará pré-candidaturas na eleição do ano que vem e a definição sobre quem disputa a Assembleia Legislativa e a Câmara Federal será anunciada até a metade de maio.
A estratégia, conforme Marco, passa pelo ‘Projeto Gabriel Souza 26’.
– Estamos conversando para ver o que é melhor para ele, para o partido e para nós – diz o gravataiense, que tem exercido um papel de articulação nos bastidores pela unidade da velha e nova guarda do MDB gaúcho em torno da candidatura do vice-governador Gabriel Souza ao Palácio Piratini.
– Logo trago o Gabriel a Gravataí – conta, descrevendo aquele que, assim como ele, foi cria política do falecido ex-ministro e deputado Eliseu Padilha, como “a inteligência e competência política” que pode reconduzir o MDB ao quinto governo no Rio Grande do Sul desde a reabertura democrática, após Pedro Simon, Antônio Britto, Germano Rigotto e José Ivo Sartori.
– O Rigotto tinha 2%, o Sartori 3%. O Gabriel tem 9%. O MDB tem a cara do Rio Grande do Sul – analisa, referindo as recentes pesquisas de intenção de voto e já antevendo a influência positiva do governador Eduardo Leite (PSDB), cuja aprovação supera os 60%.
– Gabriel foi líder do governo Sartori. É a continuidade de um modelo que deu certo – argumenta, lembrando a política de responsabilidade fiscal e reformas que ajudaram na recuperação do Estado e teve sequência no atual governo.
Fato é que o ‘Projeto Gabriel 26’ incentivou o momento surpresa da convenção: Jones Martins compareceu por alguns minutos, cumprimentou, foi cumprimentado e votou na chapa de consenso – portanto, em Marco para presidente. O ex-deputado federal, mesmo negue, articulou nos bastidores apoios à reeleição de Luiz Zaffalon (PSDB) após o rompimento do prefeito com Marco e o MDB, assim como em 2020 o fizera na campanha de Dimas Costa (PSD), segundo colocado na primeira eleição de Zaffa.
Marco evita falar das questões locais. Entende não ser hora para fazer críticas e estabelecer diferenças com o governo Zaffa, de quem em 2020 foi o ‘Grande Eleitor’.
– Não é o momento – diz, acrescentando, porém, que segue “cada um no seu quadrado”.
Qualquer neófito da análise política sabe que Marco e Zaffa não estarão no mesmo palanque, mesmo Gabriel seja o candidato dos dois. Os CTGs Aldeia dos Anjos e Carreteiros da Saudade já podem saber que serão procurados por um e outro, para eventos separados com o candidato a governador na eleição do ano que vem.
O que empolga Marco ao falar sobre Gravataí é o MDB restar vivo, “como uma família”, mesmo tendo perdido a Prefeitura em 24. O filiado de mais de 40 anos ainda se emociona ao falar dos companheiros que, sem mandatos ou cargos, pintaram e organizaram a sede do partido para a convenção. E lembra números da eleição, para além de seus 42.445 votos (33,87% dos válidos) a prefeito.
– Nossos candidatos fizeram 21 mil votos – observa, sobre a eleição da maior bancada e da diferença de quase 10 mil votos para o segundo partido, perfazendo uma média de mais de 900 votos por candidato, mesmo já na oposição.
A chapa única para direção partidária foi montada buscando a valorização de quem concorreu em 24. Os vereadores, por exemplo, terão cadeira e voto em todas as decisões.
O vereador Alison Silva, líder da bancada na Câmara e vice-presidente ao lado de Patrícia Alba, saudou a eleição.
– Reconduzimos o Marco à presidência após 20 anos. Melhor prefeito da História de Gravataí, eleito e reeleito, e que fez o sucessor. As transformações feitas pelos governos do Marco naqueles oito anos permitiram a cidade estar no patamar de hoje – disse.
Ao fim, guarda simbolismo ser Marco Alba o presidente do partido, sem filtros ou terceiros, em um momento de obvia e necessária reconstrução após a queda do ‘Império do MDB’ no comando da Prefeitura.
Após seis meses de silêncio, se percebe um político animado e disposto à luta política. Segue, como já lhe é característico, pragmático mas sem se permitir perder certo romantismo – algo que confere sempre ares de mistério sobre suas estratégias presentes ou futuras.
Reputo se enganar quem dá como morto o filho da dona Suely. Churchill tinha uma máxima, sobre guerra e política: “Na guerra a pessoa só pode ser morta uma vez, mas na política diversas vezes”.
Celebrando a vida Marco está: “hoje nasce Matteo, meu neto”.

A NOVA DIREÇÃO
Presidente: Marco Alba
Primeiro vice: Alison Silva
Segunda vice: Patrícia Alba
Secretário-geral: Adão Castro Jr.
Tesoureiro: Coronel Flávio Lopes
Secretária especial da mulher: Samanta Flack
Primeiro vogal: Roberto Carvalho
Segundo vogal: Alex Tavares
Suplentes: Patrícia Lisboa, Wagner Hubb da Silva, Gerson Borges Silveira e Valdirão Costa
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