Em pouco mais de um ano, eles deixaram um rastro de R$ 300 mil em prejuízos para pelo menos 15 pessoas que sonhavam em ter a casa própria. Na manhã desta quinta-feira (20), uma ação da Delegacia do Consumidor (Decon), do Deic, prendeu o proprietário e um dos vendedores das empresas Construforte e Ramos Construções, que funcionavam até bem pouco tempo em Gravataí..
De acordo com o delegado Rafael Liedtke, o golpe repetia uma fórmula já bem conhecida pela polícia no ramo das casas pré-moldadas. A empresa anunciava preços bem abaixo do mercado, recebia o valor para construir os imóveis e até começava as obras, mas nunca terminava. Quando os clientes iriam cobrar, ou já não encontravam os vendedores, ou recebiam intermináveis promessas de entrega das casas.
— Nós apuramos a atuação destes envolvidos no intervalo pouco superior a um ano, mas é provável que já estivessem cometendo estelionato há mais tempo. Nós recomendamos que as vítimas procurem a polícia e denunciem os casos — reforça o delegado.
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Ouvido informalmente, o proprietário da Ramos Construções e Reformas, preso preventivamente em Tramandaí, onde foi localizado ainda na quarta pelos agentes da polícia, disse que já atua há 30 anos no ramo.
— Ele alegou que adquiriu uma dívida impagável. Estaria devendo mais de 20 casas, e atualmente receberia pagamento por uma para executar outra casa. Mas a investigação comprovou que não era isso o que acontecia. Eles embolsavam e não entregavam o que havia sido contratado — explica Liedtke.
Mesmo com sede em Gravataí, o alcance dos estelionatários chegava bem além. Na Operação Constructione, a polícia enumerou vítimas, além daqui, em Porto Alegre, Viamão, Santa Maria, Igrejinha, Torres, Capão da Canoa, Joia e Bossoroca.
Segundo o delegado, os vendedores seguiam de carro até estas cidades e se anunciavam como uma empresa que estava chegando nas localidades. Depois de consolidadas as vendas, sumiam.
: Golpistas viajavam o estado oferecendo casas pré-moldadas nunca entregues | DIVULGAÇÃO
Inclusive na véspera da operação, a intenção do proprietário da Construtora Ramos era fugir para o litoral. E a suspeita, de acordo com o delegado Liedtke, era de que pudesse se estabelecer em Tramandaí.
— Nossa equipe estava monitorando o suspeito e detectamos um caminhão de mudanças saindo de Gravataí. Chegou a uma casa em Tramandaí onde o suspeito estava com a família — relata o delegado.
Além dele, um vendedor foi preso na altura da parada 66, em Gravataí. Com os presos, foram apreendidos R$ 3 mil e um Ford Fusion, no valor de R$ 40 mil. As contas bancárias dos suspeitos também tiveram os bloqueios judiciais decretados.
Não é novidade o golpe da casa pré-moldada em Gravataí. Há mais de dez anos a polícia investiga e cumpre mandados contra empresas que se estabelecem, em geral, ao longo da RS-020, e logo somem do mercado. Há pouco mais de um mês, em outra operação da Polícia Civil, outras nove empresas suspeitas foram alvo de cumprimentos de mandados.