Nas últimas horas, tive a medida do pânico que nos une nesta crise do coronavírus.
Compartilho.
Em meu relato, não procurem heróis ou bandidos, apenas humanos assustados e sem saber ao certo ao que fazer.
Às 22h, fonte de alta confiança me perguntou se era fake news áudio em que suposto médico relatava ter trabalhado nesta quinta no “hospital" em “clima de fim de mundo e de guerra”, pelas palavras do interlocutor da gravação.
– São 10 pacientes prováveis de coronavírus, um confirmou hoje e parece que tem um segundo confirmado agora, e mais uns 50 ou 60 que estão em casa aguardando resultado – diz o profissional, projetando que “de 5 a 10%” dos casos suspeitos “vão dar positivo pela estatística”.
– Isso é em Gravataí, para vocês terem uma noção. A marolinha já passou, está chegando o tsunami – alerta, contando que durante o dia, mesmo especialista em outra área, atendeu “mais de 20 pacientes” e “vários com sintoma de gripe”.
Ao ouvir, instantaneamente, e apavorado, apelei ao secretário da Saúde de Gravataí.
– Se é real, as pessoas precisam saber!
Jean Torman garantiu:
– Já tive acesso ao áudio. É só o que recebo no WhatsApp desde às 21h. É fake news. A direção do hospital vai se manifestar.
Às 23h, a Santa Casa emitiu card esclarecendo que as informações eram “inverídicas” e durante o dia o hospital teve “apenas dois casos suspeitos” e “nenhum era grave”.
Na nota a que tive acesso, a mantenedora do Dom João Becker cita a especialidade do médico, mas não vou reproduzir. Volto à abertura deste artigo, quando compartilho:
– Nas últimas horas, tive a medida do pânico que nos une nesta crise do coronavírus.
E acrescento que faria uma análise “sem heróis ou bandidos”, por sermos hoje “apenas humanos assustados e sem saber ao certo ao que fazer”.
É que também tive acesso a áudio do médico explicando que enviou o alerta em um grupo da família para assustar os pais, idosos, para que ficassem em casa.
– Que loucura isso! Botei em um grupo de família para assustar meu pai e minha mãe! – disse, em um tom de voz entre a surpresa e a indignação.
Realmente, ouvindo o áudio da polêmica, ao fim o médico fala:
– É clima de guerra. Só vou avisar a vocês, ao pai, a mãe, às pessoas mais velhas, que fiquem em casa.
Entenderam?
O profissional da saúde fez uma espécie de teatro para assustar o pai e a mãe, porque a coisa é grave! Não imaginava que o áudio pudesse vazar. Vazou e, por óbvio, quem ouviu ficou em pânico, ou revoltado – colegas, por exemplo.
Mas proponho que usemos do exemplo negativo para entender a gravidade do momento, e também como alerta para não espalharmos fake news entre os nossos, em grupos privados, ou na terra de ninguém do ‘Grande Tribunal das Redes Sociais’.
Ao fim, no incidente de hoje, reputo todos nós inocentes.
Repito: somos apenas humanos assustados e sem saber ao certo ao que fazer.
Experimentemos compreensão e solidariedade.
E, como primeiro exercício, esqueçamos esse deslize de um profissional que vai ajudar – e certamente já ajuda – a salvar muitas vidas.
Mãe, pai… quem não?
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