RAFAEL MARTINELLI

Entre Lula, Leite e Cristian: Stédile, ex-prefeito de Cachoeirinha, assume presidência do PSB gaúcho

Foto: Saul Teixeira

O ex-prefeito de Cachoeirinha e ex-deputado federal José Luiz Stédile foi eleito presidente do PSB do Rio Grande do Sul pelos próximos três anos, em convenção neste sábado. A posse está prevista para 31 de julho, encerrando o mandato da gestão atual, liderada por Mário Bruck. Stédile restará em uma missão que, partidária e particularmente, o coloca entre Lula, Leite e Cristian. Ele também falou ao Seguinte: sobre uma eventual candidatura em 2026.

Vamos lá.

Nacionalmente, o PSB é sócio do governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT), com o vice Geraldo Alckmin.

– Nacionalmente a tendência é manter a coligação. Os avanços do governo federal estão aí, apesar de alguns não quererem ver, principalmente para as pessoas que mais precisam – argumenta Stédile, que também é integrante da direção nacional.

– Nosso partido é de centro-esquerda – observa, sobre o que a sigla chamou de “autoreforma” e aponta um caminho do ‘socialismo criativo’, que direciona as ações políticas do partido para uma nova visão de futuro e enfrentamento dos desafios do século XXI, mantendo os valores de socialismo com liberdade.

Já no Rio Grande do Sul, o PSB é base do governo Eduardo Leite (PSDB). Stédile é presidente da Fundação de Atendimento Socioeducativo (Fase/RS).

– Apoiamos Leite no segundo turno contra a direita. Há correntes que defendem a saída do governo, mas isso não nos daria alternativa a não ser apoiar o PT, já que não estaremos juntos com o PL e o Novo. É cedo ainda. Vamos debater. O PSB é um partido democrático, os diretórios municipais terão voz – analisa, ao ser perguntado se o partido automaticamente apoiará Gabriel Souza (MDB), vice-governador que é candidato à sucessão com o apoio de Leite.

– Ainda não se sabe com certeza para onde vai o governador. Precisamos observar as fusões e federações partidárias – alerta, sobre a indefinição partidária a partir da avançada fusão de PSDB e Podemos, que pode fazer Leite se filiar ao PSD.

Em Cachoeirinha, o PSB foi colocado na oposição pelas urnas, mas ao seu estilo Stédile evita interditar a ponte com o governo Cristian Wasem (MDB).

– Não somos oposição por oposição. Nem vereador temos para isso e um ex-prefeito (Vicente Pires) saiu do partido, outro (Miki Breier) voltou para Gravataí – resigna-se.

– O governo Cristian tem avanços na área da pavimentação, mas precisa maior interlocução com os governos estadual e federal para viabilizar a ampliação do dique e obras antienchente. O que fazemos é uma oposição de sugestão – classifica, acrescentando ter “muito respeito” pelo prefeito.

Aos 67 anos, o ex-prefeito e ex-deputado federal, que não conseguiu a reeleição em 2022, ainda não sabe se concorre em 26.

– Ouvirei o PSB: se precisam mais de mim no comando do partido, ou disputando a eleição. Certeza só que, se concorrer, é a deputado federal, no projeto de aumentarmos nossa representação em Brasília – diz.


A convenção

A chapa eleita traz nomes como o deputado federal Heitor Schuch como primeiro vice-presidente, seguido pelo deputado estadual Elton Weber, do ex-vice-governador Vicente Bogo, e da vereadora de Bagé, Maria Beatriz Silveira de Souza. A composição reflete a estratégia do PSB/RS de unir parlamentares experientes e lideranças regionais para ampliar sua base. Além da nova diretoria, o congresso definiu os delegados que representarão o estado no Congresso Nacional do PSB, em Brasília, nos dias 31 de maio e 1º de junho.

Em discurso após a eleição, Stédile agradeceu a confiança dos delegados e militantes, enfatizando a necessidade de consolidar o PSB como uma força política “presente na vida das pessoas”.

– A convicção de que nosso partido é fundamental para construir um Rio Grande do Sul mais justo e desenvolvido. Vamos fortalecer as bases, dialogar com a sociedade e garantir que cada militante seja parte dessa transformação – disse, acrescentado que a nova gestão herdará o desafio de ampliar a influência do PSB/RS, que hoje conta com quatro deputados estaduais, um federal e vereadores em diferentes cidades.

Não só irmão do João

Com uma carreira marcada por atuação sindical e política, Stédile é um nome conhecido no estado, não só por ser irmão do líder maior do MST, João Pedro Stédile.

Metalúrgico de formação, dirigiu o Sindicato dos Metalúrgicos da Grande Porto Alegre (1989-1998) e presidiu a CUT Metropolitana.

Eleito prefeito de Cachoeirinha em 2000 — e reeleito em 2004, feito inédito no município —, consolidou-se como gestor público. Na esfera federal, foi deputado por dois mandatos (2010-2018), presidiu a Comissão de Defesa do Consumidor e integrou o Parlamento do Mercosul.

Entre 2019 e 2022, comandou a Secretaria de Obras e Habitação do RS, antes de assumir a Fase/RS em 2023.

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