RAFAEL MARTINELLI

Entre os compromissos que assumiu para ser eleito presidente da Câmara de Gravataí, Clebes não pode esquecer um: o interesse público; O ‘cotão’ e os bastidores da posse

Clebes com Alex Peixe, na cerimônia de posse

Clebes Mendes (PSDB) assumiu compromissos políticos para ser eleito presidente da Câmara de Vereadores de Gravataí, num favoritismo que o Seguinte: antecipou ainda em novembro, em Quem é o vereador favorito para presidir a Câmara de Gravataí em 2025.

Reputo não pode esquecer um que é, ou deveria ser, inerente ao cargo: aquele com o interesse público.

Antes da análise, vamos a mais informações sobre a eleição, que aconteceu durante a concorrida cerimônia de posse desta quarta-feira e reportamos em SEGUINTE TV | Assista como foi a posse do prefeito Zaffa, do vice Dr. Levi e dos 21 vereadores de Gravataí; O discurso completo e já faz correr a fofoca sobre os movimentos políticos do legislativo para o mandato 2025-2028.

Clebes articula eleição: nas duas últimas fotos, com Bombeiro Batista, que na eleição de 2024 tinha garantido compromisso da base governista de apoiá-lo para comandar o legislativo em 2025


Formado em Gestão Pública pela Uninter e pós-graduando em Administração e Gerência de Cidades, Clebes foi reeleito para o quarto mandato com 2.837 votos, o terceiro mais votado em 2024. Vereador profissional desde a primeira eleição de 2012, já presidiu o legislativo municipal em 2019.

Clebes teve como adversários para a presidência a estreante Vitalina Gonçalves (PT) – que, em 2018, como presidente do sindicato dos professores, acusou-o de agressão, em polêmica que resultou em ocorrência policial –e o ex-vice-prefeito e vereador reeleito Áureo Tedesco (MDB).

A petista, que fez campanha para o terceiro colocado na eleição para Prefeitura Daniel Bordignon e lançou a candidatura para afirmar o partido na oposição ao governo Zaffa, recebeu apenas o próprio voto.

Áureo, que apoiou o segundo colocado Marco Alba, teve o voto somente de sua bancada, que se apresenta não como oposição, mas sim “independente”: Alison Silva, Claudecir Lemes e Airton Leal – este, ao comunicar que votava “conforme orientação partidária”, já deixou espaço para os rumores de que, em seu retorno à Câmara, não deve se contentar com a oposição e pode se aproximar do governo Luiz Zaffalon (PSDB); que já tem apoio de 16 dos 21 vereadores; leia em #DasUrnas | Reeleito, homem, 50 anos, branco, casado, católico, curso superior e de direita: o perfil da nova Câmara de Gravataí.

A mesma percepção vale para Hiago Pacheco (PP), que fez campanha para Marco Alba, mas votou em Clebes “por orientação do partido”. Muitos no meio político entenderam que o vereador eleito para o primeiro mandato tem receio de ser expulso por infidelidade partidária, o que em última instância poderia levar até a uma cassação; leia mais em PP nega existência de documento liberando vereador eleito de apoiar Zaffa durante a eleição de Gravataí; A fraude e o fantasma da cassação.

A “orientação partidária” também teve sua nuance no apoio de Dilamar Soares (Podemos) a Clebes. Após assim justificar o voto, Dila ‘foi ao banheiro’ para não cumprimentar o eleito, que agradecia um a um aos vereadores que nele votaram.

Os dois nunca experimentaram uma boa relação em quase duas décadas de convivência no parlamento. Dila inclui o colega de governo em movimento que o levou a entregar a liderança do governo e isolar-se da base governista no último ano; leia em O que Zaffa diz sobre Dila perder cargos; De vereador do prefeito à rebeldia na eleição para Presidência da Câmara de Gravataí.

Vitalina lançou candidatura para reforçar posição de oposição ao governo Zaffa
Bancada do MDB mostrou unidade na primeira votação do ano, para presidência da Câmara


Outro que apoiou Marco Alba, mas cujo voto soltou a fofoca de que pode ainda aderir à base do governo foi Mario Peres, do PL, que como partido apoiou a reeleição de Zaffa e deve ocupar secretaria no novo governo.

O vereador se absteve na votação da presidência, mas votou em Bombeiro Batista (Republicanos) para vice.

– Até agora ninguém tinha falado comigo. Bombeiro pediu meu voto – explicou.

Na sequência, a partir de pedidos de voto, apoiou a eleição do restante da chapa governista: Roger Correa (PP) como primeiro secretário e Márcia Becker (PSDB) como segunda secretária.

A vereadora, lançada pela então vice-presidente, Anna Beatriz da Silva (PSD), foi a única governista a receber o voto de Vitalina, para garantir representação das mulheres na mesa-diretora do legislativo, “mesmo que representemos projetos distintos”.

Da esquerda para direita, a mesa diretora da Câmara para 2025: Bombeiro, Clebes, Roger e Márcia Becker


Voltemos então aos compromissos de Clebes.

O discurso completo de posse – onde o vereador, ao agradecer aos familiares, foi às lágrimas ao lembrar da falecida esposa Fernanda Barth – você assiste a partir de 1h58 clicando aqui.

Atenho-me, porém, a uma cobrança feita ao agora presidente, que testemunhei de dentro do plenário, onde cobria a posse.

Um vereador anunciou o voto em Clebes atrelado ao compromisso com “reformas” na Câmara.

Fui apurar e trata-se nos bastidores, além de reformas estruturais pontuais, da possível criação de cargos e/ou de um ‘cotão’, uma verba de gabinete, aos moldes do que acontece na Assembleia Legislativa e no Congresso Nacional, para os vereadores usarem para despesas do mandato, como gasolina, por exemplo, e também para contatação de pessoal, além da liberação de diárias para viagens de parlamentares.

Aí resta meu alerta a Clebes.

Qualquer compromisso que tenha assumido não é maior do que aquele com o interesse público. E aqui recomendo um dos princípios fundamentais da gestão pública: a publicidade.

Não estou fazendo uma crítica antecipada ao ‘cotão’, venha ele a existir. Defendo sim que as discussões sejam transparentes com a população, por mais desgaste que causem.

Um exemplo foi o momento inadequado e o atropelo na votação do aumento de salário para vereadores, prefeito, vice e secretários municipais; leia mais em Aprovado aumento de salários para vereadores, prefeito, vice e secretários a partir de 2025 em Gravataí; O debate necessário foi escondido.

Se a idéia é aumentar a estrutura da Câmara, Clebes pode conduzir um debate aberto, mostrando as contas do legislativo e comprovando uma verdade repetida pelos vereadores: o legislativo de Gravataí é um dos mais econômicos do Rio Grande do Sul e, possivelmente, o mais barato entre as 100 maiores economias brasileiras, onde se inclui Gravataí (97º PIB).

O Orçamento do legislativo para 2025 é de R$ 26.500.000,00; leia mais em R$ 1,3 bi, crescimento chinês e volta à quarta economia gaúcha: o que prevê o Orçamento de Gravataí para 2025; A ‘ideologia dos números’ – e do voto.

Neste ano, a Câmara encerrou o ano devolvendo mais de R$ 1 milhão. Em 2021, a gestão de Alan Vieira (MDB) devolveu R$ 4 milhões, repassados para as obras da nova Emergência SUS do Hospital Dom João Becker/Santa Casa.

Clebes com o prefeito Luiz Zaffalon e o deputado estadual Dimas Costa


Ao fim, dinheiro tem. É preciso o novo presidente, e os vereadores, caso queiram a ‘reforma’, explicar aos eleitores no que o ‘cotão’, ou outra ampliação de cargos ou estrutura física, melhora o atendimento dos parlamentares e do poder à população – além de detalhar os mecanismos de controle dos gastos dos gabinetes, para não restarmos em Gravataí com mecanismos de corrupção como o ‘orçamento secreto’ de Arthur Lira (PP) e os congressistas de Brasília.

Simplesmente aprovar, porque votos há, tem dinheiro sobrando na Câmara e vereadores eleitos precisam acomodar apoiadores de campanha, não me parece adequado.

O legislativo não é obrigado a gastar a cada ano os R$ 26 milhões de Orçamento. E estamos em Gravataí em campanha permanente para arrecadar fundos para o novo hospital Barbara Maix…


Assista ao vídeo que a SEGUINTE TV produziu com a cobertura da posse


QUEM TOMOU POSSE PARA 2025-2028

Prefeito

Luiz Zaffalon (PSDB)

Vice

Dr. Levi Melo (Podemos)

Vereadores

Bombeiro Batista (Republicanos): 3.213 votos.

Roger Correa (PP): 2.973 votos.

Clebes Mendes (PSDB): 2.837 votos.

Bino Lunardi (PSDB): 2.751 votos.

Vitalina Gonçalves (PT): 2.632 votos.

Aureo Tedesco (MDB): 2.471 votos.

Alex Peixe (PSDB): 2.222 votos.

Alison Silva (MDB): 2.183 votos.

Marcia Becker (PSDB): 2.102 votos.

Evandro Coruja (PP): 2.057 votos.

Fábio Ávila (Republicanos): 1.969 votos.

Anna Beatriz da Silva (PSD): 1.901 votos.

Dilamar Soares (Podemos): 1.793 votos.

Claudecir Lemes (MDB): 1.781 votos.

Carlos Fonseca (Podemos): 1.753 votos.

Paulinho da Farmácia (Podemos): 1.564 votos.

Airton Leal (MDB): 1.464 votos.

Guarda Moisés (Republicanos): 1.453 votos.

Fernando Deadpool (União Brasil): 1.339 votos.

Hiago Pacheco (PP): 1.332 votos.

Mario Peres (PL): 1.019 votos.


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