Clebes Mendes (PSDB) assumiu compromissos políticos para ser eleito presidente da Câmara de Vereadores de Gravataí, num favoritismo que o Seguinte: antecipou ainda em novembro, em Quem é o vereador favorito para presidir a Câmara de Gravataí em 2025.
Reputo não pode esquecer um que é, ou deveria ser, inerente ao cargo: aquele com o interesse público.
Antes da análise, vamos a mais informações sobre a eleição, que aconteceu durante a concorrida cerimônia de posse desta quarta-feira e reportamos em SEGUINTE TV | Assista como foi a posse do prefeito Zaffa, do vice Dr. Levi e dos 21 vereadores de Gravataí; O discurso completo e já faz correr a fofoca sobre os movimentos políticos do legislativo para o mandato 2025-2028.
Formado em Gestão Pública pela Uninter e pós-graduando em Administração e Gerência de Cidades, Clebes foi reeleito para o quarto mandato com 2.837 votos, o terceiro mais votado em 2024. Vereador profissional desde a primeira eleição de 2012, já presidiu o legislativo municipal em 2019.
Clebes teve como adversários para a presidência a estreante Vitalina Gonçalves (PT) – que, em 2018, como presidente do sindicato dos professores, acusou-o de agressão, em polêmica que resultou em ocorrência policial –e o ex-vice-prefeito e vereador reeleito Áureo Tedesco (MDB).
A petista, que fez campanha para o terceiro colocado na eleição para Prefeitura Daniel Bordignon e lançou a candidatura para afirmar o partido na oposição ao governo Zaffa, recebeu apenas o próprio voto.
Áureo, que apoiou o segundo colocado Marco Alba, teve o voto somente de sua bancada, que se apresenta não como oposição, mas sim “independente”: Alison Silva, Claudecir Lemes e Airton Leal – este, ao comunicar que votava “conforme orientação partidária”, já deixou espaço para os rumores de que, em seu retorno à Câmara, não deve se contentar com a oposição e pode se aproximar do governo Luiz Zaffalon (PSDB); que já tem apoio de 16 dos 21 vereadores; leia em #DasUrnas | Reeleito, homem, 50 anos, branco, casado, católico, curso superior e de direita: o perfil da nova Câmara de Gravataí.
A mesma percepção vale para Hiago Pacheco (PP), que fez campanha para Marco Alba, mas votou em Clebes “por orientação do partido”. Muitos no meio político entenderam que o vereador eleito para o primeiro mandato tem receio de ser expulso por infidelidade partidária, o que em última instância poderia levar até a uma cassação; leia mais em PP nega existência de documento liberando vereador eleito de apoiar Zaffa durante a eleição de Gravataí; A fraude e o fantasma da cassação.
A “orientação partidária” também teve sua nuance no apoio de Dilamar Soares (Podemos) a Clebes. Após assim justificar o voto, Dila ‘foi ao banheiro’ para não cumprimentar o eleito, que agradecia um a um aos vereadores que nele votaram.
Os dois nunca experimentaram uma boa relação em quase duas décadas de convivência no parlamento. Dila inclui o colega de governo em movimento que o levou a entregar a liderança do governo e isolar-se da base governista no último ano; leia em O que Zaffa diz sobre Dila perder cargos; De vereador do prefeito à rebeldia na eleição para Presidência da Câmara de Gravataí.
Outro que apoiou Marco Alba, mas cujo voto soltou a fofoca de que pode ainda aderir à base do governo foi Mario Peres, do PL, que como partido apoiou a reeleição de Zaffa e deve ocupar secretaria no novo governo.
O vereador se absteve na votação da presidência, mas votou em Bombeiro Batista (Republicanos) para vice.
– Até agora ninguém tinha falado comigo. Bombeiro pediu meu voto – explicou.
Na sequência, a partir de pedidos de voto, apoiou a eleição do restante da chapa governista: Roger Correa (PP) como primeiro secretário e Márcia Becker (PSDB) como segunda secretária.
A vereadora, lançada pela então vice-presidente, Anna Beatriz da Silva (PSD), foi a única governista a receber o voto de Vitalina, para garantir representação das mulheres na mesa-diretora do legislativo, “mesmo que representemos projetos distintos”.
Voltemos então aos compromissos de Clebes.
O discurso completo de posse – onde o vereador, ao agradecer aos familiares, foi às lágrimas ao lembrar da falecida esposa Fernanda Barth – você assiste a partir de 1h58 clicando aqui.
Atenho-me, porém, a uma cobrança feita ao agora presidente, que testemunhei de dentro do plenário, onde cobria a posse.
Um vereador anunciou o voto em Clebes atrelado ao compromisso com “reformas” na Câmara.
Fui apurar e trata-se nos bastidores, além de reformas estruturais pontuais, da possível criação de cargos e/ou de um ‘cotão’, uma verba de gabinete, aos moldes do que acontece na Assembleia Legislativa e no Congresso Nacional, para os vereadores usarem para despesas do mandato, como gasolina, por exemplo, e também para contatação de pessoal, além da liberação de diárias para viagens de parlamentares.
Aí resta meu alerta a Clebes.
Qualquer compromisso que tenha assumido não é maior do que aquele com o interesse público. E aqui recomendo um dos princípios fundamentais da gestão pública: a publicidade.
Não estou fazendo uma crítica antecipada ao ‘cotão’, venha ele a existir. Defendo sim que as discussões sejam transparentes com a população, por mais desgaste que causem.
Um exemplo foi o momento inadequado e o atropelo na votação do aumento de salário para vereadores, prefeito, vice e secretários municipais; leia mais em Aprovado aumento de salários para vereadores, prefeito, vice e secretários a partir de 2025 em Gravataí; O debate necessário foi escondido.
Se a idéia é aumentar a estrutura da Câmara, Clebes pode conduzir um debate aberto, mostrando as contas do legislativo e comprovando uma verdade repetida pelos vereadores: o legislativo de Gravataí é um dos mais econômicos do Rio Grande do Sul e, possivelmente, o mais barato entre as 100 maiores economias brasileiras, onde se inclui Gravataí (97º PIB).
O Orçamento do legislativo para 2025 é de R$ 26.500.000,00; leia mais em R$ 1,3 bi, crescimento chinês e volta à quarta economia gaúcha: o que prevê o Orçamento de Gravataí para 2025; A ‘ideologia dos números’ – e do voto.
Neste ano, a Câmara encerrou o ano devolvendo mais de R$ 1 milhão. Em 2021, a gestão de Alan Vieira (MDB) devolveu R$ 4 milhões, repassados para as obras da nova Emergência SUS do Hospital Dom João Becker/Santa Casa.
Ao fim, dinheiro tem. É preciso o novo presidente, e os vereadores, caso queiram a ‘reforma’, explicar aos eleitores no que o ‘cotão’, ou outra ampliação de cargos ou estrutura física, melhora o atendimento dos parlamentares e do poder à população – além de detalhar os mecanismos de controle dos gastos dos gabinetes, para não restarmos em Gravataí com mecanismos de corrupção como o ‘orçamento secreto’ de Arthur Lira (PP) e os congressistas de Brasília.
Simplesmente aprovar, porque votos há, tem dinheiro sobrando na Câmara e vereadores eleitos precisam acomodar apoiadores de campanha, não me parece adequado.
O legislativo não é obrigado a gastar a cada ano os R$ 26 milhões de Orçamento. E estamos em Gravataí em campanha permanente para arrecadar fundos para o novo hospital Barbara Maix…
Assista ao vídeo que a SEGUINTE TV produziu com a cobertura da posse
QUEM TOMOU POSSE PARA 2025-2028
Prefeito
Luiz Zaffalon (PSDB)
Vice
Dr. Levi Melo (Podemos)
Vereadores
Bombeiro Batista (Republicanos): 3.213 votos.
Roger Correa (PP): 2.973 votos.
Clebes Mendes (PSDB): 2.837 votos.
Bino Lunardi (PSDB): 2.751 votos.
Vitalina Gonçalves (PT): 2.632 votos.
Aureo Tedesco (MDB): 2.471 votos.
Alex Peixe (PSDB): 2.222 votos.
Alison Silva (MDB): 2.183 votos.
Marcia Becker (PSDB): 2.102 votos.
Evandro Coruja (PP): 2.057 votos.
Fábio Ávila (Republicanos): 1.969 votos.
Anna Beatriz da Silva (PSD): 1.901 votos.
Dilamar Soares (Podemos): 1.793 votos.
Claudecir Lemes (MDB): 1.781 votos.
Carlos Fonseca (Podemos): 1.753 votos.
Paulinho da Farmácia (Podemos): 1.564 votos.
Airton Leal (MDB): 1.464 votos.
Guarda Moisés (Republicanos): 1.453 votos.
Fernando Deadpool (União Brasil): 1.339 votos.
Hiago Pacheco (PP): 1.332 votos.
Mario Peres (PL): 1.019 votos.
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