Erra o prefeito Miki Breier (PSB) ao buscar financiamento para construir uma sede própria para a Prefeitura de Cachoeirinha. É a crônica da polêmica anunciada construir casa nova em meio a uma pandemia. É começar o novo governo com clima ruim.
Confesso a surpresa.
Salvo engano, não foi promessa de campanha. A não ser do prefeiturável Antônio Teixeira (REDE), quinto colocado nas urnas, o que chamei à época de Grandes Lances dos Piores Momentos.
Na terça-feira o prefeito, o secretário da Fazenda Elvis Valcarenghi e o secretário de Planejamento e Captação de Recursos Jaime Braz já tiveram reunião com representantes do Badesul para buscar empréstimo. A obra está orçada em cerca de R$ 3,5 milhões, com base em valores de 2018.
Em nota, a explicação é que “com a nova sede, a Prefeitura sairá do aluguel, o que deve gerar uma economia mensal de quase R$ 70 mil. O custo com o aluguel do prédio da sede administrativa da Prefeitura está na casa dos R$ 44 mil e do prédio onde está lotada a Secretaria de Saúde o valor é de R$ 25 mil”.
É inquestionável a economia no longo prazo.
O que reputo um erro é o momento. Governar é fazer escolhas, dizer mais não do que sim, mas também é criar um bom ambiente, não brigar com o senso comum que, mesmo que uma coisa não tenha a ver com a outra, vai questionar:
– Por que não um hospital ou leitos de UTI?
O exemplo está a alguns quilômetros. O Grande Tribunal das Redes Sociais já sentenciou as críticas de ‘pena de morte’ quando a Câmara de Viamão aprovou em sessão extraordinária projeto do prefeito Valdir Bonatto (PSDB) para contratação de empréstimo de 25 milhões para construir uma nova Prefeitura.
– É pra roubar – cheguei a ler comentário mais exaltado.
Não achem que a crítica será diferente em Cachoeirinha. Principalmente nas redes sociais, que não são a lei, mas representam sim um termômetro de humores, que quase sempre não permite aos políticos muito além da presunção de culpa.
Ao fim, fosse o prefeito de Gravataí Luiz Zaffalon (MDB) a apresentar o projeto de um novo centro administrativo, seria criticado, mas teria todo o governo Marco Alba e os R$ 100 milhões em obras de infraestrutura para apresentar, além de contas em dia para captar três vezes mais em empréstimos sem quiser.
Para completar, ganhou a eleição com 22.036 votos a mais do que o segundo colocado e mais do que a soma de todos os adversários somados.
Já Miki e Bonatto terão imensas dificuldades no governo. Financeiras e também políticas, já que não tem a delegação de poder de campeões das urnas.
O prefeito de Viamão tem que consertar o desastre que foi André Pacheco, eleito em 2016 com seu apoio e hoje um desafeto enrolado com a justiça. E ganhou a eleição por apenas 320 votos de diferença.
Miki fez um primeiro governo onde foi mais síndico de folha de pagamento do que entregou obras. E ganhou a eleição por só 318 votos.
Politicamente, ambos não são reis para neste momento pensar que de forma incólume construirão castelos.
LEIA TAMBÉM
Em 8 vídeos: Como foi início da vacinação em Gravataí e Cachoeirinha; assista