O governador Eduardo Leite (PSDB) tem uma meta ousada de ampliação do ensino em tempo integral nas escolas estaduais do Rio Grande do Sul. Há novidades na região para 2024.
Conforme reportagem “Governo do RS amplia para 205 o número de escolas de Ensino Médio em tempo integral”, publicada em GZH, o governador estabeleceu como meta transformar, até 2026, 50% das instituições em tempo integral e atingir 25% das matrículas.
Na região da 28ª Coordenadoria Regional de Educação (CRE), responsável por Gravataí, Cachoeirinha e Viamão, já ofertam o Ensino Médio em tempo integral as escolas Padre Nunes (Gravataí), desde 2019; Francisco José Rodrigues (Cachoeirinha), desde 2023; Setembrina (Viamão), desde 2018 e Governador Walter Jobim (Viamão), desde 2023.
Para 2024, ingressarão no modelo do tempo integral as escolas de Ensino Médio Luiz de Camões (Cachoeirinha) e Açorianos (Viamão).
As escolas Adelaide Linck (Gravataí), Daniel de Oliveira Paiva (Cachoeirinha) e Canadá (Viamão) ofertam o tempo integral apenas no Ensino Fundamental.
Como descreve a jornalista Sofia Lungui, no modelo do Ensino Médio em tempo integral adotado pelo RS, são ofertadas nove horas de aulas diárias, que compõem matriz curricular própria que totaliza 1,5 mil horas de atividades por ano e 4,5 mil horas até a conclusão da etapa.
Nos finais do Ensino Fundamental que funcionam em turno integral, a jornada diária aumenta de 4h30min para 9h.
Reproduzo trechos da matéria e, abaixo, concluo.
“A realidade ainda está distante do objetivo. Segundo a secretária da Educação, Raquel Teixeira, o maior aumento na adesão de escolas está previsto para a virada de 2025 para 2026”.
– Precisamos desse tempo todo para preparar a infraestrutura das escolas, formar professores e criar melhores condições de funcionamento. Estamos começando devagar, mas de forma robusta, passando de 10% para 18% nesta virada de ano. É claro que nem tudo vai funcionar de cara, qualquer implementação de mudança requer ajustes, mas estamos completamente antenados à necessidade de infraestrutura física e qualificação de professores – disse à reportagem, que segue:
“Na semana passada, o governo do Estado deu início ao repasse de cerca de R$ 100 milhões para as 2,3 mil instituições da rede estadual. O investimento busca melhorar a infraestrutura das escolas estaduais e fortalecer a implementação do programa. Deste valor, R$ 15 milhões serão destinados às escolas de Ensino Médio em Tempo Integral, para qualificar cozinhas e refeitórios. Nos últimos dias, o governo do RS também anunciou a nomeação de 1.542 professores efetivos para atuarem na rede estadual”.
Conforme GZH, para cumprir a promessa de expandir o programa no Ensino Médio, o governo Leite precisa acelerar a implementação do modelo. Pelo atual cronograma, a cada ano o Estado precisa incluir 172 novas escolas por ano para chegar às 550 da meta, entre 2025 e 2026. Segundo a secretária de Educação do Estado, a implementação está sendo realizada de forma gradativa.
“Em 2022, somente 1% das escolas estaduais tinham Ensino Médio em tempo integral. Em 2023, com 85 instituições aderindo, o percentual passou para 10%. Para 2024, com 94 unidades aderindo à modalidade, serão 205 instituições de ensino e 18% da rede”, informa a reportagem, que projeta:
“O contexto gaúcho está distante da meta número 6 do Plano Nacional de Educação, que previa oferecer até 2024 educação em tempo integral em, no mínimo, 50% das escolas públicas (não apenas as estaduais), de forma a atender, pelo menos, 25% dos alunos da Educação Básica”.
Sigo eu.
Resta a realidade longe da promessa, mas é um bom começo. Merece elogios o governador.
Porém, é preciso atenção a uma realidade que se impõe: a evasão escolar de jovens que precisam trabalhar e não tem como cumprir o turno integral.
A estratégia de Leite é o Todo Jovem na Escola, apresentado como “maior iniciativa de combate à evasão escolar no país”.
Os auxílios do programa contemplarão, a partir deste ano, alunos regularmente matriculados e que estejam em situação de vulnerabilidade socioeconômica, pertencentes a famílias cadastradas no CadÚnico, com renda per capita de até R$ 660 mensais.
Aos alunos que tiverem pelo menos 75% de frequência, serão pagas dez bolsas de permanência por ano, referentes aos meses de março a dezembro.
A bolsa passará a ser progressiva também, com valores escalonados de acordo com a renda per capita da família do estudante.
Para renda per capita entre R$ 210,01 e R$ 660 mensais, a bolsa de permanência será de R$ 150 mensais. Se essa renda estiver entre R$ 105,01 e R$ 210, a bolsa corresponderá a R$ 150, de 1º de janeiro de 2024 a 31 de dezembro de 2024; R$ 180, de 1º de janeiro de 2025 a 31 de dezembro de 2025; e R$ 200, a partir de 1º de janeiro de 2026. Se a renda per capita for de até R$ 105, a bolsa será de R$ 200, entre 1º de janeiro de 2024 e 31 de dezembro de 2025; e de R$ 250, a partir de 1º de janeiro de 2026.
Ao fim, ver investimentos em escola de tempo integral é motivo de esperança. “Cara é a ignorância”, já dizia Brizola, criador dos CIEPs, os Centros Integrais de Educação Pública, pioneiro da modalidade no Brasil.
Mas, como alerto acima, há uma realidade que se impõe e precisa ser medida. Custa mais que R$ 150 – e aqui não vai uma crítica, mas uma constatação da desigualdade do país.
Pesquisa do Instituto Todos pela Educação mostra que três em cada dez alunos de Ensino Médio da rede pública precisam trabalhar além de estudar e 17% já pensaram em largar a escola.
Dói que 7 a cada 10 tem o sonho de cursar uma faculdade, mas nem 40% conseguem.
Uma resposta
O problema não são as escolas, são os educadores, ajudaria muito uma boa base escolar e professores que ensinassem, não militantes travestidos de professores.