Está chegando um dos eventos que mais aprecio: Olimpíadas. É o grande espetáculo da superação da capacidade do corpo humano. Ou deveria ser. O atletismo russo está aí para provar a eficácia da química proibida. Me emociono em cada prova que assisto, independe do esporte. Conheço, por experiência própria (fui atleta amadora na modalidade arremesso de peso), os desafios para superar limites físicos e emocionais e a grande dificuldade que é chegar a uma competição.
Há uma discussão enorme acerca do legado de uma Olimpíada, com defensores e detratores. As cifras são astronômicas com a infraestrutura e, num país como o nosso, com tantas carências em setores básicos, como saúde, parece uma indignidade realizar os jogos por aqui. Por outro lado, há quem diga que, se o evento em si não se paga, os ganhos com o turismo e as obras realizadas amenizam tal impacto. Também apontam o ganho em imagem pública para o país. Veremos o que irá resultar!
Uma das mais bonitas aberturas de jogos olímpicos que assisti pela TV foi a de Barcelona. Essa é a Olimpíada referência para os que apostam nos benefícios da realização desse evento. Os organizadores afirmam que ela gerou resultados positivos para o país, em destino turístico posterior, valorização do mercado imobiliário e, no curto prazo, grande visibilidade para a Espanha.
Estive em Barcelona após a grande festa do esporte. Fui a um congresso de Relações Públicas e um dos palestrantes foi o coordenador do espetáculo de abertura dos jogos. É impressionante a grandiosidade do esforço de mobilização de pessoas com disposição para fazer acontecer uma Olimpíada. Também visitei a Vila Olímpica, posteriormente comercializada como um bairro residencial. Se não foi fácil para a velha senhora europeia adequar-se às exigências para realização de tal feito, imagine o nosso jovem país tropical.
Estamos tão escaldados com os escândalos envolvendo corrupção nas grandes obras no Brasil que até duvidamos que possa haver algo de bom nessa competição esportiva. É preciso lembrar o significado de uma Olimpíada: a união dos povos e raças com um símbolo – os cinco aros entrelaçados – evocando os cinco continentes e suas cores. Estamos falando de paz, de amizade, de bom relacionamento entre os povos, quase um bálsamo nestes tempos de violência mundo afora.
Eu prefiro olhar para outro ângulo. Um ângulo que me ajudou na formação como cidadã. Aprendi, através do esporte, a ter disciplina com horários, levar a sério regras e normas, ir além dos meus limites. Mas também aprendi, principalmente, que as conquistas nunca são individuais. Ninguém ganha sozinho o ouro olímpico.