A deputada estadual Patrícia Alba (MDB) confirmou com exclusividade ao Seguinte: que é pré-candidata a deputada federal nas eleições de 2026. O anúncio coloca a parlamentar de Gravataí entre os nomes centrais da estratégia do MDB gaúcho para renovar sua bancada na Câmara dos Deputados.
– Eu quis. É um sonho desde que fui eleita – disse Patrícia, contrapondo análises que apontam a decisão como uma estratégia de sobrevivência política do grupo liderado por seu marido, o ex-prefeito Marco Alba, que planeja disputar uma vaga (mais acessível) na Assembleia Legislativa em 2026 — e, potencialmente, retornar à disputa pela Prefeitura de Gravataí em 2028.
Com pautas de alcance nacional, Patrícia destaca temas como os direitos das mulheres, o apoio a mães atípicas, a busca por justiça tributária e sua intenção de participar da construção do plano nacional de educação para os próximos 10 anos.
– Minhas pautas são nacionais – afirma a hoje presidente da Comissão de Educação da Assembleia Legislativa do RS, que falou ao Seguinte: de Brasília, onde participaria de uma conferência sobre o novo plano nacional de educação, suspensa devido ao Congresso Nacional restar sequestrado por parlamentares bolsonaristas.
Apesar da postura técnica e voltada para políticas públicas, Patrícia também reconhece que a disputa pela Câmara envolve articulações pragmáticas. Questionada sobre os R$ 200 milhões em emendas parlamentares que cada deputado federal pode liberar durante o mandato, foi direta:
– Não acho que é o papel principal do legislador. Muitos só trabalham com isso, compram a eleição e não se envolvem em nenhuma pauta polêmica. Não concordo com isso. Mas, caso eleita, é claro que destinarei as emendas a Gravataí e nossa região.
No ‘top 4’ do MDB
A pré-candidatura de Patrícia Alba se insere no redesenho estratégico do MDB no Estado. Com a saída de Osmar Terra para o PL, a aposentadoria de Marcio Biolchi e a não candidatura de Giovani Feltes, eleito prefeito de Campo Bom, o partido busca novos nomes para manter sua relevância em Brasília.
Ao lado do secretário estadual de Infraestrutura, Juvir Costella, e do presidente estadual do partido, Vilmar Zanchin, Patrícia é apontada como uma das três grandes apostas do MDB. Outro ativo é o deputado federal Alceu Moreira, que deve ser o puxador de votos da sigla, com projeções que ultrapassam 150 mil votos.
Nesse cenário, Patrícia já figura entre os ‘Top 4’ do MDB gaúcho, que terá o 15 nas urnas com o hoje vice-governador Gabriel Souza disputando o Palácio Piratini em 26.
Em Gravataí, até o momento, além dela só o vereador Dilamar Soares (Podemos) se coloca como pré-candidato à Câmara Federal.
Marco Alba e a sucessão em Gravataí
Perguntada, Patrícia reconhece a influência da eleição de 26 em 28. Evitando personificar a disputa, ela diz que o projeto vai além dos Alba.
– Uma eleição nos fortalece, mas não se trata somente da Patrícia e do Marco, e sim de um grupo político e social que sempre trabalhou pela comunidade e o futuro da cidade, sem quebrar a Prefeitura pelo imediatismo dos interesses particulares – afirma.
Ela ainda defendeu os governos do marido, dizendo que “nos orgulham os governos transformadores do Marco”, e relembrou a primeira eleição do atual prefeito Luiz Zaffalon, do qual Marco foi o ‘Grande Eleitor’: “A população aprovou, tanto que elegeu um sucessor de fora da política, algo não natural, raro até, imaginando a continuação de um modelo”.
Analiso.
Patrícia tem horror à ditadura, mas a decisão do casal lembrou-me uma história de 1978.
Um grupo de parlamentares –– entre eles Ulysses Guimarães –– começou a se animar com a ideia de lançar um militar ‘arrependido’ para enfrentar o candidato do regime, o general João Figueiredo, já ungido por Ernesto Geisel para sucedê-lo.
A aposta dos dissidentes civis e fardados, articulada pelo general Hugo Abreu, ex-chefe da Casa Militar, recaía sobre o general Euler Bentes Monteiro. Foram sondar Tancredo Neves, que ouviu com atenção e, com o humor mineiro, fez uma pergunta desconcertante:
– O Hugo Abreu não é aquele oficial paraquedista?
Confirmaram que sim.
Ele então arrematou com uma sentença definitiva:
– Pois vejam… Eu, que paro, olho e penso muito antes de descer um simples degrau, como é que vou me meter com um sujeito que pula de um avião, lá do alto, sem ter asas?
Ao fim, assim como Tancredo evitou os seus de ‘pular do avião sem asas’, reputo a decisão dos Alba, sejam quais forem os motivos, resta prudente e pragmática.
E com potencial para a história terminar com os dois aterrisando eleitos.
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