Dos mais de mil policiais militares que se formam nesta quarta, entre 30 e 40 devem reforçar a Brigada Militar de Gravataí, que hoje sobrevive com apenas 25 PMs por turno para policiar 463,5 km² de território. A expectativa foi revelada há minutos, com exclusividade para o Seguinte:, pelo comandante do 17º BPM, Vanderlei Padilha.
– Já dá para fazer a diferença – comemora o sempre otimista e entusiasmado tenente-coronel, com uma experiência de quase uma década na aldeia, mas atualmente se virando para administrar apenas 1 PM para cada 10 mil habitantes na terceira economia gaúcha.
Conforme nota do Governo do Estado, os PMs já estarão nas ruas nesta semana. Mas as cidades de destino dos policiais ainda não foram comunicadas oficialmente pelo comandante-geral, coronel Andreis Silvio Dal`Lago, apesar da prioridade para a região metropolitana e seus altos índices de criminalidade.
Há dez dias, um minuto de silêncio pela morte do policial civil Rodrigo Wilsen da Silveira serviu de eco para o grito de Gravataí por mais segurança, em reunião do Gabinete de Gestão Integrada Municipal que mobilizou a Prefeitura e a cúpula das polícias na aldeia e região.
O prefeito Marco Alba (PMDB) encomendou à BM, Polícia Civil, Polícia Rodoviária Estadual e Corpo de Bombeiros estudos sobre a falta de policiais para levar ao governador José Ivo Sartori.
– Até esta sexta teremos os números – prevê o secretário de Segurança de Gravataí, coronel Flávio Lopes, que é ex-comandante do 17º BPM e informa que, como antecipou o prefeito, a reunião com o Governo do Estado será marcada antes da próxima reunião do GGI-M, marcada para daqui a 30 dias.
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Faltam 352 policiais
Na reunião do dia 6, tanto o comandante do 17º BPM, quanto o delegado regional da Polícia Civil Volnei Fagundes não falaram publicamente sobre dados definitivos da falta de efetivo. Mas o Seguinte: teve acesso a números preliminares mostrando um déficit de 352 policiais.
Só para se ter uma idéia do caos, há hoje policiando as ruas de Gravataí, a cada turno, apenas 25 PMs. A média é de um policial para cada 10 mil habitantes. Ou um para cada 18 Km² dos 463,758 km² de território urbano e rural.
O 17º BPM, que já teve 281 PMs no pré-GM, hoje tem 187. O ideal seriam 464. Tirando da conta os brigadianos que estão nas patrulhas, outros 86 se dividem em serviços administrativos de função exclusiva para militares, como a central de rádio, a distribuição de armas e a guarda do quartel, por exemplo. 16 PMs também precisam cobrir Glorinha, sob a jurisdição de Gravataí.
Como o Seguinte: já tinha revelado com exclusividade, o 17º BPM perdeu 100 policiais entre 2014 e 2017, entre pedidos de demissão, transferências e aposentadorias. Se não houver a reposição, a coisa vai piorar ano a ano: a previsão é de cinco aposentadorias este ano, e mais 21 entre 2018 e 2019.
– É o mesmo problema de toda região metropolitana, mas nossa dificuldade é maior por termos a terceira maior população depois de Porto Alegre e Canoas, um território só menor que Viamão e, com duas RSs e uma BR, fácil acessibilidade e rotas de fuga para criminosos que vem também de outros municípios – alertou, na reunião, o comandante da BM.
Só 40 policiais civis nas ruas
Na ainda enlutada Polícia Civil, o drama é o mesmo. Conforme o levantamento a que o Seguinte: teve acesso, há um policial para atender a cada 1,8 mil ocorrências. Para fazer frente, cada PC teria que resolver cinco queixas por dia, sete dias por semana, durante um ano.
Descontando delegados, plantonistas e o serviço administrativo, não mais de 40 PCs atuam nas ruas.
– Uma média aceitável é de um policial para 250 ocorrências – observou na reunião o delegado regional, que comanda apenas 76 policiais civis, de um mínimo necessário de 114 e um ideal de 151.
Na comparação com a média dos municípios gaúchos levando em conta os 5 mil PCs na ativa, Gravataí deveria ter 124.
– E aqui temos os maiores índices de homicídio e roubo de veículos da região metropolitana – advertiu, apontando que Gravataí tem mais da metade do número de assassinatos e de roubos que Porto Alegre, e se retroalimenta de um círculo vicioso do crime.
– Em 33 anos nunca se prendeu tanto. Diariamente a DPPA (delegacia de ponto atendimento) está cheia de presos aguardando vagas em presídios. E essas vagas só surgem porque alguém é solto para possivelmente ser preso de novo – alertou.
Faltam 23 bombeiros
Na PRE, que ainda vai apresentar ao GGI-M o número de patrulheiros, há apenas 16 policiais, o que permite no máximo duas guarnições por turno nas ruas. No Corpo de Bombeiros, há 19 para uma necessidade de 42.
Guarda hoje é maior que BM
Como o Seguinte: já tinha antecipado, há hoje em Gravataí mais guardas municipais do que PMs. O efetivo é de 199 e mais 41 estão sendo recrutados e começam o treinamento este ano.
Assista aos vídeos da reunião do GGI-M