Vereadores que tiveram acesso aos autos das operações Proximidade e Ousadia pedem nesta segunda feita autorização à 4ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça para utilizar as supostas provas de corrupção em um novo processo de cassação do prefeito Miki Breier (PSB), afastado do cargo por 180 dias, como reportei em artigos como O assassinato da reputação política de Miki; Prefeito de Cachoeirinha é afastado e chefe do MP fala em mesada e malas de dinheiro.
– Como o processo penal segue em segredo de justiça, por cautela pediremos compartilhamento das provas para apresentar uma medida político-administrativa como CPI ou, o mais provável, impeachment – explicou ao Seguinte: na noite deste domingo o advogado Adriano Luz, que representa os vereadores Nelson Martini (PTB), Mano do Parque (PSL) e Edison Cordeiro (Republicanos).
– Com bons advogados, o processo criminal pode se arrastar por anos. Por isso a preocupação dos vereadores, e minha como cidadão, de que o legislativo aja rápido, para não permitir que o município siga sob comando dessa gente – acrescenta o criminalista, que montou o pedido de impeachment apresentado pela ex-vereadora Jack Ritter (Cidadania) e derrubado pela Câmara, como analisei em artigos como Vereadores barram 3º impeachment de Miki: por enquanto é música no Fantástico, não escândalo; O Bruxo Silvio e as 96h de Josef K e links relacionados.
Na quarta-feira o desembargador Aristides Pedroso de Albuquerque Neto aceitou pedido dos parlamentares para acessar, “sem restrições”, a denúncia feita pelo Ministério Público estadual que pede que Miki, e sua suposta orcrim, tornem-se réus por fraudes em licitações, superfaturamento de contratos e recebimento de propina.
Adriano Luz analisou o material, que conforme ele contém documentos, mensagens de celular, vídeos e depoimentos gravados compilados em 11 dvds, e apresentou um resumo aos vereadores, que ainda não autorizaram a divulgação pública.
– Em quase 10 anos de advocacia, prioritariamente na área criminal, pós graduado em ciências criminais e mestrando em ciência criminológicas e forenses, nunca me deparei até hoje com denúncia tão bem formulada, tão minuciosa e tão robusta. O MP fez um excelente trabalho – diz, não acreditando que a defesa de Miki consiga a recondução ao cargo e a anulação da denúncia, pedido e estratégia que revelei na noite de sexta no Seguinte: em EXCLUSIVO | Miki pede recondução à Prefeitura de Cachoeirinha; É absolutamente inocente, diz defesa ao pedir anulação de denúncias sobre ’mesadão do lixo’.
– Sei o que estou dizendo é diferente dos advogados de defesa, mas vai por mim: a coisa é muito séria. Não queria estar na pele do Miki e de seus advogados. Literalmente é tentar defender o indefensável – avalia o advogado, que aposta em uma renúncia do prefeito eleito.
– Se vereadores não abriram o impeachment por não ter certeza da existência das provas, agora tivemos o acesso a um vasto conjunto probatório. O prefeito deveria renunciar para cuidar de sua defesa. Vai ser vexatório quando o material for tornado público – conclui Adriano Luz.
Ao fim, como antecipei no artigo de sexta, será uma semana decisiva para o futuro de Miki Breier, com possibilidade de recondução ao cargo e anulação das operações, mas também de abertura de impeachment.
Fato é que, até o momento, só temos narrativas. Nenhuma das supostas provas foi tornada pública.
Como não sou daqueles que permite aos políticos apenas a presunção de culpa, sou São Tomé e seu “se eu não vir a marca dos pregos nas mãos de Jesus, se eu não colocar o meu dedo na marca dos pregos, e se eu não colocar a minha mão no lado dele, eu não acreditarei. Quero ver para crer”.
Sigo a escolha moral do “melhor um ladrão solto, do que um inocente preso”.
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