A expectativa era grande no meio político sobre um possível lançamento do Dr. Levi como candidato à Prefeitura de Gravataí, no ato de filiação do Podemos, neste sábado, no CTG Aldeia dos Anjos. Não aconteceu. O que o vice-prefeito e o prefeito Luiz Zaffalon (PSDB) manifestaram foi unidade e a indesmentível intenção de reeleição da chapa.
– Gravataí precisa da continuidade do projeto Zaffa e Levi – resumiu o vereador Dilamar Soares, principal articulador da montagem do partido, que entrega estruturado, com nominata completa de candidatos à Câmara e objetivo primeiro de dar sustentação política à reedição do Zaffa-Levi.
Além do vice-prefeito e Dila, que negocia com o presidente estadual Romildo Bolzan a liberação, sem risco de perder o mandato por infidelidade partidária, para se desligar do PDT e se filiar ao Podemos antes da janela de transferências de março, a sigla conta com o ex-vice-prefeito Francisco Pinho, o secretário da Agricultura Denner Gelinger e o ex-vereador Paulinho da Farmácia, este seguindo seu padrinho, o ex-senador Sérgio Zambiasi, que ensaia voltar à política.
A cúpula do Podemos no Estado também participou do ato, assim como o ex-deputado federal Maurício Dziedricki, não reeleito por apenas 800 votos após sair do PTB para construir o partido em 2022.
A presença, participação na foto oficial e afinidade com Levi também levanta a suspeita de que o vereador Policial Federal Evandro Coruja, bolsonarista-raiz, possa trocar o PP – que está na base do governo Lula – pelo Podemos, que integra o governo Eduardo Leite (PSDB) mas é oposição nacional; se o PP apoiar Marco Alba (MDB), e não Zaffa, a desfiliação é uma certeza.
Já tinha observado a preferência de Zaffa por Levi e vice-versa em Por que a parceria Zaffa-Zambiasi é o hit para repetição da chapa com Dr. Levi em Gravataí.
Assim como já apresentei evidências de que o Republicanos, de onde se desfiliou Levi, também vai disputar a indicação para vice de seu recém presidente e vereador mais votado, Bombeiro Batista – mais discretamente presente ao ato de filiação, ao lado dos vereadores Demétrio Tafras (PSDB), Clebes Mendes (MDB), Roger Correa (PP) e Bino Lunardi (PDT); leia em Vereador Bombeiro assume presidência do Republicanos de Gravataí e sobe na magirus para disputar vice de Zaffa; Ausência confirma que Dr. Levi está fora.
Em Escolha partidária de Dr. Levi coloca sob teste reedição da chapa com Zaffa; A III Guerra Política de Gravataí e o ‘Deus morreu, tudo pode’ reportei que o presidente estadual, deputado federal e pastor Carlos Gomes, que é o grande ‘bispo’ do partido da Igreja Universal do Reino de Deus no Rio Grande do Sul, profetizou em post do vereador e ex-presidente, pastor Fábio Ávila, que o Republicanos deve ter candidato “se não para prefeito, pelo menos o vice”.
Ao fim, o Podemos chega com força em Gravataí, enquanto também se estrutura – com a filiação de vereadores – em outros municípios da região metropolitana, como Cachoeirinha, com o parlamentar de segundo mandato Marco Barbosa, por exemplo.
Fato é que o vice-prefeito – e Dila, que percebeu as articulações para quebrar a chapa Zaffa-Dr. Levi; leia em A crise da ‘barriga de aluguel’ na base de Zaffa em Gravataí: o risco de Dr. Levi a prefeito e Dila ‘com Alba, Bordignon e Dimas no inferno, mas nunca com Cláudio Ávila no paraíso’ – não ficou parado com ‘cara de Levi’ (descrição que criei para as feições pouco expressivas do médico frente a articulações políticas) e foi à guerra.
Com um sorriso, como todos viram no ato com pelo menos 200 filiações. Resta agora em um dos partidos mais estruturados de Gravataí, onde é bispo e vai ser o presidente municipal, o que torna difícil qualquer aventura para impedir a reedição da chapa Zaffa-Dr. Levi.
Já Zaffa experimenta mais um dos tantos ‘bem-vindo à política’ após a deflagração da III Guerra Política de Gravataí: Zaffa x Alba, pós Abílio x Oliveiras e Bordignon x Stasinski: para além do estreitamento de amizades, o necessário estreitamento de inimizades.
No caso, com Dr. Levi, amizade.