Quem passou no meio desta tarde (31/3) pela avenida Flores da Cunha e não viu a mobilização dos grevistas na frente da Prefeitura de Cachoeirinha poderia até pensar que o movimento terminou. Só que não! Os funcionários em greve há 25 dias – inclusive os três que estão desde segunda, dia 27, em greve de fome – passaram a tarde em uma mobilização com servidores de várias categorias, principalmente professores, na Escola Municipal de Ensino Fundamental Castro Alves.
O grupo intensificou as ações visando conquistar mais adesões ao movimento e está chamando para a próxima segunda-feira (3/4) uma paralisação geral em todas as áreas da Prefeitura, inclusive saúde, guarda municipal, agentes de trânsito e servidores administrativos. É uma forma de testar quanto a greve saiu fortalecida depois do enfrentamento de ontem em frente à Câmara de Vereadores.
: Ana Porto Alegre (de verde) foi detida no confronto de ontem na frente da Câmara e ficou na DPPA até o fim da tarde
Cerca de 300 pessoas estavam no pátio da Escola Castro Alves para ouvir manifestações das lideranças grevistas. Como Ana Porto Alegre, em greve de fome e detida ontem pelos policiais militares, que foi longamente aplaudida em pé quando contou o que aconteceu e conclamou os servidores e trazerem mais colegas para dentro do movimento.
Ana, que foi levada com mais dois colegas para a Delegacia de Polícia de Pronto Atendimento (DPPA) no Parque dos Anjos (Gravataí), considera que a detenção foi política e arbitrária, sem fundamentação legal.
— Nós não fizemos nada. Fomos agredidos física e moralmente, e a nossa prisão foi uma arbitrariedade política, sem qualquer base legal — acusa a servente de escola, concursada e funcionária da Prefeitura há 11 anos.
Assista ao video com a fala de Ana Porto Alegre na Castro Alves.
Movimento fortalecido
— Nossa luta não é armada, não usamos armas, e não tem rei em Cachoeirinha. Nossa cidade não tem dono e queremos apenas o que é nosso — gritou ao microfone a professora há mais de 20 anos Valdete Moreira Silva, ou simplesmente Val.
Ela aproveitou o ato público para denunciar que foi agredida pelos policiais do Batalhão de Choque da Brigada Militar e que, além do ferimento no olho direito ainda foi atingida por choque de uma arma taser.
Para Valdete o movimento saiu fortalecido depois do enfrentamento de ontem porque os ataques, garante, não foram contra ela ou um e outro funcionário, mas contra toda categoria do funcionalismo público municipal. Ela garante que os grevistas estavam em menor número quando começaram a ser agredidos e que o protesto que faziam era pacífico.
— A gente estava querendo garantir o ingresso de colegas no plenário, para assistir à votação do projeto que cortou o vale-alimentação da maioria dos funcionários.
: Valdete diz que um estilhaço de uma bomba jogada pela Brigada Militar lhe atingiu o olho direito
De acordo com Valdete Moreira a agenda para a próxima segunda ainda está em construção pela comissão de greve do Sindicato dos Municipários de Cachoeirinha (Simca).
— Mas queremos 100% de adesão. Depois do que aconteceu é mais do que importante que cada um dê sua contribuição para que a gente possa chegar à vitória o mais breve possível.