Glorinha registrou o primeiro caso de infecção por COVID-19. É um aposentado de 67 anos, que tem residência também em Porto Alegre, mas fica a maior parte do tempo em uma propriedade do Capão Grande.
É um caso comunitário, mas não se sabe se contraído na Capital, ou no município, já que o paciente não viajou neste ano para fora do estado ou país.
– Pedimos calma, que a população cultive os hábitos de higiene, fique em casa e só saia para fazer compras em casos de extrema necessidade e usando máscara, mesmo que caseira – recomenda o secretário da Saúde Marcio Centeno.
O aposentado procurou atendimento no hospital Moinho de Vento, foi testado e recebeu a orientação para ficar em isolamento domiliciar, onde hoje se encontra, em Glorinha, com sintomas médios da doença.
A Secretaria da Saúde acompanha o caso.
– Falei com ele e a família. Estão bem – informou o prefeito, por telefone, nesta tarde.
O primeiro caso de Glorinha é de idoso, diferente do que tem sido registrado em Gravataí e no Rio Grande do Sul, o que tratei ontem em O perfil dos infectados pela COVID 19 em Gravataí; de 11 para 330 casos?.
A média de idade dos infectados é de 41 anos e 56% precisaram ser internados com síndrome respiratória aguda grave apenas um era idoso. A idade média de internação é de 43 anos.
Darci Lima da Rosa decretou em Glorinha o isolamento social conforme o calendário do Decreto 55.154, publicado em 1º de abril pelo governador Eduardo Leite e com recomendação de cumprimento pela Procuradoria Geral de Justiça sob ameaça de responder por crime de responsabilidade (que pode levar à cassação), como aconteceu também em Gravataí, e tratei em O que levou Marco Alba a anunciar abertura de empresas; o ’crime’.
A construção civil e a indústria estão funcionando. A Fibraplac, a ‘GM de Glorinha’, que responde por quase metade da receita de R$ 30 milhões, mantém os 600 funcionários, conforme o prefeito respeitando as normais sanitárias determinadas no decreto.
O comércio reabre dia 16 e as aulas e o funcionamento normal do serviço públicos retornam às atividades dia 30, caso o Governo do Estado não prorrogue as datas.
– As pessoas estão ficando em casa – avalia Darci, que reforçou a rede de saúde para receber casos suspeitos da COVID-19 com mais um médico (agora tem dois) e recrutou motoristas e funcionários de serviços e da educação para a saúde, além da compra de equipamentos de proteção individual (EPIs) para todos os profissionais.
O investimento calculado pelo prefeito é de quase R$ 1 milhão. Do governo federal, Glorinha recebeu apenas R$ 17 mil.
– Não paga o álcool gel – compara, também alertando para o ‘contágio econômico’ hoje e em 2022, quando impacta no retorno dos impostos para Glorinha o movimento da economia em 2020.
– Vamos perder pelo menos R$ 10 milhões. É um terço da receita. O ano está perdido – lamenta, informando a suspensão de obras como os dois quilômetros de pavimentação da estrada do Maracanã, calçamento de ruas, rotatórias e praças em andamento ou projetadas com verbas de emendas parlamentares e contrapartidas da Prefeitura.
–Estávamos iniciando a construção de um ginásio de R$ 1,2 milhão, com R$ 700 mil de contrapartida municipal, mas precisamos suspender a obra.
Uma das estratégias de Glorinha para evitar o contágio com o novo coronavírus foi a vacinação em casa dos cerca de 2,5 mil idosos, além dos profissionais da saúde. Equipes foram até os bairros nas últimas duas semanas visitando idosos cadastrados. Também foi pedido que as famílias pendurassem panos brancos nos portões.
– Foi um esforço em um município com 400 quilômetros de estradas, mas conseguimos vacinar todos – informa o prefeito.
Sobre política, Darci Lima da Rosa responde assim sobre a candidatura à reeleição:
– O (Luiz Henrique) Mandetta disse que médico não abandona seus pacientes. Eu, como gestor público, jamais vou abandonar as pessoas nesse momento terrível.
A mensagem de Darci no pequeno ‘Paraíso entre a Capital, a Serra e o Mar’ é a mesma da megalópole Nova Iorque, e do mundo:
– Fiquem em casa! – apela, sugerindo principalmente aos idosos que peçam ajuda a familiares ou amigos para fazer compras e ir ao banco.
Glorinha faz parte da metade do Brasil que, conforme levantamento da Fundação Getúlio Vargas, não tem estrutura de hospitalização para internar pacientes com COVID-19. Os hospitais de referência para tratamento são a Santa Casa e o Clínicas, em Porto Alegre; e o Universitário, em Canoas.
O Hospital Dom João Becker, de Gravataí, só faz a 'estabilização' do paciente até a liberação de leitos nos referenciados – e para esse período de internação Glorinha está ajudando, como contei em Glorinha cede respirador para Gravataí; agora é 1 para cada 11 mil pessoas.
Por consequência, Glorinha faz parte dos 90,2% dos municípios sem leitos de UTI, conforme dados de janeiro de 2020 do Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES). O Brasil possui leitos em unidades de terapia intensiva em apenas 545 dos 5.570 municípios. Desses 550, apenas 482 cidades têm vagas disponíveis pelo SUS, ou 8,6% do total nacional.
Ao fim, é um caso da COVID-19 em uma população estimada pelo IBGE em 8.098. Só que especialistas, como Margareth Dalcomo, peneumologista da Fiocruz e a principal referência da área no Brasil, calculam que o cálculo mínimo, para aproximar os municípios da testagem feita pelas capitais, onde está a maioria dos hospitais de referência para tratamento da COVID-19, é de 1 para 30.
Aplicando a fórmula, seriam 240 suspeitos e 30 casos.
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