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GM não vai embora, dizem sindicatos; Gravataí ainda terá reunião

Valcir Ascari, em assembleia na GM de Gravataí | Foto ARQUIVO

Enquanto o Sindicato dos Metalúrgicos de Gravataí aguarda confirmação de agenda para segunda ou terça da próxima semana, os sindicalistas de São Caetano do Sul e São José dos Campos, onde a General Motors tem fábricas em São Paulo, saíram nesta tarde da primeira rodada de reuniões com representantes da General Motors garantindo que um pinote do Brasil está descartado.

Não é um "não" oficial, já que a montadora segue não se manifestando sobre a polêmica, revelada pelo Seguinte: após comunicado da presidência afixado nos murais da fábrica gravataiense – que é responsável por quase metade da arrecadação do município. E, o que confirmado será uma notícia tranquilizadora, ainda carrega incertezas para Gravataí: se valer para a fábrica local o alerta que teria sido feito na reunião por executivos da montadora, de que “possíveis aportes estarão relacionados a condições favoráveis de produção”, pode estar comprometido o ‘show do bilhão’ anunciado em 2017 – onde para o lançamento de um novo carro, dos R$ 1,4 bi projetados para investimentos, somente um terço já teria sido aplicado na adaptação das plataformas que hoje produzem o Onix (líder de vendas no mercado brasileiro) e o Prisma (também o mais comercializado em seu segmento).

O encontro ocorreu depois que o presidente da companhia no Mercosul, Carlos Zarlenga, alertou trabalhadores do Brasil sobre o que considera um “momento crítico”, reproduzindo reportagem publicada nos Estados Unidos que menciona que a presidente mundial da montadora, Mary Barra, deu sinais de que está considerando sair da América do Sul, onde mantém fábricas no Brasil e na Argentina. No comunicado aos funcionários, Zarlenga disse que “investimentos e o futuro” do grupo na região dependem da volta da lucratividade das operações ainda em 2019.

Comentei no Seguinte: nesta segunda, no artigo abaixo. Leia, e depois siga.

 

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A preocupação com o tema, que motivou a reunião, é reflexo do plano de reestruturação da empresa, anunciado em novembro passado, e que deve fechar neste ano cinco fábricas nos Estados Unidos e Canadá. Na ocasião do anúncio, a GM informou também que mais duas unidades fora da América do Norte seriam fechadas, mas não revelou os locais na época.

– Estamos flexíveis à negociação, mas sem abrir mão dos direitos dos trabalhadores. Viemos para o diálogo, mas não vamos aceitar que uma crise, que nem existe, seja descarregada no ombro do trabalhador. Fazemos oposição à reestruturação que trate os direitos dos operários como empecilho à produção. É bom lembrar que a GM é líder de vendas no país – disse, lembrando que a montadora detém uma fatia de 17,8% do mercado nacional, o presidente do sindicato em São José, Renato Almeida, que foi acompanhado na reunião pelos prefeitos de seu município, Felício Ramuth e de São Caetano, José Auricchio Jr.

Em entrevista ao Seguinteagora há pouco, Valcir Ascari, o ‘Quebra-Molas’, presidente do sindicato de Gravataí concordou com o colega paulista, apesar de mais comedido ao responder sobre as suspeitas de se tratar de um blefe da montadora para negociar mais incentivos com governos federal, estadual e municipais, ou frear o ímpeto dos funcionários na data-base de março.

– Antes de tudo quero ouvir os caras – diz Valcir, que assim que a bomba explodiu no pátio da fábrica com a afixação do e-mail de Zarlenga, já fez contato com o diretor de relações sindicais e do trabalho da GM, Artur Bernardo Neto, que vai receber os sindicalistas.

Valcir lembra que a planta de Gravataí “é a mais enxuta” da América do Sul “e a que mais produz”.

– O mercado automobilístico é de altos e baixos. Aqui em Gravataí o terceiro turno vai e vem. Mas acredito que escapemos dessa.

O que preocupa Valcir nas negociações futuras é a troca de experiência com sindicalistas norte-americanos, que atestam que o fechamento de cinco fábricas da GM na América do Norte se deu também para reduzir custos com funcionários. Se nos EUA e Canadá se pagava um inicial próximo a 30 dólares a hora, no México se paga 10 dólares por dia – muito próximo do que acontece, por exemplo, em Gravataí.

– Infelizmente é assim, o capital vai onde ganha mais. E a vida do brasileiros está cada vez mais difícil depois da reforma trabalhista. É só notícia ruim. Só falta revogar a Lei Áurea – diz, citando o senador Paulo Paim, de quem, curiosamente, é quase um sósia.

A manchete do artigo que publiquei no Seguinte: nesta segunda, “O blefe da GM; quem paga esse almoço?”, parece estar com uma resposta cada vez mais próxima.

There is no free lunch.

'Free marmita', menos ainda.

 

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