O governo de Cachoeirinha reagiu à apresentação do novo pedido de impeachment contra o prefeito Cristian Wasem (MDB) e o vice-prefeito Delegado João Paulo Martins (PP), protocolado nesta quarta-feira (29) pelo mesmo denunciante, o policial militar da reserva e suplente de vereador Valdemir de Almeida, o Xereta.
Em nota enviada ao Seguinte:, o assessor especial do Gabinete do Prefeito, André Lima, classificou a nova denúncia como parte de uma estratégia orquestrada para desgastar o governo e retirar o prefeito do cargo por vias políticas.
“A nova denúncia, fato já sabido nos bastidores, apenas demonstra uma estratégia cadenciada para desgastar um governo que vem trabalhando pela municipalidade e, assim, por motivos políticos e pessoais, tentar trocar o comando do município. Claramente isso é uma tentativa de golpe”, afirmou André Lima.
A manifestação marca a primeira reação oficial do governo após a protocolização do segundo pedido de impeachment em menos de duas semanas — peça que sugere inclusive que o Legislativo requeira à Justiça o afastamento cautelar do prefeito durante a tramitação do processo.
Acusações ampliadas e vice no alvo
A nova denúncia, com 64 páginas, assinada pelo advogado Hendrix Gavião dos Santos (OAB/RS 118.155), amplia o escopo das acusações e inclui o vice-prefeito João Paulo Martins em supostos atos de irregularidades em contratos emergenciais e créditos fictícios.
O documento se baseia no Decreto-Lei nº 201/1967, que define infrações político-administrativas de prefeitos e vices, e aponta oito eixos de irregularidades — entre eles ameaças à Câmara de Vereadores, contratações sem licitação, pedaladas fiscais no IPREC, pagamento de despesas sem empenho e omissão de informações ao Legislativo.
A peça sustenta que Cristian e João Paulo teriam agido de forma “incompatível com a dignidade e o decoro do cargo”, pedindo que o Legislativo avalie inclusive o afastamento preventivo do prefeito por decisão judicial.
Crise tripla e clima de instabilidade
O novo pedido de impeachment surge no momento mais tenso do governo, que já enfrenta duas frentes simultâneas: o primeiro processo de cassação em andamento na Câmara e uma Ação de Investigação Judicial Eleitoral (AIJE) que será julgada pela 143ª Zona Eleitoral no início de novembro.
A AIJE apura abuso de poder político e econômico nas eleições de 2024, incluindo a distribuição de 14 mil pares de tênis, o repasse irregular de R$ 2,7 milhões durante as enchentes e suposto superfaturamento na compra de telas interativas.
Agora, com o novo pedido — que pode gerar dois processos de impeachment paralelos —, Cachoeirinha entra numa crise institucional sem precedentes desde a cassação do ex-prefeito Miki Breier (PSB).
Caso a presidente da Câmara, Jussara Caçapava (Avante), não arquive as novas denúncias, a votação acontece na sessão desta quinta-feira, a partir das 18h, e precisa de 12 votos entre os 17 vereadores — o primeiro pedido de impeachment foi aprovado na segunda-feira da semana passada por 13 a 4.
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