Cachoeirinha vai revitalizar a Avenida Telmo Silveira Dornelles e o Arroio Passinhos, após a Defesa Civil Nacional liberar nesta quinta-feira R$ 19,1 milhões para reconstrução da infraestrutura hidráulica na região. A iniciativa, que inclui ainda um investimento municipal de R$ 11 milhões em urbanização, promete transformar uma área historicamente vulnerável em um espaço seguro e integrado à comunidade.
Demorou, mas o diálogo entre os governos Cristian Wasem e Luiz Inácio Lula da Silva encontrou uma solução política e – o mais importante – técnica.
Explico.
Em janeiro, o governo federal negou a liberação de R$ 141,7 milhões para obras antienchente apresentadas pela Prefeitura, como reportei em Governo Cristian tenta liberar R$ 141,7 milhões para o pós-enchente negados pelo governo Lula; Conheça os projetos.
No pacote estava o “Projeto de Recuperação de Infraestrutura e Requalificação Urbanística do Arroio Passinhos”, orçado em R$ 27,9 milhões.
O argumento da Defesa Civil Nacional, que já tinha liberado R$ 3 milhões, era de que os recursos só poderiam ser destinados para ações de reconstrução, enquanto a intenção do governo municipal era incluir outras obras, como mostra abaixo a lista de projetos à época divulgada pelo Seguinte:.

Após meses de ajustes técnicos e reuniões em Brasília, chegou-se a um resultado para atender à comunidade da região: as intervenções complementares, que não se configuram como reconstrução, serão custeadas com recursos municipais.
No total, serão mais de R$ 30 milhões em obras na região.
O repasse federal de R$ 19,1 milhões, já autorizado pelo secretário nacional de Proteção e Defesa Civil Wolnei Wolff Barreiros, será destinado à primeira fase do projeto, focada em obras emergenciais: reconstrução de 880 metros do Canal Duplo do Arroio Passinhos, desobstrução do leito, recuperação de muros de contenção e pavimentação asfáltica.
Já a Prefeitura assumirá a segunda etapa, orçada em R$ 11 milhões, que inclui a criação de áreas de lazer, playgrounds, paisagismo e espaços de convivência às margens do canal.

O que dizem os governos
– Não se trata apenas de infraestrutura, mas de devolver dignidade e esperança – diz o prefeito Cristian Wasem (MDB), apontando o caráter social do projeto.
O prefeito avalia que o projeto é resultado de um esforço conjunto entre a equipe técnica municipal e a Defesa Civil Nacional, com destaque para a “reunião decisiva” em 29 de abril, quando ao lado do secretário de Planejamento, Paulo Garcia, apresentou os ajustes finais ao diretor de Obras da Defesa Civil, Paulo Falcão.
– Optamos por uma solução robusta, não por remendos – explica Garcia, enfatizando a integração das fases.
Conforme o prefeito, a estratégia busca não apenas resolver problemas crônicos de drenagem, mas também alinhar a obra ao Projeto Cachoeirinha 2050, ousado programa anunciado neste mês pelo governo; leia em Cachoeirinha 2050: os detalhes sobre onde prefeito Cristian vai investir meio bilhão em resiliência climática com financiamento de banco chinês e Cachoeirinha 2050: prefeito Cristian inicia articulação para construção de rodovia municipal em programa de quase meio bilhão; a Eletrovia.
O ex-vereador de Cachoeirinha David Almansa (PT), diretor de comunicação da Presidência da República e que foi candidato a prefeito em 24, considera a liberação dos recursos como um símbolo do compromisso do governo federal com a reconstrução de Cachoeirinha.
– O governo federal já tinha destinado R$ 3 milhões em 2024 e agora libera mais R$ 19 milhões somente para este trecho de 800 metros na Telmo Dornelles e Arroio Passinhos, mesmo com todos os prazos esgotados – diz.
– São verbas que já poderiam ter sido destinadas caso a Prefeitura não tivesse incluído no projeto obras que não eram de reconstrução e precisam ser solicitadas junto ao governo do estado, que é o gestor do fundo onde estão depositados os recursos federais – argumenta aquele que é o ‘embaixador’ do ex-ministro da Reconstrução do RS, Paulo Pimenta, acrescentando que “a Defesa Civil Nacional só pode liberar recursos para reconstruir o que foi destruído”.
Ao fim, narrativas, erros e acertos à parte, há de se comemorar que governo municipal e governo federal finalmente convirjam para apresentar uma solução adequada para um problema vergonhoso de Cachoeirinha, que já era alvo de cobrança do Ministério Público mesmo antes da enchente de 24.