crise do coronavírus

Gravataí, Cachoeirinha e prefeitos da região querem liberar eventos até 20 mil pessoas; A ’festa da covid’

Prefeitos Zaffa e Miki com Sebastião Melo na Prefeitura de Porto Alegre em janeiro de 2021 | Foto MATEUS RAUGUST | Prefeitura de Porto Alegre

É dos Grandes Lances dos Piores Momentos a proposta encaminhada ao Gabinete de Crise do Governo do Estado por Luiz Zaffalon (MDB), de Gravataí, Miki Breier (PSB), de Cachoeirinha, e os prefeitos de Porto Alegre, Alvorada, Viamão e Glorinha para a reabertura gradual de eventos até 20 mil pessoas.

Apesar da melhora nos indicadores, como tratei em ’Apesar de você’ Gravataí está superando a COVID; Junho teve menos casos e vidas perdidas, temos uma média de 2 vidas perdidas a cada 24h, nem 20% da população está vacinada e os municípios não tem condições de fiscalizar o cumprimento dos protocolos, além de em uma semana chegar o inverno – desde antes da pandemia a estação das UTIs lotadas.

Conforme nota da Prefeitura, “os municípios da Região 10 sugerem a realização de eventos com ingresso apenas de pessoas testadas e negativadas para covid-19 e, em um segundo momento, aquelas com esquema vacinal completo”.

Segundo calendário proposto, no período entre 19 de julho e 1º de agosto, seriam autorizados eventos com ocupação máxima de 50% do alvará ou do Plano de Prevenção e Proteção Contra Incêndio (PPCI) e limite de público de mil pessoas.

Entre os requisitos para realização estariam testagem do público no momento da entrada, agendamento de testagem por grupos e horários diferenciados, coleta de dados para rastreabilidade e autorização prévia da Prefeitura.

Após, até a segunda quinzena de agosto, podem ser liberadas atividades com 50% da ocupação máxima até 5 mil pessoas. A autorização seguiria avançando de forma gradual, com ocupação de 75% e público de 10 mil e, em setembro, chegar a 20 mil pessoas.

A última etapa, prevista para final de setembro, com ocupação máxima de público, exigiria, testagem na entrada ou esquema vacinal completo do público presente, além de autorização do município sede.

– Com a vacinação avançando e a disseminação da doença estabilizada, nos sentimos confiantes, eu e os outros prefeitos, em fazer essa proposta para movimentarmos a economia do setor de eventos e serviços. Tudo está sendo realizado com a máxima responsabilidade, atendendo padrões altos de segurança e, ainda, tendo como principal foco, a manutenção da saúde pública – justifica Zaffa.

Reputo um absurdo.

Por analogia, especialistas também, como mostra a reportagem de Antônio Collar e Luã Hernandez, em GZH O que pensam especialistas sobre a chance de volta de torcida nos estádios na Capital.

– Temos observado uma diminuição dos números de COVID, mas ainda temos números importantes de casos. O número de vacinados ainda é muito baixo. Então, achamos muito prematuro abrir essa possibilidade de volta do público aos estádios neste momento – alerta o presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), Juarez Cunha, que entende que o momento é de conseguir uma diminuição no número de casos de coronavírus, o que possibilitaria um alívio para a rede de saúde.

À reportagem, Cunha citou como exemplo países da Europa e os Estados Unidos. A Inglaterra tinha 80% da população vacinada quando começou a Eurocopa. E, mesmo assim, em 6 de julho a OMS informou que os casos no continente subiram em cerca de 10% durante o torneio após mais de 10 semanas de queda nos números.

Infectologista do Hospital de Clínicas de Porto Alegre e professor da Universidade Federal do RS (UFRGS), Luciano Goldani apontou outro problema a GZH: as aglomerações no entorno dos eventos.

– O grande problema que eu vejo é tudo o que gera o evento. Os bares que ficam em volta, o transporte público que leva gente até lá.

Como reportei em É covidiotia escolher qual vacina tomar, a ‘imunização de rebanho’ só é considerada quando 75% da população está imunizada com as duas doses.

– Ou até mais que isso – alerta Luiz Carlos Dias, professor titular do Instituto de Química da Unicamp, membro titular da Academia Brasileira de Ciências (ABC), comendador da Ordem Nacional do Mérito Científico e membro da força-tarefa no combate à COVID-19 daquela que está entre as 50 universidades de maior reputação da Terra; que não é plana.

A proposta dos prefeitos da R10, que libera do bailão do Veterano à WHall, e até lugares onde hoje já vale o slogan “O que se faz em Vegas, fica em Vegas”, é tragicômica ao exigir teste da COVID e comprovante de vacina.

Gravataí, por exemplo, não consegue fiscalizar nem festas clandestinas, como reportei em Aglomeração de ’Copacabana Palace’ em Gravataí; Pancadão da COVID depois derruba comércio em geral, sobre “casa noturna, que fica na ‘CB da Aldeia’, perto da Guarda Municipal e não tão longe da Brigada Militar, onde a galera desmascarada e, pela idade, não vacinada, se embola, rebola, bebe e, aí não dá para ver no vídeo se compartilha narguilé, ao som do pancadão. Sentado, conforme o protocolo sanitário, talvez só alguém descornado ou passando mal do trago ou do calor dos aerossóis humanos”.

Para piorar, já há 3 casos suspeitos da variante Delta, originária da Índia e considerada mais contagiosa, o que motivou o Governo do Estado a antecipar a segunda dose da Pfizer e Oxford/AstraZeneca, como tratei nesta terça-feira em Cachoeirinha é pioneira em antecipar segunda dose da vacina; saiba como fazer.

Assusta-me também os aplausos de vereadores de uma Câmara que perdeu um dos seus, Robertinho Andrade (PP), para a COVID, o que tratei em artigos como Vida perdida pela COVID: A história de Robertinho Andrade, vereador de Gravataí e Vereador de Gravataí luta pela vida: colega ’medicou-o’; Parem com curandeirismo, por favor!.

Ao fim, como Dr. Stockmann, de Um Inimigo do Povo, de Ibsen, sou crítico ao Sistema ‘3As’ para monitoramento da pandemia, que não é mais do que o sistema de colorir mapinha piorado.

Com os prefeitos fazendo força para acrescentar um quarto A, de aglomeração, resta esperar pela responsabilidade do governador em vetar.

Caso Eduardo Leite (PSDB) aceite, ao menos proprietários de casas noturnas não precisão ‘incluir’ no alvará sanitário a presença de guarda para garantir a segurança de que ninguém vai atrapalhar a ‘festa da covid’.

 

LEIA TAMBÉM

A ’despiora’ da COVID: platô é de 3 vidas perdidas por dia em Gravataí; São mortes com rosto, como os Denicol ou a profe Maura

Afinal, Gravataí está bem ou mal na vacinação?; O preto pobre e o rico branco como o atestado

Por favor, sem Copa América, prefeitos de Gravataí e Cachoeirinha; A cepa, a copa e o Silvio Santos

Abre tudo 24h: Zaffa apresenta novas regras para pandemia em Gravataí; ’Tudo que é licito pode funcionar’

A virulência da COVID em Gravataí: O mês que teve mais mortes que nascimentos

Participe de nossos canais e assine nossa NewsLetter

Facebook
WhatsApp
Twitter
LinkedIn
Pinterest

Conteúdo relacionado

Receba nossa News

Publicidade