RAFAEL MARTINELLI

‘Greve por subsídio’ que uniu empregados e patrões dos ônibus metropolitanos é encerrada com liberação de 42,8 milhões por Eduardo Leite; O juiz, o estudante, o gari e os dom quixotes

Foto Andreo Fischer

A ‘greve por subsídio’, que uniu empregados e patrões das concessionárias de ônibus, encerrou ao meio-dia desta segunda-feira com o anúncio da liberação de um aporte de R$ 42,8 milhões pelo governo Eduardo Leite (PSDB) para o transporte coletivo metropolitano.

A paralisação afetava os cerca de 3,5 milhões de usuários de Gravataí, Cachoeirinha, Canoas, Glorinha, Viamão, Alvorada e Nova Santa Rita e Viamão.

Desde quinta-feira as empresas Sogil, Transcal, Empresa de Transportes Coletivos Viamão, Soul e Consórcio de Transportes Nova Santa Rita operavam com 50% da frota nos horários de pico (das 5h30min às 9h e das 16h30min às 19h) e 30% no restante do dia.

A confirmação do auxílio emergencial, feita nesta manhã pelo vice-governador Gabriel Souza (MDB), permitiu o acordo entre o Sindicato das Empresas de Transportes Rodoviários no Estado do Rio Grande do Sul (Setergs) e o Sindicato dos Trabalhadores de Transportes Rodoviários Intermunicipais de Turismo e de Fretamento da Região Metropolitana (SindiMetropolitano), para pagamento de 6% de reposição salarial – metade retroativa a junho e metade em agosto.

Aí o porquê de minha descrição ‘greve por subsídios’ que uniu empregados e patrões: o percentual era a reivindicação dos trabalhadores, que as empresas condicionavam ao recebimento de recursos estaduais.

Conforme o sindicato, o fluxo deve normalizar nas próximas horas.

Em 2021 o Governo do Estado já tinha repassado R$ 88 milhões para o sistema de transporte metropolitano. Em 2022 eram previstos R$ 80,6 milhões, com R$ 37,8 milhões já pagos.

Os subsídios são para linhas intermunicipais e não tem relação com os mais de R$ 50 milhões já liberados pelas prefeituras para as concessionárias equilibrarem os contratos referentes e para segurar aumentos exorbitantes nas tarifas.

Leia a tuitada do vice-governador e, abaixo, sigo.

Ao fim, apanho bastante no Grande Tribunal das Redes Sociais por apontar a necessidade da ‘institucionalização’ do subsídio, municipal, estadual e federal do transporte coletivo.

É impopular, mas inevitável. Ao que parece, os políticos de diferentes lados da ferradura ideológica já se convenceram: subsídios foram liberados por governantes de direita, centro e esquerda; restam em parlamentos alguns dom quixotes que, aposto, estivessem no governo liberariam aportes, se nunca por gosto, pela estrita necessidade de manter o sistema em operação.

Fato é que não apareceu ainda alternativa para manter tarifas pagáveis na crise que vive o transporte coletivo desde a ‘tempestade perfeita’: o buraco calculado pelos patrões – que inclui o antes (uberização), o durante (lockdowns à brasileira) e o depois (combustíveis caros e guerra na Ucrânia) da pandemia – é de R$ 10 milhões mensais.

E quem paga, e precisa do serviço, é o pobre, que não tem a escolha de ir para o trabalho de carro próprio ou aplicativo.

Como sempre lembro, se em um ônibus tem um juiz aposentado, um estudante e um gari, é este quem paga. E é este mesmo gari que vai precisar do ônibus que pode, um dia, não chegar na parada.

Se alguém tem saídas, que não sejam apenas gritos contra moinhos de vento, gostaria de saber.


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