RAFAEL MARTINELLI

Guerra pela água: as 14 ações da Corsan na região metropolitana; O emergencial, o permanente e o principal, o rio. Dê-nos água, Leite!

O site do Governo do Estado publica a matéria Obras da Corsan garantem abastecimento de água mesmo com estiagem severa na Região Metropolitana, onde lista 14 ações contra a falta de água.

Para quem não acompanha a ‘guerra pela água’, Gravataí está em estado de emergência, e Cachoeirinha em estado de calamidade pública, como reportei no Seguinte: em ‘Guerra pela água’: Cristian decreta calamidade pública em Cachoeirinha; Bill Murray e o “dê-nos água, Leite” e Com perda de 4 milhões na agricultura, Gravataí decreta situação de emergência por conta da estiagem.

Reproduzo o material da Corsan e, abaixo, sigo insistindo no caráter emergencial das obras, quando é necessária uma solução permanente; sem ‘salvar’ o rio Gravataí, o que custa troco, a cada ano o problema se repetirá.

“(…)

Apesar da estiagem severa que afeta o Estado, a Corsan está garantindo a regularidade do abastecimento para cerca de 800 mil pessoas, nos municípios de Gravataí, Alvorada, Viamão e Cachoeirinha, na Região Metropolitana. O fornecimento de água é viabilizado por diversas obras que a Companhia vem realizando. Uma das intervenções recentes foi o desassoreamento do Canal DNOS, serviço que contribuiu de forma relevante para o aumento de volume de água no rio Gravataí, onde a Corsan mantém dois pontos de captação.

O Canal DNOS liga a Barragem do Incra – Assentamento Filhos de Sepé, localizada em Águas Claras (Viamão), até o rio Gravataí. A estrutura de 7,3 mil metros de extensão estava assoreada, o que praticamente impedia a vazão de água para o manancial. De 21 a 31 de janeiro, foi realizado o desassoreamento, com retirada de lodo e vegetação. Foram utilizadas seis escavadeiras hidráulicas no serviço, que apresentou resultados positivos antes mesmo de sua conclusão: o nível do rio Gravataí, que estava em -38cm no dia 21 de janeiro, registrou +50cm em 27 do mesmo mês, fato que teve influência direta dessa ação e de outras realizadas (mais detalhes abaixo). No período mais crítico, a Companhia precisou captar água na região mais profunda do rio, o chamado “volume morto”.

– Essa obra executada emergencialmente pela Companhia é importante e estratégica para funcionar como contingência para futuras estiagens que venham a afetar o rio Gravataí, e nos fornece maior segurança hídrica para as captações, além de possibilitar o fluxo e a vazão mínima para o rio, garantindo assim de forma indireta a vazão ecológica mínima para o rio e, consequentemente, o benefício para todo o ecossistema daquela bacia hidrográfica – diretor de Operações da Corsan, Milton Cordeiro.

Além do desassoreamento, a Corsan realizou outras obras emergenciais, como a construção emergencial de barramento no leito do rio Gravataí; o rebaixo de nível em barragem existente no curso de água, próximo a Glorinha; e a utilização de balsas para captação de água nos pontos mais profundos do rio.

Além disso, a Corsan executou e está executando, nos últimos anos, outras obras e ações para estruturar o sistema integrado de Gravataí e Cachoeirinha. Confira abaixo.

1. Novo reservatório com 3 milhões de litros de capacidade no bairro Morada do Vale, em Gravataí, beneficiando toda a população dessa região. A obra foi executada em tempo recorde, visto a nova tecnologia dos materiais empregados e o método construtivo. Ainda nesse local, foi realizada a adequação da subestação de energia elétrica que abastece a estação de bombeamento (EBA) 06;

2. Nova adutora em ferro fundido, com diâmetro de 400mm, no Passo dos Ferreiros, em Gravataí, trazendo maior confiabilidade ao sistema de abastecimento, visto sua execução em estrutura independente das pontes rodoviárias;

3. Nova adutora em ferro fundido, com diâmetro de 400mm, na rua Lino Estácio dos Santos, em Gravataí, agregando maior confiabilidade ao sistema de abastecimento da região dos bairros Rincão da Madalena e Auxiliadora;

4. Novo reservatório elevado e sistema de bombeamento no bairro Santa Cecília, qualificando o abastecimento nessa região de Gravataí, incluindo o bairro Quilombo, onde também foi instalado reservatório elevado;

5. Substituição de mais de 24 km de redes no centro de Gravataí, reduzindo significativamente os desabastecimentos decorrentes de rompimentos de redes;

6. Controle de pressões e vazões do sistema de abastecimento, por meio de centro de controle operacional e sistema de telemetria, possibilitando a rápida realização de verificações e diagnósticos de problemas no abastecimento, bem como a gestão de pressões visando à redução de perdas físicas;

7. Retrofit (técnica de revitalização de construções antigas) da entrada de energia da Estação de Tratamento de Água (ETA) e 2º recalque de Gravataí, implantando sistema supervisório e aumentando a confiabilidade do sistema elétrico de força que alimenta a ETA e bombeamentos;

8. Melhorias nas instalações elétricas e quadros de comando das estações de bombeamento, por meio do uso de inversores de frequência, possibilitando melhor ajuste da operação e diminuindo os riscos de transientes hidráulicos;

9. Melhoria no recalque de água bruta de Cachoeirinha, por meio de substituição de motores elétricos e rotores de bombas, o que conferiu um incremento de vazão de 60 litros por segundo. Essa melhoria possibilitou o aumento da vazão de tratamento na ETA Cachoerinha, beneficiando, também, a região oeste de Gravataí (aproximadamente 40% da população da cidade);

10. Execução de estrada de acesso à captação da ETA Rio Branco, em Canoas, permitindo o acesso de máquinas para limpeza e desassoreamento da captação, beneficiando o recalque de água bruta para Cachoeirinha e, por consequência, aumentando a confiabilidade do sistema de abastecimento integrado Gravataí-Cachoeirinha (Sigrac);

11. Novas adutoras de água tratada em ferro fundido, com diâmetro de 600mm, em Cachoeirinha, qualificando o abastecimento do centro de reservação Vista Alegre e, por consequência, da região oeste de Gravataí (bairros Morada do Vale e região);

12. Nova adutora em ferro fundido, com diâmetro de 600mm, desde a ETA Gravataí até o centro de reservação Ciprestes. Obra já contratada, em fase de mobilização da empresa vencedora da licitação. Permitirá uma melhor recuperação e manutenção dos níveis do sistema de abastecimento de Gravataí e, por consequência, diminuirá os eventos de desabastecimento no município;

13. Execução de nova ETA e reservatórios em Viamão (sistema Lami), permitindo o aporte de aproximadamente 800 litros por segundo de água tratada da ETA Alvorada para o município de Gravataí.

14. Ainda, há obras e aquisições em fase final de licitação: uma nova adutora de água bruta em ferro fundido, com diâmetro de 800mm, desde Canoas até a ETA Cachoeirinha, que garantirá maior segurança operacional ao sistema e aumento da vazão de água bruta e, consequentemente, de água tratada ao sistema Sigrac; além da aquisição de diversos bombeamentos para qualificação do abastecimento de água bruta e tratada em Gravataí e Cachoeirinha.

(…)”

Sigo eu.

Como alertei em Guerra pela água: é raso e útil associar o ‘povinho’ que suja o rio com a falta de água; O problema é outro. Dê-nos água, Leite!, se limpar agora o rio, não muda nada na falta de água de todos os anos.

É mais uma solução emergencial como as que foram tomadas pela Corsan – e, por justiça, confirmo deram certo, como detalho em artigos como ‘Guerra pela água’: estamos vencendo a batalha do verão; Rio Gravataí está a 5 centímetros de sair do ‘nível crítico’ com obras emergenciais da Corsan e Limpeza do canal ‘vilão’ do rio Gravataí é mais uma batalha, mas longe do ‘Dia D’ na ‘guerra pela água’; Dê-nos água, Leite!.

Assim como, apesar de importante, não resolve a Corsan investir em adutoras e estações de tratamento se o Governo do Estado, o responsável legal, não cuidar do rio; enfim: de onde vem a água.

GZH produziu a reportagem Em tempo de estiagem, falta de água na Região Metropolitana é problema de causa estrutural, apontam prefeitos. Talvez pela distância das ‘capitais da falta de água’, que são as nossas cidades, a solução tenha passado às margens da marola da falta de investimentos da, até ontem, grifo, estatal Corsan.

Entre os prefeitos da região que foram ouvidos, apenas Luiz Zaffalon (MDB), de Gravataí, foi ao ponto.

Diz a reportagem:

“O prefeito ainda questiona o porquê de a concessionária não investir no Rio Gravataí. Zaffalon menciona um projeto antigo desenvolvido pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), que até hoje não saiu do papel.

– O projeto mostra que 13 microbarragens implantadas tornariam a vazão do rio permanente. Até hoje, nada foi feito”.

Nas respostas aos questionamentos dos prefeitos, a reportagem esqueceu as justificativas para essa.

E essa tem nome: Eduardo Leite.

O governador chega ao segundo mandato tendo nas mãos, pronta de outros governos que também não a executaram, uma solução barata para devolver água ao rio Gravataí.

Dinheiro não vai faltar. Vendeu a Corsan por R$ 4,1 bilhões; R$ 2 bi a menos do que precificava consultoria contratada pelo Senge-RS (Sindicato dos Engenheiros do Estado). Em proposta única, a Aegea foi a vencedora com ágio simbólico de apenas 1,15%.

É por isso que o chato aqui vai insistir na cobrança já feita em série de artigos sobre a ‘guerra da água’: a (nem tão grande assim) grande obra para enfrentar a falta de água é das 13 microbarragens no rio Gravataí.

A Metroplan (Fundação Estadual de Planejamento Metropolitano e Regional) tem recursos destinados, mas desde 2018 não conclui o estudo de impacto ambiental (EIA/Rima), para o qual a empresa Ecossis Soluções Ambientais venceu o processo licitatório por R$ 400 mil. Os R$ 5 milhões para a obra já eram previstos em 2012, no PAC da Prevenção.

É consenso entre quem conhece o rio que o problema do Gravataí não é de falta de chuva e sim de represamento da água.

A prova de que as barragens são a solução é que a construção de uma contenção, uma espécie de barragem, feita emergencialmente pela Corsan no Mato Alto, em Gravataí, e a limpeza do canal do DNOS, fizeram em 15 dias o rio subir do ‘nível zero’ para 1 metro, saindo do “estado crítico”; o que permite captação inclusive para agricultura e indústria.

Ao fim, concluo pela enésima vez como em A ‘guerra pela água’ no rio Gravataí: lacrada arrozeira que capta 5 vezes mais que a Corsan; Saídas há, para além da tentação de proibir. Dê-nos água, governador Leite!: “se Leite quiser, água não vai faltar, caso as microbarragens sejam feitas. Os R$ 5 milhões são troco na relação com os impactos econômicos e sociais da falta de água anual”.

#Microbarragensjá!


Assista em SEGUINTE TV imagens das obras emergenciais da Corsan: a construção da barragem no Mato Alto e, abaixo, a limpeza do canal do DNOS, que fizeram rio subir 1 metro

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