Estamos vencendo mais a batalha de verão na ‘guerra da água’. O rio Gravataí está próximo a sair do estado crítico, que permite a captação apenas para consumo humano, e retomar o rodízio no uso da água, conforme antecipei quarta-feira em ‘Guerra pela água’: ações emergenciais da Corsan estão fazendo rio Gravataí sair do ‘nível zero’; “Ufaaaa. Hoje mais aliviado”, diz prefeito Zaffa. Assista vídeo.
Reproduzo a matéria escrita para o site da Prefeitura pelo Cristiano Abreu, um dos jornalistas mais experientes da região, que informa inclusive sobre nova operação de fiscalização feita pela Prefeitura sobre o uso da água por arrozeiros, como a que o Seguinte: reportou em ‘Guerra pela água’: como foi operação que desencadeou investigação sobre mega lavoura de arroz suspeita de usar bombeamento equivalente à metade da captação da estação do rio Gravataí; Veja imagens.
Abaixo, sigo.
“(…)
As soluções apresentadas pela Corsan à Prefeitura de Gravataí para evitar o desabastecimento de pelo menos 150 mil pessoas no município começam a gerar os primeiros resultados. De acordo com o Boletim de Estiagem da Bacia Hidrográfica do Rio Gravataí, divulgado pela Secretaria Estadual de Meio Ambiente e Infraestrutura (Sema/RS), o nível do Rio Gravataí subiu 25 centímetros nos últimos dias – de 21 para 46.
Na manhã desta quinta-feira, 26, o Grupamento Ambiental da Guarda Municipal e da Defesa Civil de Gravataí, além da Guarda Florestal do Estado, percorreram o rio em uma nova ação de fiscalização. Os agentes públicos também acompanharam o andamento dos trabalhos para desviar água da Barragem do Incra no Banhado dos Pachecos, em Viamão, pelo Canal do DNOS, e garantir água às populações de Alvorada e Gravataí.
Cinco máquinas realizam a dragagem de um trecho de sete quilômetros do Canal do DNOS entre a barragem e o Rio Gravataí. A execução do serviço já permite uma vazão maior de água, resultando na elevação do nível verificada no rio, no ponto de captação, no Passo dos Negros, em Gravataí. Após a conclusão, que está prevista para os próximos dias, a intervenção garantirá um volume aproximado de 400 litros por segundo.
Como parte da estratégia da Corsan apresentada ao prefeito Luiz Zaffalon no início de janeiro é a construção de uma contenção no bairro Mato Alto. A barreira com um metro de altura tem a finalidade de represar a água, que será desviada do Banhado dos Pacheco e garantir água na torneira de aproximadamente 40 mil economias. Nesta sexta-feira, 27, já era possível observar a água quase na altura da contenção erguida com 150 metros cúbicos de pedra.
A recuperação do nível do Rio Gravataí é, mais que garantir água à população, assegurar o equilíbrio natural de todo um ecossistema. Diante de tal importância, a Prefeitura de Gravataí e Corsan acompanham o tema de forma permanente em busca de outras soluções, como o uso emergencial de outros mananciais e até mesmo a compra de água de açudes particulares. “Estamos não só cobrando ações da Corsan, mas trabalhando juntos, oferecendo todos os recursos, para encontrarmos as soluções, ainda que de forma emergencial”, reitera o prefeito Luiz Zaffalon.
Com o objetivo de fazer cumprir o Decreto 20.241/2022, que estabelece as diretrizes municipais para a racionalização e combate ao desperdício de água em Gravataí, a Guarda Municipal tem percorrido a cidade, alertando, principalmente, donos de postos de combustível, de revendas e de lavagens de carro. “Até que a Corsan apresente e execute obras definitivas, que resolvam de vez o problema de abastecimento na cidade durante o verão, essa é uma tarefa de todos, tratar a água como o bem mais precioso, com uma atitude cidadã de responsabilidade”, reitera o prefeito.
(…)”
Sigo eu.
A excelente notícia é que o rio, com 46 centímetros na captação de Gravataí, está a apenas 5 centímetro de sair do nível crítico.
De acordo com as regras definidas pela Secretaria Estadual de Meio Ambiente (Sema), quando a medição fica abaixo de 0,50 metros é determinado “estado crítico” e a retirada de água fica suspensa para todas as finalidades, exceto para a distribuição ao consumidor.
Quando o nível está acima de 0,80 metro, é definido estado de atenção e a captação de água acontece normalmente, mediante monitoramento permanente. Abaixo dessa marca, começa o estado de alerta, tornando intermitente a possibilidade de captação para irrigação e outras finalidades que não sejam o abastecimento para o consumo humano.
Mas vamos à política. Política de estado, não partidária ou eleitoral; por justiça, alerto.
Se Zaffa, como prefeito, e cito também o Sérgio Cardoso, presidente do Comitê da Bacia Hidrográfica do Gravataí, precisam negociar com o Governo do Estado e a Corsan sem quebrar pontes políticas, chamo para mim o papel do chato; precisamos de soluções permanentes, não apenas soluções emergenciais, ou sonhos de uma noite de verão.
Como no artigo de quarta, insisto é mais uma batalha, mas ainda longe do ‘Dia D’ na ‘guerra pela água’ travada no manancial que abastece mais de um milhão de pessoas também de Cachoeirinha, Glorinha, Viamão, Alvorada e Santo Antônio da Patrulha.
As medidas são emergenciais, como confirma a própria companhia.
Já tratei numa série de artigos no Seguinte:, a (nem tão grande assim) grande obra para enfrentar a falta de água são as 13 microbarragens no rio Gravataí.
A Metroplan (Fundação Estadual de Planejamento Metropolitano e Regional) tem recursos destinados, mas desde 2018 não conclui o estudo de impacto ambiental (EIA/Rima), para o qual a empresa Ecossis Soluções Ambientais venceu o processo licitatório por R$ 400 mil. Os R$ 5 milhões para a obra já eram previstos em 2012, no PAC da Prevenção.
É consenso entre quem conhece o rio que o problema do Gravataí não é de falta de chuva e sim de represamento da água.
Há, ainda, algo tão impactante quanto: a falta de aplicação do plano de gerenciamento da bacia, elaborado ao longo das últimas duas décadas; situação análoga às outras 28 bacias gaúchas, com a diferença de que algumas regiões não tem planos avançados como Gravataí e os Sinos, por exemplo.
Ainda aguarda a caneta do governador Eduardo Leite (PSDB) um Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental (APA) do Banhado Grande, com determinações sobre os usos e atividades, limitações, focos de preservação e ameaças serão concretas e terão peso sobre os planejamentos dos municípios de Gravataí, Viamão, Glorinha e Santo Antônio da Patrulha e as possibilidades de licenciamentos de atividades na região.
Há, inclusive, a projeção de cobrança captação e utilização da água por diferentes atividades econômicas, como já tratei em Custa centavos o ‘milagre’ para salvar o Rio Gravataí; A cobrança da água.
Para se ter uma ideia da importância: a APA do Banhado Grande tem 136,9 mil hectares e ocupa 66% da área da Bacia Hidrográfica do Gravataí.
É a maior APA do RS, guardando, entre quatro municípios, os conjuntos remanescentes de banhados Grande, Chico Lomã e dos Pachecos (onde fica o refúgio de vida silvestre), a Coxilha das Lombas e as nascentes do Rio Gravataí.
A unidade de conservação foi criada em 1998, e desde então, tinha estabelecida como uma necessidade para sua concretização a elaboração do Plano de Manejo.
Ao fim, concluo como em A ‘guerra pela água’ no rio Gravataí: lacrada arrozeira que capta 5 vezes mais que a Corsan; Saídas há, para além da tentação de proibir. Dê-nos água, governador Leite!: “se Leite quiser, água não vai faltar, caso as microbarragens sejam feitas. Os R$ 5 milhões são troco na relação com os impactos econômicos e sociais da falta de água anual”.
Mas reafirmo um fundamental adento que fiz quarta: associo-me ao prefeito no reconhecimento de que a Corsan está cumprindo o que prometeu a ele, mesmo que apenas quando faltou água para bater no pescoço.
Aí, além de um “obrigado Corsan”, pelo qual posso apanhar no Grande Tribunal das Redes Sociais, obrigo-me a alterar a manchete-cobrança ao governador para “Leite, dê-nos água não só para esse verão!”.
#Microbarragensjá
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