o médico charlatão

Histórias que me contaram por aí

Ouvir uma boa história é algo fascinante, e esta, que me contou um velho amigo jornalista, tempos atrás, me tocou bastante.

Segundo ele, algumas décadas atrás, um promotor de uma cidade do interior teve um papel determinante para que um sujeito que se fazia passar por médico fosse condenado por charlatanismo.

O réu havia tentado, de todas as formas possíveis, fazê-lo entender que não era um criminoso; que, ao contrário, atuava como médico para mitigar a dor alheia e que, além disto, jamais alguém havia morrido em suas mãos.

Anos depois, em visita a uma prisão do Estado, o tal promotor encontrou outro preso, para cuja condenação também havia colaborado, e se surpreendeu com seu bom estado de saúde. Quis saber, então, a que tratamento tinha se submetido, pois, quando o conhecera, estava gravemente doente e ninguém acreditava que sairia vivo da prisão.

O preso explicou-lhe que ali havia um médico espetacular, que encarava a Medicina como um sacerdócio. Um santo, não havia dúvida!

Quando o promotor quis saber onde ficava o ambulatório da prisão, para conhecer esse médico tão prodigioso, o diretor o levou a uma cela onde deu de cara om o tal charlatão, feliz da vida, pois, enfim, permitiam-lhe fazer o que, no seu entendimento, havia nascido para fazer.

 

…..

 

Meu pai contava que, uns dias após seu nascimento, em Veranópolis, meus avós foram ao cartório da cidade, acompanhados dos sete filhos e do cachorro da casa, para registrá-lo. No caminho, iam discutindo, pois, até então, não se haviam posto de acordo a respeito do nome que lhe dariam.

Minha avó insistia em colocar no bebê o nome de Hilário, um santo católico, como havia feito com todos os filhos maiores. Mas meu avô não queria nem saber. Para ele, o bebê devia se chamar Cadorna, em homenagem ao marechal de campo italiano Luigi Cadorna, que ficara famoso como comandante em chefe do Exército Italiano na 1ª Guerra Mundial, que transcorria naquele momento.

Chegando ao cartório, o tom da discussão ficou mais duro e, depois de algum tempo, o tabelião determinou: “Voltem a sua casa e só apareçam aqui quanto tiverem definido o nome da criança!”.

E, então, meu avô decretou: “Não vai ser Hilário, nem Cadorna! Vai ser Fedele (Fiel) come il cane!”.  E assim, meu pai recebeu o nome do cachorro da casa, que o tabelião fez o favor de registrar como Fidel.

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