O Hospital de Campanha (HC) de Cachoeirinha foi notícia narrada em voz grave pelo Elói Zorzetto nesta terça, no RBS Notícias. Parecia um ‘Covidão’! Pior é que foi notícia ruim mais uma vez, já que recontaram um suposto sobrepreço de mais de meio milhão apontado pelo Tribunal de Contas do Estado (TCE), o que detalhei em Quer denúncia sobre o Hospital de Campanha de Cachoeirinha? Vai no OLX.
Não é fetiche por ser do contra que questiono a reportagem. É, admito, uma tara pelo cui bono, ou “a quem beneficia?”.
Instigo.
O HC sofre de uma epidemia de erros desde sua concepção. Mas inegável é que o anticorpo do prefeito Miki Breier é forte: abriu o hospital logo no início da pandemia, conseguiu respiradores (mesmo que usados) em meio a uma guerra sanitária entre países disputando equipamentos e desde março atende regularmente aos pacientes – só nestes 25 dias de agosto, mais de 1.500.
Toda essa imunidade para supostamente agir rápido e salvar vidas não isenta Miki Breier de responder por irregularidades caso algo tenha sido pago errado, ou a mais do que devia. Quem vai apontar isso é o TCE, o Ministério Público e o Judiciário.
Só que, reputo, a fonte primária da reportagem do RBS Notícias, não tinha como objetivo principal comunicar a falta de atendimento à comunidade. Gostaria de estar errado, e já abro espaço para retratação, mas me parece que a notícia do quase fechamento do Hospital de Campanha de Cachoeirinha atende a uma convocação do Simers, sindicato dos médicos e anunciante do grupo de mídia.
Pelo que apurei nesta semana mais de uma dezena de médicos pediram demissão por divergências quanto ao pagamento que deveria ser feito a eles pela empresa contratada para administrar o hospital.
Na noite desta quinta, quando liguei para o diretor do HC, Vanderlei Marcos, só havia um médico disponível, quando a escala pedia três.
A Prefeitura garante estar pagando em dia a empresa responsável pelas contratações. Notificações foram expedidas questionando supostos atrasos. Há ordem para que empenhos não sejam pagos para garantir a cobertura dos salários. O prefeito Miki Breier já teria dado ordem para romper o contrato, caso não seja cumprido. Mais não pode fazer. É assim que funciona quando o setor público contrata o privado.
Ao fim, como ensina o Simers, em suas propagandas: “A verdade faz bem a saúde”. No caso, quando não pagaram os médicos, e heróis foram embora da linha de frente, coincidentemente o Hospital de Campanha de Cachoeirinha virou notícia ruim.
Não que esteja uma maravilha. Pelo contrário. Baixa lá, Miki!