A Câmara de Vereadores de Cachoeirinha aprovou na noite desta quinta-feira (30) a abertura de um novo processo de impeachment contra o prefeito Cristian Wasem (MDB) e o vice-prefeito Delegado João Paulo Martins (PP).
A votação repetiu o mesmo placar do primeiro impeachment, aprovado há pouco mais de uma semana: 13 votos favoráveis e 4 contrários — inclusive com o apoio de parlamentares do MDB e do PP, partidos do prefeito e do vice.
O resultado consolida a crise mais grave da atual gestão. O novo pedido amplia o conjunto de denúncias e, segundo pedido feito pelo denunciante, pode levar inclusive ao afastamento imediato do prefeito por decisão judicial.
Comissão processante sorteada e prazo de 90 dias
Após a aprovação, foi sorteada a nova Comissão Processante, conforme a proporcionalidade partidária. O grupo será formado por Gilson Stuart (Republicanos) presidente, Otoniel Gomes (MDB) relator e Pricila Barra (Podemos) integrante.
A comissão terá prazo máximo de 90 dias para analisar as denúncias, ouvir testemunhas e apresentar um relatório final.
Caso o parecer recomende a cassação, a decisão final precisará de 12 votos favoráveis entre os 17 vereadores — número já alcançado nas duas votações recentes, o que potencializa a dificuldade para o governo reverter o quadro político.
Se a cassação for confirmada ainda em 2025, a presidente da Câmara, vereadora Jussara Caçapava (Avante), assume interinamente a Prefeitura até a realização de eleição suplementar.
Se a decisão ocorrer apenas em 2026, o cargo interino caberá ao presidente eleito do Legislativo no próximo ano.
Novo pedido amplia denúncias e mira vice-prefeito
O novo impeachment foi protocolado pelo policial militar da reserva e suplente de vereador Valdemir de Almeida, o Xereta, e assinado pelo advogado Hendrix Gavião dos Santos.
O documento de 64 páginas detalha oito eixos de supostas irregularidades, baseados no Decreto-Lei nº 201/1967, que define infrações político-administrativas de prefeitos e vices.
Entre as denúncias estão ameaças e retaliações a vereadores, inclusive com exonerações de aliados do presidente da primeira comissão de impeachment; contratações sem licitação e favorecimento de aliados políticos; “pedaladas fiscais” no Instituto de Previdência dos Servidores (IPREC); pagamentos de despesas sem empenho; omissão de informações ao Legislativo; e contratos emergenciais suspeitos firmados durante o período em que o vice-prefeito exerceu interinamente a Prefeitura.
A peça afirma que Cristian e João Paulo teriam agido “de forma incompatível com a dignidade e o decoro do cargo”, configurando infrações político-administrativas.
Entre os novos fatos, há a acusação de que o vice-prefeito teria contratado, por R$ 500 mil, uma empresa de limpeza um dia antes de suspender uma licitação regular, além de abrir créditos especiais de R$ 4,8 milhões sem lastro bancário.
O Seguinte: detalhou as acusações em Novo impeachment apresentado em Cachoeirinha ameaça com afastamento imediato do prefeito e mira vice; veja as novas denúncias.
“Tentativa de golpe”, diz governo
Após o protocolo do pedido de impeachment nesta quarta-feira, a reação do governo veio em nota assinada pelo assessor especial do Gabinete do Prefeito, André Lima, enviada ao Seguinte:. O advogado classificou o impeachment como “uma tentativa de golpe” articulada por adversários políticos.
“A nova denúncia apenas demonstra uma estratégia cadenciada para desgastar um governo que vem trabalhando pela municipalidade e, por motivos políticos e pessoais, tentar trocar o comando do município. Claramente isso é uma tentativa de golpe”, afirmou.
Crise tripla e desgaste político
O segundo impeachment aprofunda uma crise institucional sem precedentes em Cachoeirinha desde a cassação do prefeito Miki Breier (PSB) e do vice Maurício Medeiros (MDB) pela justiça eleitoral.
O governo agora enfrenta dois processos simultâneos de cassação política pela Câmara de Vereadores e uma Ação de Investigação Judicial Eleitoral (AIJE) que tramita na 143ª Zona Eleitoral por abuso de poder político e econômico.
A coincidência temporal intensificou o contraste político: no mesmo dia em que a Câmara aprovou o segundo impeachment, com novas denúncias, o Ministério Público Eleitoral opinou pela absolvição de Cristian e João Paulo na AIJE — cujas acusações serviram como base para o primeiro processo de impedimento, aberto dia 21.
O parecer do MP considerou não comprovadas as acusações de irregularidades como a distribuição de 14 mil pares de tênis, o repasse de R$ 2,7 milhões durante as enchentes de 2024 e o suposto superfaturamento na compra de telas interativas.
O Seguinte: detalhou as acusações em Ministério Público Eleitoral pede absolvição de prefeito e vice em ação que pode cassar mandatos em Cachoeirinha; entenda.
OS VOTOS
A favor da abertura do impeachment: Zeca dos Transportes (MDB), Flávio Cabral (MDB), Gilson Stuart (Republicanos), Gustavo Almansa (PT), Leo da Costa (PT), Jussara Caçapava (Avante), Mano do Parque (PL), Marcelinho (MDB), Otoniel Gomes (MDB), Paulinho da Farmácia (PDT), Pricila Barra (Podemos), Sandrinha Gerardon (Republicanos) e Tiago Eli (PP).
Contra a abertura do impeachment: Claudine Silveira (PP), Cleo do Onze (MDB), Edison Cordeiro (Republicanos) e Uilson Droppa (Podemos).
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