Quinta, no balanço de 2019 e projeção de 2020, apresentados pela Secretaria Estadual de Logística e Transportes, Juvir Costella voltou a garantir a duplicação da ERS-118 “pronta” até dezembro deste ano.
O viaduto no entrocamento com a ERS-040, que já está com trânsito liberado, será entregue entre março e abril.
Os 21,5 quilômetros entre Sapucaia do Sul e Gravataí, com investimentos de R$ 301 milhões, foram apontados pelo secretário estadual como a principal obra para Grande Porto Alegre.
Aqui vai o chato ‘estragar’ o que é uma boa notícia.
A 118, ao menos para Gravataí, não estará “pronta”.
Já critiquei, no artigo Duplicação completa da RS-118 é uma fake news, e o governo Eduardo Leite respondeu, em Estado: 118 não é ’fake news’; acesso ao Distrito Industrial é promessa.
Os R$ 131 milhões financiados pelo governador não serão usados no projeto para acesso ao Distrito Industrial de Gravataí, cuja estimativa é de R$ 20 milhões.
Como questionei no artigo, há como considerar a 118 concluída quando há um bloqueio total da Avenida Brasil, uma das alternativas mais importantes do sistema viário local? E sobre as alças de acesso da Avenida Dorival de Oliveira a 118 e para a RS-020?
A nota de resposta do Estado diz: “Esclarecemos que o acesso ao Distrito Industrial de Gravataí não consta no projeto dos 21,5 km que o atual governo recebeu e que está ainda em desenvolvimento. No entanto, essa obra está incluída no projeto que está sendo elaborado no momento pelo DAER e que equacionará todos os conflitos viários no local, incluindo, também, os acessos à Avenida Centenário, ao loteamento que está sendo construído próximo ao Atacadão e à Freeway”.
É por isso que insisto no alerta de que é uma meia verdade que a 118 será entregue “pronta” em 2020 – e meias verdades tem sempre uma parte mais próxima da mentira, do falso, do fake.
É uma crítica dura, talvez até injusta frente ao esforço do governador para terminar uma obra que se arrasta há mais de uma década. Mas se Gravataí não gritar, e só bater palma para o corte da fita em dezembro, sem se mexer para que o Estado faça principalmente o acesso ao Distrito, engarrafamentos e, o mais preocupante, acidentes e mortes seguirão acontecendo.
No mesmo balanço, o secretário anunciou R$ 220 milhões como investimentos do Daer, da Empresa Gaúcha de Rodovias (EGR) e da Superintendência do Porto do Rio Grande em todo modal rodoviário gaúcho, o que inclui rodovias estaduais e acessos no interior.
É ‘troco’, se consideramos todo Estado. Para efeitos de comparação, só Gravataí está investindo R$ 50 milhões em obras de infraestrutura.
Mais: é difícil imaginar que o governo estadual, após investir R$ 313 milhões no ‘projeto original’ – e mal feito – da 118, ainda use mais R$ 20 milhões para fazer o acesso ao Distrito Industrial, de um Daer que, entra governo, sai governo, não tapa buraco nem de carrinho de mão.
Ao fim, fato é que esses R$ 20 milhões não estão previstos no financiamento feito por Eduardo Leite. Nem projeto pronto tem, ainda. Assim, até dezembro, Gravataí não terá acesso ao Distrito e a 118 "pronta" não estará.