O Ipag Saúde vai ser extinto.
Explico, recomendando aos descrentes observarem o jeito Marco Alba de governar. Não diferente dos últimos seis anos, o prefeito não vai mudar sua forma de fazer gestão a partir da receita, e não da despesa, só porque se avizinha a eleição. Enfim, não vai deixar a bomba armada para o sucessor.
O plano de saúde que cobre 8 mil pessoas, entre servidores e seus dependentes, quebrou e não há reforma que o sustente sem mais dinheiro da Prefeitura. Um socorro que Marco não vai autorizar, porque quem o conhece já ouviu dele mais de uma vez que não considera justo o bolso da maioria da população pagar a conta para o funcionalismo.
Só para tapar o rombo no caixa em 2018, foram necessários R$ 7 milhões a mais do governo. Que já colabora com 4,5% sobre a folha. Ou R$ 11 milhões, que somados aos 5,5% descontados dos funcionários, perfaz a receita anual de R$ 25 milhões. É um orçamento que, novamente, não será suficiente e dependerá do aporte de pelo menos outros R$ 7 milhões, para que atendimentos não sejam suspensos.
No ano passado, o sinal foi claro. Está lá, na justificativa assinada pelo prefeito, no projeto de lei que aumentou a contribuição dos servidores: Marco alertou que a alternativa escolhida pelo funcionalismo não equilibraria as contas do Ipag Saúde.
Inegável que a extinção é uma salvação para o caixa da Prefeitura – no presente e no futuro. O prefeito certamente teme que, sem o encerramento formal do Ipag Saúde, seja obrigado, por decisões judiciais, a tapar o rombo a partir de seqüestros de receitas que hoje já são usadas para cobrir outro déficit: o do Ipag Previdência.
O efeito cascata levaria a perda das certidões negativas de débitos previdenciários, o que barra qualquer tipo de financiamento e operação financeira da Prefeitura para realização de obras e serviços.
Mas Marco estaria buscando uma solução também para os servidores. Não é a saída que os sindicatos apresentam, de repor 16% da inflação dos últimos quatro anos, porque o governo faz outra conta: já haveria um ganho real, uma ‘poupança’ paga aos servidores, ao considerar os pagamentos mensais que a Prefeitura faz como alíquota complementar para cobrir o déficit atuarial de R$ 1 bilhão necessário para garantir as aposentadorias pelos próximos 15 anos. O gasto do governo com o Ipag dobrou nos últimos cinco anos e seria ainda maior não fosse o ‘reajuste zero’.
A alternativa seria outra. Fontes do governo confirmaram ao Seguinte: que está sendo feita uma pesquisa para apresentação de planos de saúde privados bons e baratos. O argumento: como não tem receita suficiente, o Ipag Saúde cortará atendimentos. Em outras palavras, os servidores seguirão sofrendo os descontos nos contracheques, mas não poderão acessar aos mesmos serviços médicos e hospitalares – o que já está acontecendo em 2019. Assim, melhor buscar outro plano.
Para o bolso dos servidores não ficar ainda mais fundo, e também para milhares de famílias não serem obrigadas a migrar para os serviços públicos de saúde por falta de condições de manter um plano privado, o prefeito sinalizaria também com a possibilidade de transformar em reajuste para o funcionalismo pelo menos parte dos 4,5% que hoje são descontados da Prefeitura.
Governo e sindicatos devem tratar disso depois do Carnaval. Goste-se ou não, pela ideologia dos números, que aponta para a falência, o mal elaborado plano de saúde dos servidores de Gravataí já vive sua Quarta-Feira de Cinzas.
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