opinião

Jones será ’embaixador’ do hospital do câncer

Jones recebe da direção do GHC o relatório das obras do hospital do câncer | Foto OTÁVIO SILVA | GHC

Em dezembro do ano passado, após visitar a obra com o ex-deputado federal de Gravataí fiz uma constatação, no artigo Jones fará falta em Brasília para Hospital do Câncer não parar, publicado pelo Seguinte:.

Ao que parece, acertei.

A direção do Grupo Hospital Conceição voltou de Brasília preocupada com a falta de orçamento do Ministério da Saúde e com a dependência de um novo ‘emendão’ da bancada gaúcha para que possa abrir as portas em 2021 o hospital metropolitano, que é 100% SUS (para efeitos de comparação, na Santa Casa, em Gravataí, são 60%).

Na segunda, o superintendente André Cecchini, o diretor técnico Francisco Paz e o diretor administrativo e financeiro Cláudio da Silva Oliveira mostraram o canteiro de obras para os deputados federais gaúchos, na terça entraram na fila em Brasília com outras 40 entidades, secretários municipais e políticos que também apresentavam pedidos de emendas aos deputados e, nesta quinta, chamaram Jones.

O advogado, que é um entusiasta do SUS e já presta consultorias na área da saúde por todo país, vai operar gratuitamente como uma espécie de ‘embaixador’ do GHC, mobilizando prefeitos e políticos na busca por recursos no Congresso Nacional.

– Estamos otimistas. Todos sabem da importância da obra para a região metropolitana. Está tudo dentro do cronograma, mas serão necessários recursos a partir do ano que vem – explica aquele que foi o idealizador da Frente Parlamentar pelo Hospital do Câncer, no período em que foi deputado federal entre 2016 e 2018.

O último dinheiro que entrou para a obra em 2019 veio de emenda assinada por Jones e outros 32 deputados federais em 2018. Foram R$ 37 milhões. Falta o mesmo valor para concluir o prédio. O GHC tem recursos reservados até fevereiro, mas, se o Ministério da Saúde ou a bancada gaúcha não aportarem recursos suficientes, o Hospital do Câncer arrisca não abrir, mesmo com a estrutura física pronta. É que seriam necessários R$ 50 milhões em equipamentos, além da contratação dos funcionários.

Já se o caixa permitir cumprir o cronograma, as portas serão abertas em 2021.

A pedra fundamental foi inaugurada em 19 de fevereiro de 2018 e, atualmente, o prédio já chegou ao sétimo e último piso, numa área de 14,3 mil metros quadrados ao lado do complexo do Grupo Hospital Conceição, na zona norte de Porto Alegre. O investimento inicial, projetado em R$ 100 milhões, caiu para R$ 75 milhões na licitação.

Não exagera Jones ao comemorar o Centro de Hematologia e Oncologia, que projeta 100 leitos para tratamento do câncer, com radiologia e quimioterapia, 100% SUS, como o, até agora, grande feito da sua vida política. Seja pela importância social da obra – se sabe que um a cada quatro pacientes que chega à emergência do Conceição, a maioria de Gravataí, Cachoeirinha e Viamão, tem câncer, não recebeu o diagnóstico e, quando recebe, vai para a fila de outros hospitais – ou por seu papel incansável nos gabinetes ministeriais, parlamentares e no próprio Palácio do Planalto.

O primeiro contato do gravataiense com o projeto foi em 2010, quando era conselheiro do GHC. Ao assumir uma diretoria no Ministério da Saúde em 2015, o projeto se arrastava pela burocracia pública. Aproveitando as relações que criou nos governos Dilma Rousseff e Michel Temer, Jones começou a sondar aqui e ali a possibilidade do hospital sair dos computadores para a realidade.

– Com vontade política, vai – ouviu de Gilberto Barrichello, que na troca de governo deixava o comando do grupo hospitalar que no Rio Grande do Sul tem um orçamento que só é menor que o do Governo do Estado e da Prefeitura de Porto Alegre.

A correria de Jones merece elogios porque a partir dali conseguiu ultrapassar barreiras partidárias justamente em um momento em que explodia nossa Grande Guerra Ideológica Nacional.

Articulando com a nova direção do GHC, viu a área para o hospital ser viabilizada numa troca com a Prefeitura da Capital por uma dívida e, o principal, conseguiu mais de 200 assinaturas de congressistas para instalar a Frente Parlamentar pelo hospital, com assinaturas do PMDB ao PT, e com apoio de toda bancada gaúcha, a obra também foi inscrita como prioridade nas indicações dos deputados ao governo federal, para ter recursos liberados em 2018, ao lado da duplicação da BR-116, entre Guaíba e Pelotas, e de uma ponte no Rio Uruguai, entre Porto Xavier e a cidade argentina de San Javier.

O convencimento da importância do Hospital do Câncer, feito por Jones junto ao então ministro chefe da Casa Civil Eliseu Padilha, um de seus padrinhos políticos ao lado do prefeito de Gravataí Marco Alba, que ajudou a livrar a emenda do contingenciamento de recursos feito pelo governo federal para fechar as contas.

Como já sugeri no artigo anterior, basta aos políticos que não tem certeza sobre a importância de oferecer diagnóstico e tratamento para o câncer sair do ar condicionado dos gabinetes, entrar pela porta da emergência do Conceição e dar uma voltinha pelos corredores, para ver que é ali onde a pobreza da região metropolitana busca socorro. Com dois milhões de brasileiros saindo dos planos de saúde para o SUS, e cada vez menos planos privados cobrindo radiologia, o Hospital do Câncer será, sem dúvida alguma, salva vidas para os que mais precisam.

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