O MBL de Cachoeirinha ‘denunciou’ que David Almansa, presidente do PT, usou “mais de R$ 5 mil de fundo eleitoral para pagar a própria mãe em sua campanha de 2018” a deputado federal.
– Ilegal não, imoral sim! – sentencia o post que você acessa clicando aqui.
Vamos às informações e, ao fim, comento, não como alguns acusam, como algoz do MBL, por minhas críticas em artigos como O MBL é uma piada; Brizola samba no túmulo e É ridícula ’denúncia’ do MBL de Cachoeirinha contra o prefeito; o vereador araponga, mas quem sabe como um profissional justo que sugere aos afoitos meninos evitarem fake news – e aí me obrigo a tratar de outra polêmica bem chata entre o petistas e o movimento, ocorrida neste fim de semana.
No caso do ‘legal, mas imoral’, Almansa realmente pagou familiar por “serviços de coordenação e mobilização de rua”. Não a mãe, e sim a irmã. Ele não vê problema da técnica em administração ter participado como assessoria remunerada de uma campanha “com as contas aprovadas sem nenhum apontamento pelo TSE”.
– É parte do jogo político de me desgastar, por representar a esquerda e os movimentos populares, enquanto nada falam das queimas de arquivo relacionadas à milícia presidencial – avalia, concluindo:
– Vendo a pouca interação, mesmo com tantos compartilhamentos, acho que o mecanismo de robôs e perfis fake já está pegando em Cachoeirinha. É coisa para se investigar, da mesma forma como ocorre com os crimes cibernéticos da campanha de Jair Bolsonaro.
Analiso.
Antes com um pouco de contexto.
Entre sexta e domingo, a polêmica foi postagem do MBL que reproduzia debate no Facebook entre Almansa e militante da Rede, onde conforme o tresloucado movimento o petista teria se negado a debater com uma “jovem lésbica e negra”.
Viralizou, pelo grotesco da situação: um presidente do PT ‘racista e homofóbico’, imaginem!
Coisa para dar na Record e no SBT!
Investigando, identifiquei uma deliquência intelectual, ou ignorância premeditada do MBL. Algo que parece além dos mal informados, e sim obra de informados do mal. Omitiram o trecho em que Almansa dizia não aceitar debater com uma menina lésbica e negra que, na interpretação dele, se associava a movimentos “fascistas”.
Errou Almansa, e ele mesmo admitiu isso quando o entrevistei. Mas não cometeu o crime imputado a ele pelo MBL. Quando integrantes do movimento me enviaram prints e postagens sobre o incidente, opinei em áudios trocados no WhatsApp:
– É meia verdade. E meias verdades tem sempre uma metade mais próxima da mentira.
Eu disse não entender o porquê de terem publicado a declaração pela metade. A resposta foi que a manchete ficaria muito extensa nas redes sociais. Alertei, então, que o petista poderia processá-los por danos morais.
No domingo, recebi do MBL Cachoeirinha link informando a retirada da postagem. A própria ‘vítima’ de Almansa teria feito o pedido. Parecia tudo resolvido, apesar de tanto sangue de ambos os lados nas telas de celular. Nesta segunda, porém, em minha linha do tempo no Facebook ainda apareceu compartilhamento de post do MDL do Rio Grande do Sul.
E aí chegamos à nova ‘denúncia’.
É mais uma vez um fato que o MBL consegue transformar em meia verdade, em fake news. Por que publicar que Almansa pagou a mãe, e não a irmã? Talvez para que o desmentido seja:
– Não foi a mãe, foi a irmã!
Feio. Se essa a estratégia, a tática é malandra.
A ‘denúncia’ completa e correta já bastaria para Almansa ser metralhado por teclados no Grande Tribunal das Redes Sociais, como obviamente queria o MBL.
O ‘caça-cliques’ também estaria garantido à galera.
Afinal, o MBL está certo. Legal é pagar um familiar por serviços feitos na campanha, mas a moralidade é questionável. É aquela história da ‘Mulher de César’, a qual não basta ‘ser’, tem que ‘parecer’.
A política é feita de símbolos. E um petista usando dinheiro público para remunerar a família em uma campanha perde, ao menos em parte, a moral para criticar nepotismos em governos ou rachadinhas de adversários, mesmo que reconhecidamente amorais.
Militante conhecida, todos que acompanham a política sabem que a irmã de Almansa trabalhou na campanha, não foi ‘laranja’ para ele desviar dinheiro. Mas o petista se expôs desnecessariamente.
Inegável que "É gol do MBL!".
Gol de mão, mais uma vez, mas gol.
Ao fim, quando se trata de desmascarar malandragens políticas de qualquer lado da ferradura ideológica, sejam de ‘políticos’, ou de ‘políticos que não se admitem políticos’, contem comigo para ser o VAR.