Um ano após as enchentes históricas de maio de 2024 que deixaram centenas de desabrigados em Cachoeirinha e na região metropolitana de Porto Alegre, a Comissão dos Moradores do Parque da Matriz promove, neste sábado (15h), uma palestra para discutir os desafios técnicos e políticos na prevenção de novos desastres.
O evento, na Associação dos Violeiros (Rua Corcovado, 497), terá como tema central: “As ações integradas de prevenção de enchentes na Bacia do Rio Gravataí devem ser feitas sem estudo técnico?”, com participação do geólogo e presidente do Comitê da Bacia Hidrográfica do Gravatahy, Sérgio Cardoso.
O encontro abordará quatro eixos críticos:
1.Ações integradas na bacia do Rio Gravataí: a necessidade de coordenação entre municípios para gestão de recursos hídricos.
2.Impactos das obras no Arroio Feijó: como intervenções em Alvorada e Porto Alegre afetam moradores de Cachoeirinha, área historicamente vulnerável a alagamentos.
3.Atualização do plano metropolitano de prevenção: a revisão do plano da Metroplan, paralisado desde 2022, e sua urgência diante das mudanças climáticas.
4.Viabilidade de obras sem embasamento técnico: questionamentos sobre projetos executados sem diagnóstico detalhado, como as recentes intervenções no Arroio Passinhos.
Pressão por soluções e críticas ao governo
Moradores da região do Arroio Passinhos, em Cachoeirinha, cobram respostas do governo Cristian Wasem (sem partido), como o Seguinte: reportou em Prefeito Cristian deve explicações às vítimas da enchente em Cachoeirinha; Foi eleito por e para isso.
Em postagens nas redes sociais, o prefeito tem destacado obras de contenção de cheias, classificadas por críticos como “paliativas”.
“Até agora o prefeito não apresentou um estudo técnico. Em suas redes sociais, divulga obras paliativas como estruturais. Infelizmente, saberemos o resultado na próxima grande chuva”, alerta Elenilso Portela da Silva, líder comunitário do Parque da Matriz.
Por que este debate importa
A Bacia do Gravataí abriga mais de 1,2 milhão de habitantes em 13 municípios. Especialistas apontam que a falta de integração entre as cidades agrava os efeitos das chuvas. Em 2024, o transbordamento do Rio Gravataí atingiu 80% do Parque da Matriz, deixando famílias desabrigadas por semanas.
O geólogo responsável pela palestra deve enfatizar a relação entre ocupação desordenada, impermeabilização do solo e a necessidade de revisão do plano diretor regional: “Sem estudos técnicos, as obras são como curativos em feridas abertas. A próxima chuva forte pode desfazer qualquer avanço.
Enquanto o poder público defende suas ações emergenciais, a comunidade insiste: “Queremos saber se as próximas gerações viverão o mesmo pesadelo”, conclui Elenilso. A resposta, agora, depende de diálogo — e chuva.