O ambientalismo do Vale do Gravataí perde uma de suas raízes; a democracia perde um guerreiro. Faleceu neste sábado Sergio Osvaldo Ribeiro da Silva, o ‘Sérgio Caveira’. Tinha 73 anos e lutava contra um câncer.
– Perdemos um grande companheiro de todas as lutas – lamenta Sérgio Cardoso, presidente do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Gravataí.
Além de um defensor do Rio Gravataí, Sérgio Caveira venceu nos últimos anos batalhas polêmicas, como contra a instalação do aterro sanitário do ‘rei do lixo’ da Estre, em Glorinha, e a exploração de carvão, em Viamão.
Na ditadura, foi perseguido político, teve que se exilar no Uruguai, onde foi guerrilheiro tupamaro.
Está sendo velado neste domingo, em seu sítio em Glorinha, que batizou “República Socialista da Guabiroba Oriental”, em Glorinha.
As mensagens deixadas em post em seu perfil no Facebook, no qual a família comunica o falecimento, mostram o quão era admirado e querido.
O Seguinte: reproduz trecho de post feito por Sérgio Caveira, em março, o qual chamou de “primeiro esboço do primeiro capítulo da minha quase-biografia, que aos poucos tá saindo do forno”; e mostra muito sobre sua vida de lutas, bom humor e positividade frente à vida:
“(…)
Sergio Osvaldo Ribeiro da SIlva, mais conhecido como Sérgio Caveira, Caveirão, Caveirinha, Véio Louco Comunista e por aí vai. Nascido em Santana do Livramento no dia 6 de janeiro de 1949. Filho de Robson Henriques, sargento-telegrafista, e Anna Isabel, mulher séria e farmacêutica; bisneto de Gaudêncio Tavares da Cunha, revolucionário maragato, e neto de Aurino Teixeira, poeta. Amigo de muitos; inimigo de poucos (tudo filho da puta). Caveira já fez de quase um tudo na vida. Perdeu o pai cedo, muito cedo, aos 9 anos, o que o obrigou a uma certa maturidade precoce. Nos anos de chumbo de 64, foi exilado no Uruguai, porque, adolescente, já organizava balbúrdias no grêmio estudantil do colégio Dom Diogo de Souza em Porto Alegre. Os milico entraram na escola atrás dele, que teve que sair escondido e rumar pro país vizinho. Um adolescente, vejam bem, sendo perseguido pelo Estado. Fabricou laquê e vendeu o produto de porta em porta para sobreviver. Também foi contrabandista de fronteira, com toda cara-de-pau e coragem que tal profissão exige. Depois voltou ao Brasil, organizou protestos em plena ditadura militar e mais uma vez foi pro exílio uruguaio, onde entrou para o grupo guerrilheiro Tupamaros e viveu a luta armada contra a ditadura militar castelhana, mas isso é papo pra depois.
Hoje, Caveira vive e sobrevive em Glorinha, onde fundou a República Socialista da Guabiroba Oriental; na companhia de três cachorros vira-latas, uma pata, uma galinha e um galo. A vida que pediu a Deus, se é que Isso existe.
(continua…)