Não foi o Cisne Negro e nem o Cabeça-de-Martelo. Luiz Felipe Teixeira, dirigente estadual do PPS/Cidadania, é o emissário de uma ‘criptonita’ – ou o que seja equivalente – enviada por WhatsApp em reação às declarações que transcrevi no artigo Deadpool de Gravataí tira a capa do PPS; é candidato a vereador?., dadas por Fernando Pacheco, que se traveste na personagem Deadpool, super-herói de Gravataí que ganhou o povo depois de aparecer no programa da Eliana, no SBT.
– A decisão que levou o Fernando Pacheco a se desligar do PPS é muito mais fisiológica do que ideológica! Sempre tratamos com o respeito e a atenção que o jovem merecia. Muito me desaponta ter um projeto tão sério, como é a construção do partido em Gravataí, tratado como “conto do vigário” e ter a nossa metodologia questionada. Sempre nos pautamos pela democracia interna e assim continuaremos. Lamento que o Fernando opte por estrear na política reproduzindo velhas e desprezíveis práticas. Sua companheira, Diulle Padilha Garin, foi recentemente nomeada em cargo de confiança no governo municipal na cota do PRB, partido para onde Fernando migrou em janeiro deste ano – teclou Luiz Felipe, que é morador da aldeia.
O Diário Oficial de 14 de janeiro confirma a nomeação de Diulle como Chefe de Setor no Banco de Alimentos, ligado à Secretaria Municipal da Família e Assistência Social, comandada pelo secretário Tanrac Saldanha, ex-vereador e um dos principais dirigentes do PRB. Você comprova clicando aqui.
Conforme o Portal Transparência da Prefeitura, pelo CC2, Diulle recebe um salário mensal bruto de R$ 2.473,27.
Ao Seguinte:, a celebridade local – que encantou leitores e telespectadores ao contar que sobrevive e paga a faculdade de educação física com a venda de pães caseiros, que ele mesmo prepara, comprando os ingredientes ou usando de doações, e depois vende em uma bicicleta com um baú e guarda-sol adaptados, revertendo 25 centavos de cada real que ganha para montar e doar cestas básicas para famílias carentes – tinha confirmado sondagens do PRB (da base do governo) e do PSD (de Dimas Costa, da oposição) e admitiu estudar a possibilidade de concorrer a vereador em 2020.
O artigo dividiu opiniões no Grande Tribunal das Redes Sociais. E, inevitavelmente aconteceu o que o nosso Deadpool não queria: ter sua trajetória comparada à do vereador Wagner Padilha (PSB), o Tô de Olho no Buraco, eleito na carona de Floriano Flor de Tuna, personagem que criou para criticar o governo e o prefeito Marco Alba (MDB), por quem foi processado, perdeu, se retratou e depois passou a apoiar em votações importantes.
– Não estou gostando das analogias me comparando com o Tô de Olho no Buraco. Tem muitas diferenças entre eu e o senhor Wagner Padilha, ao qual não tenho nada contra. Por exemplo: ele criou o personagem dele falando sobre política, batendo na política e criticando a política. O meu personagem não tem nada a ver com isso. É tão desleal essa comparação! Quando publica uma matéria como aquela, O dia em que Deapool virou um super-herói político, eu não consigo interpretar de outra maneira que não seja para me prejudicar – disse Fernando, criticando o colunista pela postagem do artigo à época.
Inegável que o Deadpool da aldeia começa a vivenciar as desventuras do mundo da política. Se já recebeu críticas negativas à possibilidade de se aventurar nas urnas no ano que vem (por internautas que consideraram seu trabalho solidário uma demagogia oportunista calculada para ganhar votos no futuro), é de se imaginar o que pensarão seus fãs ao saber, como conta o dirigente do PPS, que a namorada ganhou cargo na Prefeitura por indicação do partido que lhe assedia.
Para completar o 'Arma X' da aldeia, trata-se de um CC em um governo que fez Deadpool ser notícia até de motorista de Uber, quando viralizou um vídeo onde até chorou, reclamando de um atraque dos fiscais da prefeitura que proibiram sua padaria sobre três rodas de ficar parada na área central da cidade.
Parênteses: até por isso, aposto que o prefeito Marco Alba (que naquele agosto, apesar de seus fiscais estarem cumprindo lei municipal, foi transformado em uma espécie de Coringa das redes sociais, pelas críticas do bondoso e popular Fernando naquele agosto) nem sabe da nomeação da CC.
Mas, vamos lá. Muitos chamam ocupação de cargos em governos e parlamentos – em troca de adesões e apoios – de ‘velha política’. Oportunamente, muita gente usa e abusa desse discurso para ganhar votos, porque viraliza entre as milícias virtuais e agrada ao povo, que não gosta de assessores, que dá aos políticos a presunção de culpa e, ao fim, tem ódio da política – hoje um zumbi, para não dizer já morta.
Eu não penso assim. Para mim não existe ‘nova’ ou ‘velha’ política, e sim a política, onde nada mais justo que apoiadores, obviamente com os requisitos necessários para ocupar os cargos, sejam indicados para CCs. Não seria estranho indicar um gremista para diretor de futebol do colorado? É assim nas maiores democracias. Porém, sei que minha opinião é minoritária, não só por Gravataí ter dado sete a cada dez votos para o ‘mito’ Jair Bolsonaro, porque esse falso moralismo liga os lados destro e canhoto da ferradura, mas porque passamos por um era de destruição de reputações. Basta se meter na política para ser candidato ao linchamento virtual.
Ao fim, no Universo Marvel, o Deadpool original oscila entre o anti-herói e o vilão. Solidário e com toda pinta de bom moço, a experiência me diz que, ao se aproximar da política ‘com CC e tudo’, o Deadpool da aldeia vai experimentar um preço da fama que não conhecia ainda.
– Para mim, o super-herói virou vilão – dá a senha Luis Felipe Teixeira, do PPS-Cidadania.
O lobo é o homem do lobo.