Governador viaja nesta quarta para agenda de quatro dias com a comitiva gaúcha em Buenos Aires. Agronegócio, tecnologia e interação logística estão na pauta
O governador Eduardo Leite viaja com uma comitiva gaúcha à Argentina nesta quarta-feira, 26, onde fica até domingo em missão oficial. Na agenda, encontros políticos e com representantes de setores estratégicos da economia, como o agronegócio e a indústria de tecnologia, mas também com empresas como Aerolíneas Argentinas e a Mercado Livre.
Esta última, aliás, com a ‘torcida’ de Nova Santa Rita para que o diálogo com o Rio Grande do Sul seja retomado.
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A Mercado Livre é uma empresa argentina, um dos maiores players latino-americanos de vendas pela internet. Entre 2019 e 2020, negociou com o Estado a instalação de uma grande Centro de Distribuição em Gravataí, mas a discussão sobre incentivos fiscais freiou o negócio. O prefeito da cidade na época, Marco Alba, apontou o dedo para Eduardo Leite que não teria feito o esforço necessário para garantir a instalação do CD que mudaria a cara da região, consolidando o eixo da ERS-118 como polo logístico importante para o Rio Grande do Sul – o que, de fato, é vocação.
Leite topa um pacote de isenções à operação, mas a legislação em vigor tem restrições. Uma das dificuldades é que o avanço das operações comerciais pela internet foi muito mais veloz do que o poder de acompanhamento do Estado. Não há, por exemplo, um marco legal para oferecer benefícios tributários aos marketplaces e suas cadeia produtiva nos moldes como as plataformas como a Mercado Livre funcionam. Na prática, a Mercado Livre não compra o produto e revende; ela apenas ‘oferece’ pelo seu site. Quem vende, dá assistência e garantia é terceiro participante desse tripé, seja ele indústria ou pequeno comércio. No entanto, para facilitar o ritmo das entregas, a Mercado Livre opera com CDs espalhados pelo país e guarda a mercadoria destes parceiros comerciais. Quando o pedido é feito, fica mais rápido despachá-lo ao consumidor final. Garantir que o benefício fiscal chegue a essa cadeia de consumo complexa não deu certo em 2020, mas Leite parece disposto a rever a questão agora – discutir caminhos com a empresa nessa viagem a Buenos Aires é o primeiro passo.
É aí que Nova Santa Rita entra.
Não tenho informações confirmadas de que o plano Gravataí seja descartado, mas em caso de um ‘ok’ da Mercado Livre à retomada da mesa de negociação, Nova Santa Rita aparece como alternativa para instalação do famoso CD da empresa. A cidade já tem um polo logístico formado e bem consolidado no eixo BR-386/BR-116/BR-290. A proximidade com o aeroporto conta pontos. Facilidade rodoviária para se chegar ao Interior do Estado sem passar pelo nó que é Porto Alegre, também. Não à toa, a Amazon escolheu Nova Santa Rita para o seu primeiro CD gaúcho – o maior de que se tem notícia, aliás.
O prefeito Rodrigo Battistella, entusiasta da transformação de Nova Santa Rita com as gigantescas operações logísticas que a cidade sedia, faz fé, certamente. No entanto, o ex-presidente da Granpal, a Associação dos Municípios da Região Metropolitana, não pretende entrar em qualquer queda-de-braço com Gravataí ou qualquer outro município que seja pela graça da empresa. Como lembra um velho ditado que eu ouvia de um tio caçador, não é ele que sairá dando tiros para o alto a cada revoada que trincar o silêncio do céu que antecede negociações dessa natureza.
Mas se o marrecão cair morto por lá, vai para panela.
