O suplente Samuel Serra (PL) assumiu nesta terça-feira (11) uma cadeira na Câmara de Vereadores de Gravataí, no lugar de Mário Peres (PL), que se licenciou por motivos de saúde. Será a primeira experiência de Samuel como parlamentar, e o mandato tem duração inicial de 20 dias, podendo ser prorrogado por até 120 dias, conforme a licença do titular.
A posse foi oficializada pela Mesa Diretora da Câmara. Em pronunciamento, Serra destacou valores de “fé, família e educação” e disse encarar o desafio como “um ato de fé e responsabilidade”.
– Assumir uma cadeira na Câmara de Gravataí é, antes de tudo, uma grande responsabilidade. Entro com o compromisso de representar a cidade com seriedade e transparência, sempre defendendo os valores que acredito: a família, a fé e a educação – afirmou o suplente, que recebeu 822 votos na eleição municipal de 2024.
Graduado em Processos Gerenciais e cursando Licenciatura em História, Samuel iniciou sua trajetória pública aos 16 anos, ao reativar o grêmio estudantil da Escola Padre Nunes. Trabalhou na Assembleia Legislativa e na Câmara dos Deputados, e afirma ter colaborado na captação de recursos para Gravataí.
Reestreia política após polêmica de 2023
A posse recoloca o novo vereador no centro da cena política local, após sua polêmica exclusão da eleição para o Conselho Tutelar de Gravataí, em 2023.
Serra teve sua candidatura impugnada pela Comissão Eleitoral por problemas de documentação e propaganda irregular, após a divulgação de um vídeo com críticas à arte da Feira do Livro que mencionava o arco-íris e o slogan “Todas as Cores das Palavras”, o que gerou críticas de suposta homofobia.
Em setembro de 2023, publiquei no Seguinte: o artigo Não é homofobia crítica de candidato a conselheiro tutelar ao arco-íris da Feira do Livro de Gravataí? Como o senhor atenderia uma criança gay mutilada, Samuel?, onde questionei a postura do então candidato diante da diversidade.
O caso teve repercussão entre os conselheiros tutelares e entidades da rede de proteção, resultando em ofícios de repúdio do colegiado dos 10 conselheiros tutelares e do Conselho Municipal de Cultura, que cobraram respeito aos princípios do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).
Dias depois, conforme noticiado em Comissão Eleitoral do Conselho Tutelar impugna e exclui candidaturas em Gravataí, Samuel foi excluído oficialmente da disputa por descumprimento do edital e propaganda considerada “enganosa”.
Em abril de 2024, o ex-candidato se manifestou em carta aberta publicada pelo Seguinte:, que analisei em Após sete meses, candidato excluído de eleição para Conselho Tutelar de Gravataí se manifesta sobre polêmica de vídeo com suposta homofobia, na qual nega qualquer conduta discriminatória e defende sua “liberdade de expressão e fé cristã”.
No texto, afirmou que “jamais propôs crime de ódio” e que “todas as crianças devem ser atendidas com respeito, amor e cuidado”. Também alegou não ter tido direito à ampla defesa na exclusão e disse ter desistido de ação judicial que movia contra o Conselho.
Com o retorno agora como vereador, sob inevitáveis holofotes, Samuel Serra — filho de pastor, ligado ao deputado federal Bibo Nunes (PL) e morador do bairro Bom Sucesso — entra na Câmara sob o discurso de valores conservadores e da defesa de “uma cidade que protege suas crianças”.





