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O ciclo do vintage e a volta dos anos 90

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Tendências voltam, mas são reinterpretadas à luz do presente e do viável comercialmente. O Seguinte: recomenda e reproduz o artigo do Nexo

 

Desde 2016, a volta da estética da década de 1990 vem sendo noticiada e registrada em fotos de coleções e looks de celebridades. Coisas que você não via desde a última vez que assistiu à série “Confissões de Adolescente”, como sandálias de plástico, gargantilhas, plataformas, jeans com jeans e óculos escuros redondos estão de volta.

O “revival” dos anos 1990 extrapola a moda. Está no design, de forma mais ampla, e até na música: há festas exclusivamente dedicadas ao axé e ao pagode da década , sem contar a quantidade de discos de R&B, gênero marcante dos anos 1990, que fizeram parte das listas de melhores álbuns de 2016.

Para alguns, o retorno tem a ver com o fato de que os “millenials”, nascidos entre 1980 e meados da década de 1990, são a geração mais nostálgica já vista. Diversos mercados – desde o da moda, que trouxe de volta as plataformas à la Spice Girls, ao dos games, que resgatou a febre do desenho animado Pokémon com “Pokémon Go” – têm apostado nessa nostalgia.

“Tudo que diz respeito a estilo é cíclico”, diz Luciane Robic, Diretora de Marketing do Instituto Brasileiro de Moda, em entrevista ao Nexo, e pode ser resgatado de tempos em tempos. Para ela, é difícil determinar de quanto em quanto tempo uma coisa “volta”, o intervalo exato em que deixa de estar fora de moda para ser vintage e por que exatamente isso acontece. E não é só uma questão de moda: comportamento, questões sociais e temas que estiveram em discussão no passado se cruzam quando tendências são trazidas de volta, segundo ela. 

A definição de vintage dada pelo site “About” se aplica para peças que tenham entre 20 e 100 anos que remetam fortemente ao estilo de uma época. Apesar dessa demarcação, o conceito é fluido: cada época traz novos elementos para a categoria.

Qual é o requisito para que uma moda volte

Nem toda peça ou objeto tem potencial para ser revivido, segundo Robic. O retorno só se justifica quando o estilo é marcante. Além disso, a volta não é simplesmente uma cópia: costuma trazer atualizações tecnológicas e agregar aspectos funcionais mais contemporâneos. “Algumas coisas são muito consumidas em muito pouco tempo mas não se repetem por não serem simbólicas o suficiente para retornar”, diz. 

A volta de um estilo não traz necessariamente todo o “mobiliário” de uma época, exatamente como era. Segundo a diretora de marketing do Instituto Brasileiro de Moda, esse estilo do passado é reinterpretado no presente e há, além disso, a preocupação de que os produtos sejam viáveis comercialmente. Trata-se, afinal, de uma outra época, em que os corpos e expectativas estéticas – sobre o que é belo e o que cai bem – são diferentes.

O processo de resgate vem de várias frentes.  De um lado, os criadores (seja de coleções, de games, ou o DJ de uma festa) resgatam referências, trazem de volta a arte do passado e elaboram releituras. Há marcas que lançam a novidade – mesmo que a novidade seja relançar algo do passado – e empresas que a copiam.

Os “inovadores”, como define Luciane Robic, são pessoas ligadas às tendências e os primeiros a consumirem essas criações. A partir disso, com a ajuda da mídia, a tendência vai sendo aceita e disseminada, adotada por quem já viu ou ouviu falar muito de um produto. Esse “ciclo” do marketing está presente no consumo de outros produtos, como de tecnologia, por exemplo.

Historicamente, Robic data o consumo do vintage a partir do estilo dos anos 1950 e 60. As décadas seguintes também foram esteticamente marcantes, de suas roupas ao design de seus eletrodomésticos.

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