O empresário Ernani Piccoli não perde a oportunidade de, a cada análise que faço envolvendo Daniel Bordignon, bem identificar minha admiração pelo político. Reputo voltasse um dia o ex-prefeito como um ‘Jesus Cristo de Gravataí’ seria terrível para mim, como jornalista.
Seriam sempre relativizadas minhas críticas, ou elogios, já que, por esquecimento, ou conveniência, ninguém lembra que no tempo dos grandes lances do professor, quando suas partes baixas pesavam toneladas pela adesão quase unanime do público, e do privado, ele fosse ‘réu’ confesso: não lia minha coluna no diário Correio de Gravataí.
Ouvi – e muitos ouviram – isso dele. Irritava-o. Por isso, não lia.
Assim, por não ser covarde de acossar os fracos, dirijo-me a Bordignon, o líder maior, o maior currículo e legado, o ‘Grande Eleitor’, ao tratar sobre a aprovação do Orçamento de Gravataí para 2021 com os votos de seu PDT.
O partido aprovou zero por cento de reajuste para o funcionalismo. Sem torcida ou secação: certo ou errado, são os fatos, aqueles chatos que atrapalham argumentos.
Seria possível dar os 20% que o sindicato dos professores calcula como perdas acumuladas durante os governos de Marco Alba?
O atual prefeito sempre disse que não, e apresentou uma conta que mostra que, com as alíquotas complementares para pagar a previdência em dia, “deu” o reajuste, não em percentuais agora, mas no bolso dos servidores quando se aposentarem.
Quem disse “sim, dá para dar os 20%”, foi o PDT, durante o mandato de Rosane Bordignon como vereadora, o que ‘denunciei’ na série de artigos Emenda pede reposição a funcionalismo de Gravataí; riscos da demagogia, Nota do PDT insiste na demagogia junto a servidores de Gravataí, A oposição em Gravataí mexe na bosta seca, Dilamar defende Rosane de ’emenda demagógica’; eram 3 anos de silêncio e Anabel, Rosane e Bordignon abraçam ’emenda da demagogia, ou na campanha de Anabel à Prefeitura.
A professora prefeiturável apresentou sua fórmula dos 20% na semana da eleição, na live comigo ELEIÇÕES 2020 | Entrevista com Anabel. Foi além: explicou como reduziria o IPTU pela metade, o que também não consta na peça orçamentária que seu partido aprovou hoje.
Bordignon sempre ensinou: “Você governa como ganha a eleição”. Hoje aprendi que isso não vale para a campanha. Resta-me interpretar que o PDT se submeteu ao recado das urnas e, na votação do Orçamento 2021, aprovou a ‘ideologia dos números’ de Marco Alba. Não há nada feio nisso, é até bonito, porque talvez evidencie um momento da política local onde, no tradicional ‘GreNal da Aldeia’, o partido de Daniel Bordignon compreenda a gestão feita pelo partido de Marco Alba e conversem sobre o futuro de Gravataí.
Além de Rosane, no PDT – que é meu ponto de análise, já que o PSD e o DEM, que tinham como candidatos à prefeito e vice Dimas Costa e Evandro Soares, votaram contra – Dilamar Soares votou com o governo. Wagner Padilha foi o rebelde da bancada pedetista, votando contra, e, em mensagem que me enviou justificando: “mano, se eu era contra essa política na campanha, sigo contra agora”.
Instiguei Dimas:
– Experimentamos um momento político ‘isola Dimas’?
O vereador até dia 31 respondeu:
– Eu sigo onde as urnas me colocaram, na oposição. Perdi a eleição, mas nunca fiz demagogia prometendo 20% para o funcionalismo. Pergunte para quem se comprometeu com os servidores, e agora oferece 0% na Black Friday da política – respondeu Dimas.
– Se a estratégia é essa, me isolar na oposição, assino embaixo, porque concorri contra, e não a favor esse governo.
Ao fim, a experiência de mais de 20 anos de jornalismo me permite brincar: Quem é oposição? Bota o dedo aqui… Dimas! E ele não tem mais mandato, apesar de ter ajudado na eleição da companheira, Anna Beatriz da Silva.