me corta os tubos!

O dia em que eu quase explodi um avião…

Da série me cortem os tubos! Me aguentem ou…

Ontem à noite (domingo, 2/9) estava fazendo nada para não me incomodar com quem de fato manda em casa e dedicava-me – depois de assistir ao meu time empatar e se manter em segundo lugar na tabela de classificação do Brasileirão 2018 – a zapear um pouco pelos canais disponíveis na televisão.

A certa altura deparei-me com uma reportagem – na vênus platinada – em que a repórter se aventurava a um salto com paraquedas, de quatro mil metros de altura e umbilicalmente ligada a um instrutor, um profissional. Já em solo ela, a Renata Ceribelli, exultava por ter superado seus medos e pela experiência vivida, considerando-a fantástica pelo vento no rosto e a paisagem e tal…

Lembrei-me da minha paixão pelos ares, e comentei com a digníssima dona Cláudia Rodrigues que já voei em vários tipos de aviões e que alimento, ainda, embora já sexagenário, dois sonhos: saltar com paraquedas e voar em um destes jatos que a Força Aérea Brasileira, a FAB, tem aqui na base aérea de Canoas.

(Quem sabe, lendo esta coluna, alguém se sensibilize…)

Ah, não voei em helicóptero, também, mas este tipo de equipamento não me desperta interesse.

Dos voos que já fiz, alguns eu jamais vou esquecer.

Como em um planador, com um instrutor que tinha uns bons 80 anos. A aeronave, sem motor, tinha dois lugares. Eu fui à frente e ele no assento de trás, para que eu tivesse boa visibilidade e pudesse registrar tudo em fotos.

Depois da decolagem, com o planador sendo literalmente guinchado ao espaço por um monomotor, os dois se desconectaram a uma altura previamente combinada, parece que a uns 400 pés. Daí em diante foi só a habilidade do piloto em encontrar as melhores correntes de ar para manter-se nas nuvens.

E desfrutar! Ouve-se apenas o som do vento se atritando com as peças menos aerodinâmicas do aparelho. É uma sensação indescritível.

Já voei também em um aparelho com um só assento, o do piloto. Era um avião destes utilizados na pulverização agrícola. Claro que, como não sabia pilotar a máquina, dividi o banquinho com o cidadão possuidor do brevê, que é como a CNH que obtemos para dirigir veículos.

Pequeno detalhe: o cidadão, um experiente piloto, havia consumido algo como um litro de uísque até o momento em que deu partida ao motor do pequeno avião. Na minha opinião, voou excelentemente bem. Até posicionou o aparelho, lá em cima, no melhor ângulo para que eu fotografasse o alvo desejado, em terra.

Já fui levado aos ares em um aparelho de quatro lugares, em que pude até levar meu filho Diogo. O piloto era um engenheiro-agrônomo, Orlando Kerber, não sei se ainda vive. De volta ao campo de pouso, depois da missão que nos levou aos ares, ele até me entregou o comando do Cessna para que o pilotasse até quase a pista. O fiz com sucesso, tanto que estou aqui, escrevendo estas linhas.

Nos aviões grandes cheguei a voar pela saudosa Varig, para o Rio de Janeiro. Este meu primeiro voo foi em 1985 e, ao contrário do que muitos previram, não enjoei, não passei mal e nem dei vexame.

Curiosidade:

Tempos em que, no chamado “voo corujão” da Varig, entre a capital dos gaúchos e a dos cariocas, era servido jantar. Bife com arroz. Quentes. Em pratos de porcelana, copos de vidro e com talheres de metal.

Também peguei o tempo em que até bebidas alcoólicas eram servidas gratuitamente pelos comissários de bordo. Claro que eu não dispensava um uisquinho nas várias viagens que fiz até São Paulo, seja para o aeroporto de Guarulhos, Congonhas e até Campinas – neste caso quando ia para Sorocaba, pela companhia Azul, que me deixava na porta de casa (tinha transporte de ônibus a partir de Campinas).

Mas o caso mais louco em que me envolvi foi em um voo que deveria pousar em Guarulhos mas que aterrissou, antes, em Curitiba, esperando que uma tempestade danada sobre a capital paulista desse uma trégua e melhorasse as condições de aproximação e pouso.

Na pista, em Curitiba, os passageiros – e eu, claro! – não fomos liberados para ir ao terminal. Ficamos na aeronave, porém com as portas abertas. Alguns passageiros até foram à escada que havia sido colocada junto do avião. Como muito curioso que sou, também fui ver a pista desde a tal escada.

Na época eu ainda era fumante, e aproveitei para acender um cigarro.

Foi a senha para que a aeromoça ficasse com cabelos em pé e imediatamente chamasse o comandante. Não demorou e ele estava ao meu lado. Muito educadamente, ele sugeriu que eu apagasse o cigarro. Mais ou menos com estas palavras:

— O que é que o senhor está fazendo? Quer nos matar? O senhor sabe que uma fagulha deste seu cigarro pode explodir os 13 mil quilos de combustível que tem neste avião e nos mandar pelos ares?

Eu não sabia onde apagar o cigarro e já estava morrendo de vergonha. Quando ele terminou, a aeromoça já estava ao meu lado com um copo plástico, com água, para que eu jogasse o cigarro dentro.

Que mico!

Por essas e por outras que eu digo: Para o mundo que eu quero descer.

Ah, aproveita e me corta os tubos, por favor!

 

 

 

 

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