Da série me cortem os tubos! Me aguentem ou…
Aproveitando a onda da Copa do Mundo 2018 em que o escrete canarinho foi, digamos, vilipendiado, e mandado embora antes de erguer a taça de campeão, conto uma lá de 1970, quando muitos dos que estão lendo estas mal traçadas linhas, agora, sequer haviam sido cogitados, ainda.
Pois bem!
Recém eu tinha deixado o interior do interior. Morava em Cerro Branco, ainda distrito de Cachoeira do Sul, e meus pais tinham acabado de mudar para a “cidade grande”. De cara, fui estudar na escola mais próxima, o Colégio Getúlio Vargas. Acho que era municipal, à época.
O diretor era um alemão alto, meio calvo, que não tinha o mindinho e o “seu vizinho” – como me corrige a Joanna, o anelar – da mão esquerda. Parecido com alguém que foi presidente da república, recentemente, e que foi razão neste domingo de um estica e puxa do tipo solta-não-solta…
Não lembro o sobrenome dele, mas todos o conheciam como “seu” Hugo, ou professor Hugo. Outros o chamavam de “carrasco”. Por que será?
Certa feita, em uma aula de Educação Física, o seu Hugo juntou a gurizada. Éramos uns 30. Ele repartiu o grupo em dois times e apontou para um campo de chão batido, ao lado do colégio, onde quem estava atacando em um gol não enxergava quem estava na outra goleira.
A mim coube a função de meio campista. E eu lá sabia que raio era isso? Ele chegou e disse:
– Guri, tu fica plantado aqui! – e apontou um morrinho de grama no que deveria ser o campo, e que passou a ser meu referencial de localização.
Nunca mais sai do lado daquele morrinho.
A gurizada passava, a bola batia nas minhas pernas, mas eu não abandonava o morrinho. E foi assim o tempo todo. Placar? Nem tenho ideia, mas saí daquela aula convicto de que futebol não era minha praia. Nem reportagem ou analista tenho condições de ser, por falta absoluta de conhecimento sobre o que é um esquema tático ou de avaliar se o cara é mesmo um perna-de-pau!
Esta foi uma das minhas experiências futebolísticas. Juro que teve até um 13 a 1, mas isso é outra história, que conto em outra coluna. Por hoje, faço apenas este registro para homenagear o professor Hugo – que Deus o tenha e que ele tenha conseguido ser melhor treinador – e o Tite, tão querido e tão esforçado, mas que deixou faltar alguma coisa, imprescindível para que pudéssemos alcançar o ápice.
Ah, sobre o gol contra do Fernandinho, puxa o freio e para o mundo que eu quero descer. Aproveita e me corta os tubos!