RAFAEL MARTINELLI

O dilema da filiação do prefeito Zaffa: dizer sim ou não para o governador Eduardo Leite; Renato Carioca, Sofia em Auschwitz, o bang e o soluço

O prefeito de Gravataí Luiz Zaffalon está frente a um dilema: dizer “sim” ou “não” ao governador Eduardo Leite, que o convidou para se filiar ao PSDB.

O convite, confirmado por Zaffa em entrevista à Real News, ontem, foi feito em encontro nesta terça-feira, no Palácio Piratini.

Clique aqui para ler o post no qual o prefeito relata ter tratado de obras na ERS-118 (acesso da Centenário) e na ERS-020 (Neópolis).

Antes, minha barrigada. Reproduzo tuíte que fiz segunda-feira e, abaixo, sigo.

A reunião foi cancelada no mesmo dia. Já tinha gente com fichas de filiação ao PP nas mãos. A reunião de terça com o governador aumentou o mistério.

Fato é que Zaffa – hoje no que chamo de seu ‘bem-vindo à política!’ – calcula não apenas em qual partido será protagonista ou os fundos para campanha (aí o PP seria a melhor escolha, além da questão ideológica; leia em Prefeito Zaffa é o troféu que Celso Bernardi quer para encerrar 30 anos no comando do PP gaúcho; Os ‘cultos’ em Gravataí), mas agora também a possibilidade de investimentos estaduais em Gravataí que possam refletir em sua popularidade na busca pela reeleição.

Inegável é que a III Guerra Política de Gravataí – Zaffa x Marco Alba, pós Abílio x Oliveiras e Bordignon x Stasinski – exige estratégias, por mais que candidatos sempre falem tipo treinador, um Renato Carioca: “me preocupo com meu time, não com o adversário”.

Explico.

Zaffa no PSDB fere Marco Alba, porque o ex-prefeito e futuro adversário nas urnas tinha se reaproximado do MDB que tem Gabriel Souza como vice de Leite.

A deputada estadual Patrícia Alba tem votado com a base do governo nos principais projetos.

Zaffa no PSDB também fere a chapa Dimas Costa (PSD) & Daniel Bordignon (PT) e vice-versa.

Por mais que Dimas e Bordignon tenham pedido mais votos para Leite no 2º Turno do que Zaffa e Marco – que apoiaram Onyx Lorenzoni (PL) –, é inevitável que Dimas, hoje secretário-adjunto dos Esportes do Estado, do governo Leite, sofra pressão para sair do jogo ou, no mínimo, não se aliar ao PT de Bordignon, incontestável adversário do chefe, seja no pampa pobre ou em uma aventura presidencial pelo país do faturo.

Por outro lado, Zaffa fere seus bolsonaristas, ao se filiar ao partido de Leite; os motivos, mais ou menos nobres, recuso-me a explicar em detalhes. Ninguém que chegou até aqui na leitura deste artigo é idiota.

Já analisei em Zaffa nega acerto para filiação no PSDB de Leite, mas elogia governador: “É uma das maiores expressões políticas do país no momento. Moderno, íntegro, inteligente”; Eu te amo política! que o prefeito corre o risco de, ao aderir a um partido e um governador que napoleões de hospício chamam ‘comunista’, deixar a direita para seu ‘ex-Grande Eleitor’, Marco Alba.

Quem não fere ninguém é Leite que, ficando quieto, sem pressionar ninguém para concorrer ou não, em 2024 terá na quarta economia gaúcha uma eleição onde todos os candidatos serão do governo ou gritarão apenas o som do silêncio.

Ao fim, resta um dilema para Zaffa. Agora, depois que esperou o convite, dizer “não” ao governador é um fato político.

Dei barrigada no tuíte sobre a filiação no PP, é um fato. Comprei a garantia por já ter gente com ficha pronta para assinar. Ainda assim, como sou jornalista e não porta-voz, torcedor ou secador, não vou usar o ‘Printe & Arquive na Nuvem’ nesta pauta, mas arrisco que o partido do dia do prefeito é o PSDB.

Sobre os impactos na III Guerra Política da aldeia da decisão de Sofia em Auschwitz, conjuro Millôr:

“Nada como o passado para fazer você desacreditar no futuro. Folheiem qualquer revista velha. Parecia que ele estava ali, na esquina, radioso, no amanhã amanhã mesmo, não apenas maneira de dizer. Chegar não chegou. E ele nem se dignou mandar dizer por que não veio. O amanhã de ontem não se realiza hoje, e os conservadores, que esperam que o que vem seja igual ao que foi, se desiludem tanto quanto os renovadores, que pensam que o que vem será diferente de tudo que já foi. A nostalgia de uns é a angústia de outros, pois para ambos o futuro é um espaço, impreciso mas concreto, que podem vender pra sim mesmos e pra ouros crédulos, onde será possível viver a vida plena que uns tiveram no passado, ou encontrar a purificação dos males que sempre nos envenenaram. No futuro cabemos todos e cabe tudo, pois, sempre futuro, não pode ser cobrado ou conferido. Que fim levou 50, futuro de 40, e 60, futuro de 50, e como será 2000 e poucos, futuro dos futuros, isto é, de todos os passados? Talvez esse não chegue mesmo nunca. Só um imenso bang. Ou um soluço”.

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