Reputo um absurdo sanitário a liberação de funcionamento de academias, mesmo com 25% da ocupação, conforme as regras para ‘bandeira laranja’, classificação de Gravataí no distanciamento controlado do Governo do RS.
Já abordei o tema quando Cachoeirinha liberou, antes mesmo do comércio, em Miki e o exercício do erro; abrir academias antes do comércio não pega bem.
É ou não um contrasenso a cena de filme distópico que vemos diariamente, em Gravataí, com equipes de capacetes, macacões e lava-jatos higienizando paradas de ônibus, enquanto pessoas vão suar perto umas das outras, usando os mesmos equipamentos de ginástica?
Nesta segunda e terça, proprietários de academias (inclusive as de esportes de contato, como artes marciais, totalmente proibidos), além de entidades ligadas ao futebol e produtores de eventos se reuniram com o secretário da Saúde. Entre os pedidos, festas restritas, futebol e até a reabertura de piscinas.
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– Hoje os protocolos só confirmam que a diminuição da propagação do vírus se dá pelo distanciamento social. Há estudos que indicam que uma pessoa em atividade física pode lançar fluídos corporais a uma distância de 10 metros, isso impossibilita, neste momento, atividades como jogos de futebol – explicou o secretário, conforme matéria postada no site da Prefeitura.
Foi correto, Jean. Não alimentou falsas esperanças. Com contágio crescente – 10 casos em 12 dias de maio, 4 somente hoje – e uma ocupação de 70,5% das UTIs da Região Porto Alegre, da qual Gravataí faz parte, os indícios, são de que permanecer na ‘bandeira laranja’, e não avançar para a vermelha, é motivo de comemoração.
Sim, porque mesmo que para a mente e bolso pareça um ano abrimos após apenas 5 semanas, metade do que recomendam estudos aos quais se associa, por exemplo, o médico Eduardo Sprinz, chefe de epidemiologia do Hospital de Clínicas.
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Se Marco Alba não cometeu o erro político do prefeito de Cachoeirinha, que liberou academias 10 dias antes, fazendo bombar a indignação de comerciante, segue o erro sanitário do governador ao liberar parcialmente uma atividade não-essencial e com alto potencial de contaminação. Restringir mais que o decreto estadual, o prefeito poderia, conforme decisão do Supremo.
Façamos um exercício.
Mesmo com as recomendações de distanciamento e limpeza – previstos no Decreto Municipal nº 1252, ainda em vigor, e nas novas regras do Decreto Estadual nº 55.240 (do distanciamento controlado), que o prefeito anunciará as formas de adaptação em live às 12h30 desta quarta – é inatingível a garantia de segurança total de higienização dos equipamentos, com álcool, água sanitária ou sabão, a cada uso por um cliente, única forma de garantir segurança.
O suador é mais contagioso que Sogil com lotação acima dos 100% dos assentos ocupados e mais 25% dos passageiros em pé. O vírus SARS-CoV-2 pode ser transmitido por aerossóis do corpo.
– (o fechamento de academias) É uma boa medida de distanciamento social. Não é bom que tenhamos muitas pessoas ofegantes em um ambiente fechado, compartilhando os mesmos aparelhos – disse ao Grupo Abril o virologista Paolo Zanotto, do Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo (USP).
Como se propaga por gotículas respiratórias e pode contaminar halteres, equipamentos e vestiários, o vírus de fato pode se aproveitar das salas de ginástica para se disseminar.
– Em outras palavras, diante da pandemia, o ideal é evitarmos esses ambientes.
O Seguinte: publicou em Fazer exercícios físicos ao ar livre em meio à pandemia é seguro? Os riscos e cuidados necessários, que o distanciamento recomendado de um a dois metros anunciado por autoridades é muito efetivo para as pessoas que ficam paradas em um ambiente fechado ou em um aberto em um clima calmo, mas pode ser insuficiente quando você se exercita logo atrás de outras pessoas, segundo um estudo publicado pela Universidade Tecnológica de Eindhoven, da Holanda, e a Universidade Católica de Leuven (KU Leuven) da Bélgica.
– Se alguém exala, tosse ou espirra ao caminhar, correr ou andar de bicicleta, a maioria das microgotas são arrastadas na esteira ou no vaco atrás do corredor ou ciclista. A outra pessoa que corre ou anda de bicicleta logo atrás dessa pessoa se move através dessa nuvem de gotas – diz Bert Blocken, professor de engenharia civil das duas universidades.
O artigo intitulado Social Distancing v2.0: During Walking, Running and Cycling (distância social v2.0: durante caminhadas, corrida e pedalada) recomenda que os praticantes de caminhada devam manter pelo menos 4 metros de distância ao seguir outras pessoas, os corredores devem ficar a 10 metros de distância uns dos outros e os ciclistas rápidos devem andar com um distanciamento ainda maior, de 20 metros, de outro ciclistas para evitar passar através das “nuvens de gotículas” de outros pessoas que estão se exercitando.
Ao fim, é doloroso saber das dificuldades financeiras de proprietários de academias, que como todo comerciante nesta crise, também passam mal ao fazer levantamento de boletos e ficam cada vez mais sem ar com a chegada do dia do pagamento dos funcionários. Mas tratar o 'fitness', a arte marcial, a luta, o futebol e a piscina como ‘promotor da saúde’ é uma meia verdade, cuja metade mais próxima da mentira esconde o risco de ser ‘promotor da doença’.
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