Se o secretariado do governador eleito Eduardo Leite (PSDB) tiver alguém do partido em Gravataí será Francisco Pinho.
Atual secretário de serviços urbanos do governo Marco Alba (MDB), três décadas de mandatos como vereador, um ano e meio como deputado estadual e vice-prefeito entre 2013 e 2016, o presidente do partido é hoje o tucano da mais alta plumagem na aldeia.
Tucano, não pavão. Discreto, avesso às redes sociais, raramente dá entrevistas e é difícil tirar algo do experiente político de 68 anos e que foi um dos principais cabos eleitorais do falecido ex-prefeito e ex-deputado estadual Abílio dos Santos.
– Sondagem há, o que muito me orgulha, mas vou ficar em Gravataí – já corta.
O tamanho de Pinho ultrapassa as fronteiras da 59 e da freeway também pela proximidade com Lucas Redecker (PSDB), deputado federal cotado para assumir a casa civil e, ao lado do ex-prefeito de Viamão e coordenador geral da campanha, Valdir Bonatto (PSDB), uma das caras novas e poderosas da articulação do novo governo. Em Gravataí, Pinho ajudou Redecker a fazer 615 votos. E, durante a eleição, tirou férias e licenças não remuneradas para acompanhar Leite em viagens, principalmente pela região e litoral, onde mantém eleitores que em 2006 lhe deram parte dos 14 mil votos para assembléia legislativa.
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– Pode parecer loucura não participar do governo, mas temos planos para 2020 e preciso estar dedicado a Gravataí – explica aquele que é conhecido por ser um habilidoso construtor de partidos e sabe que, com o fim das coligações proporcionais, precisa enfrentar a próxima eleição com uma nominata completa.
Em 2016, o PSDB teve dois eleitos: Áureo Tedesco e Neri Facin. À época vice-prefeito, Pinho deixou o governo e articulou a indicação de Beto Pereira como vice da oposicionista Anabel Lorenzi (PSB), que ficou em terceiro lugar na eleição em que Marco foi o segundo e Daniel Bordignon o eleito. Com a anulação do pleito após a suspensão dos direitos políticos do ex-prefeito pelo trânsito em julgado da condenação pela contratação de mais de mil funcionários na prefeitura, Pinho recompôs com Marco, Áureo foi indicado vice e, ao vencer a eleição suplementar, renunciou à câmara e assumiu o mandato, abrindo vaga para Mario Peres – esse, investigado no caso da maconha, motivo de preocupação para o partido, que inclusive divulgou nota apoiando a apuração do escândalo.
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– A idéia é o PSDB estar numa chapa majoritária – resume Pinho, que projeta a possibilidade de concorrer a prefeito ou a vice e, depois, pendurar as chuteiras.
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Naquelas de que o diabo sabe não porque é o diabo, mas porque é velho, apressa-se para não antecipar turbulências manter preservada a relação com o governo e com Marco Alba:
– Confio no prefeito e ele confia em mim. Vou fazer o que puder para ser um interlocutor da prefeitura com o futuro governador.
Pelo menos até o momento, não é fakenews. O trato político entre Marco e Pinho é tranqüilo e sem meias palavras. A saída de Áureo para o MDB do prefeito – e o anúncio de apoio à reeleição de José Ivo Sartori – passou longe de ser uma crise. Foi combinada entre os dois. Marco queria Áureo e Pinho não, simples assim.
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Agora, se Pinho seguiu o folclórico conselho de Tancredo a um cotado para o ministério – “diga que te convidei e tu não aceitou” – só ele e Eduardo Leite sabem. Mas o que é uma certeza é que, como a cada eleição na última década, o político matreiro se prepara para em 2020 estar em qualquer mesa de negociação, seja para estar ao lado do governo ou da oposição.
Quem o conhece sabe que, em política, Pinho é daqueles que tira as meias sem descalçar os sapatos.
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