Estou participando dos debates que acontecem em Brasília no campus da UNB, dentro da organização do Fórum Alternativo Mundial da Água (FAMA) 2018. Começamos pela diferença que há em relação ao Fórum Mundial da Água (FMA) no processo de inscrição. No FAMA foi colaborativo, mas quem não tem recursos também pode participar de todos os debates. Liberdade que não há no FMA, onde o acesso é restrito ao poder monetário de cada um.
A presença de jovens tem sido um diferencial em todos os debates, nos alimentando para a continuidade das discussões sobre o tema da água, revelando uma geração sedenta de envolvimento naquilo que é seu destino.
Com a presença de vários atores de diferentes países conduzimos o debate sobre como trazer o tema água subterrânea para o dia a dia da sociedade. Com sala cheia e participação em 90% das falas, acredito que tenhamos atingido nosso objetivo.
A presença da procuradora-geral da República Raquel Dodge na abertura do FAMA, para escutar as manifestações e denúncias sobre os descasos, trouxe uma formalidade para abertura, visto que não houve 'mesa de abertura' e sim uma cerimônia ecumênica circular, pois todos nós que lá estávamos éramos tratados como 'autoridade'.
Porém, desde a abertura do FMA, para os que pagaram mais de 1350 reais de inscrição, as autoridades só são vistas por telão. E nem mesmo com esse alto custo é permitido acessar os tomadores de decisão que estão reunidos no Planalto.
Algo bem diferente da minha inscrição de 50 reais.
Este encontro do FMA tem o claro objetivo de disser que água é RECURSO monetário, e assim deve ser encarada, bem diferente de ser chamado simplesmente de ÁGUA, como um direito de acesso universal, como defendemos no FAMA.
Os donos da empresas multinacionais que já compraram a maioria das fontes de água mineral no Brasil acreditam que estamos dormentes, pois pagamos 3 reais por um litro de água, muito próximo do valor da gasolina, sem entendermos o processo financeiro que os diferencia.
Quanto mais fracassado o sistema de saneamento, mais a indústria das GARRAFINHAS se fortalece.
Sabia que vender água é mais rentável financeiramente do que investir na indústria do petróleo?
