RAFAEL MARTINELLI

O medo na GM de Gravataí após mais de mil demissões em montadoras de SP; “Bicho que morde lá, morde aqui”, alerta sindicato; A cegonha desgovernada da inteligência artificial

Sindicato promoveu assembleia com trabalhadores da GM de Gravataí nesta sexta

O medo das demissões estacionou entre os 5 mil funcionários da General Motors de Gravataí. Nesta sexta-feira, uma assembleia do sindicato dos metalúrgicos aprovou moção de solidariedade à greve nas montadoras de São Paulo.

– Acendeu o alerta laranja – disse ao Seguinte: o diretor Edson Dorneles sobre a vigília do Sinmgra desde as demissões por telegrama de mais de 1,2 mil funcionários das fábricas de São José dos Campos, São Caetano do Sul e Mogi das Cruzes.

Na mensagem enviada aos demitidos e para a mídia a GM justificou a redução do quadro de empregados alegando queda de vendas de carros no país e de exportações.

As demissões só teriam acontecido após a gigante automotiva tentar outras opções, como suspensão de contrato de trabalho, férias coletivas e um programa de demissão voluntária.

“Entendemos o impacto que esta decisão pode provocar na vida das pessoas, mas a adequação é necessária e permitirá que a companhia mantenha a agilidade de suas operações, garantindo a sustentabilidade para o futuro”, diz o texto, que informa que o “plano de restruturação” se restringe aos empregados das fábricas de São Paulo.

Mesmo que o Onix fabricado em Gravataí não tenha queda sensível em vendas, o futuro preocupa o presidente do Sinmgra, Valcir Ascari, apesar da nota da GM excluindo a montadora local do plano de demissões.

– Bicho que morde lá, morde aqui – alertou ao Seguinte:, nesta sexta.

O sindicalista elogiou “a mobilização, clareza e solidariedade” dos trabalhadores do complexo automotivo de Gravataí na aprovação da moção de apoio à greve.  

Ascari não teme apenas crises presentes, como a queda nas vendas, a possibilidade de implosão do Mercosul com uma vitória de Javier Milei na Argentina, ou uma perda de competitividade da GM caso a reforma tributária prorrogue até 2032 incentivos fiscais a montadoras do nordeste como o grupo Stellantis.

– Isso é só o começo. Um grande iceberg já começou a se movimentar: a inteligência artificial vai acabar com os empregos na indústria automotiva – prevê.

– Se no passado a metalurgia era emprego de pobre, hoje é da classe média. Se aos mais humildes já resta a precarização do trabalho, qual o futuro dos substituídos pela tecnologia? É algo que já vemos acontecer no comércio físico – conclui.

Ao fim, é um medo justificável, que também já convive com políticos – o prefeito Luiz Zaffalon (PSDB) entre eles – que tem alguma noção da cegonha desgovernada que representaria a GM pinotear de Gravataí, assim como aconteceu com a Ford no Brasil.

Gravataí arrisca se tornar um ‘favelão’.

Hoje a montadora, que nos últimos anos ficou tanto paralisada quanto operando, responde por metade do bilhão de orçamento do município.

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