Se não é fake news, ou direção de alguém que sabe como ninguém mexer com as emoções, fato é que salguei o rosto ao ler sobre o menino de 11 anos que vendeu latinhas por uma semana e doou todo o dinheiro conquistado para o único hospital de sua cidade, Antônio Prado, município de 13 mil habitantes na serra gaúcha.
“Ciente da pandemia do novo coronavírus e da luta dos hospitais para atender a demanda de pacientes, Leonardo Cambruzzi decidiu ajudar de alguma forma. Com a venda das latinhas, arrecadou R$ 21,45”, diz a reportagem, que demoli:
“Após entregar a quantia no Hospital, o garoto foi até uma rede social fazer um desabafo: disse ter sentido uma imensa alegria em ajudar, mas lamentou “ter juntado tão pouco”.
Na hora peguei o celular e liguei para Luiz Zaffalon, que comanda o Comitê de Solidariedade para o Enfrentamento do Coronavírus em Gravataí, e busca, além doações de cestas básicas para os pobres, arrecadar dinheiro vivo para comprar testes rápidos para detectar a infecção pela COVID-19.
– Começou a brotar. Está dando certo, EPIs, alimentos e dinheiro. De ontem para hoje uns 10 empresários me procuraram – disse, feliz.
Valores Zaffa não informou, ainda.
No artigo O perfil dos infectados pela COVID 19 em Gravataí; de 11 para 330 casos?, escrevi que “o prefeito Marco Alba aposta que o empresariado da quarta economia do Rio Grande do Sul, terra de GM, Dana, Prometeon, Pirelli, Digicon, TDK e outras gigantes da indústria gaúcha e brasileira, algumas turbinadas a incentivos fiscais ou não, vão ajudar a arrecadar pelo menos R$ 5 milhões para a compra de 30 mil testes. Sem a testagem em massa, é um voo às cegas – nas trevas”.
A regra de três que faço, um cálculo chato (é a empresa responsável por metade da receita de Gravataí), mas necessário, para dar a dimensão da coisa, é que se o Leonardo Cambruzzi juntou latinhas e doou R$ 21,45, a GM, cuja instalação ganhou R$ 1,7 bilhões em isenções fiscais do Rio Grande do Sul, poderia ‘devolver’ R$ 4 milhões.
Ao fim, espero que os gigantes de Gravataí ajudem. Quem está na precisão ou na miséria não quer saber das causas, quer a sopa.
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